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Garotinho dos cigarros de chocolate nunca fumou e fez 'Malhação'

Colaboração para Splash, em São Paulo

16/08/2022 04h00Atualizada em 14/02/2023 12h37

A notícia de que o Ministério Público de São Paulo pediu à Justiça a falência da empresa Pan (Produtos Alimentícios Nacionais) fez com que muitas pessoas logo lembrassem dos famosos cigarrinhos de chocolate. E como lembrar do produto sem pensar em Paulo Pompeia, responsável por estampar as embalagens da comida.

Paulo Augusto Cruz foi um grande ator e artista brasileiro, de múltiplas faces, e morreu em 2021. Iniciou a carreira no circo, aos 11 anos de idade, como artista circense, e deu vida ao palhaço Berinjela na cidade de Pompeia (SP), de onde acabou carregando o apelido por toda a vida.

Foi durante o mesmo período de sucesso do palhaço Berinjela, em excursões pelo Circo Garcia em São Paulo, que a Chocolates Pan, tradicional no ramo dos doces, resolveu lançar um produto que dava às crianças a sensação de imitar os adultos, que na época viam no hábito de fumar algo elegante.

O palhaço mirim Berinjela era bem carismático e chamou a atenção da empresa para conquistar o público infantil.

Obviamente, a empresa não daria cigarros de verdade às crianças, mas fez os doces com o mesmo formato e vendeu em embalagem que parecia um maço. A ideia fez sucesso, assim com a carinha de Paulo Pompeia estampada a cada venda.

Fama e escolha da profissão

Paulo Pompeia acumulou mais de 40 peças teatrais no currículo - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Paulo Pompeia acumulou mais de 40 peças teatrais no currículo
Imagem: Reprodução/Instagram

Após o sucesso com os 'cigarros de chocolate', Paulo passou a ser chamado para participar de mais trabalhos em circos, no rádio e também na TV.

Daí, ao passar da maioridade, aos 19 anos, finalmente Pompeia decidiu se mudar para a capital São Paulo, onde se dividiu entre a carreira na aeronáutica e o início dos trabalhos no teatro. Ser ator acabou vencendo.

A partir daí foram mais de 40 peças teatrais no currículo, sendo as mais famosas: "Lola Moreno", "Quase 84", "O Homem que Calculava", "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá", "Laços Eternos", e "Robinson Crusoé".

Na TV, Paulo trabalhou na Manchete, Record, Cultura, mas ficou mais conhecido por participações em novelas na década de 90 na Globo, como "Perigosas Peruas", "O Mapa da Mina" e "Malhação", em que interpretou o personagem 'Seu Santos' entre 1999 e 2001.

Já nos anos 2000, Pompeia apresentou o clássico "Telecurso 2000" e foi diretor executivo do Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculos e Diversões Públicas (Sated) de São Paulo. No cinema, também atuou nos filmes "Lula, o Filho do Brasil" (2009) e "Mário" (2018).

Afastamento dos palcos e falecimento

Com o avançar da idade, Paulo cada vez mais ia se afastando da vida artística e já frequentava há oito anos o Palacete dos Artistas, no centro de São Paulo, que acolhe artistas aposentados e que passam por dificuldades financeiras ou não têm moradia.

Segundo Paula Moura, sobrinha de Pompeia, ele se sentiu mal no apartamento em que morava, próximo a ela. Paulo ainda foi socorrido, mas morreu em decorrência de uma cardiopatia congênita, em 2021.

O ator não teve filhos durante a vida, mas deixou uma irmã, um irmão, além de seus sobrinhos.

Uma curiosidade: Apesar de sua fama ter começado pelos 'cigarros de chocolate', Paulo nunca fumou e nem gostava do doce, segundo ele mesmo informou, em 2017, em uma entrevista à Veja SP.