Menos de 365 dias se passaram e o terceiro e, até então, último filme da franquia erótica da Netflix chegou à plataforma. "365 dias: Finais" retoma a famigerada história de Don Massimo Torricelli, vivido por Michele Morrone, e sua esposa, Laura, interpretada por Anna-Maria Sieklucka. Os dois se apaixonaram depois que a jovem polonesa foi sequestrada pelo italiano mafioso. Sim, é um relacionamento que começou da pior maneira possível, mas qualquer tipo de questionamento ou discussão ficou para trás na narrativa.
A trilogia "365 dias" não veio para destrinchar uma controversa história de amor. Ela veio para entregar sexo ao público. Em nenhum outro momento foi prometido algo diferente. Quem procura os filmes encontra diversas cenas de transas quase explícitas, e está ótimo. Foi assim com o primeiro longa, lançado em 2020, no auge da pandemia do coronavírus, e com o segundo, que chegou em abril deste ano.
Não vou mentir, as expectativas estavam altas para o novo longa, que prometia entregar ainda mais sacanagem, delírios sexuais e sonhos molhados. Mas, para a tristeza dos fãs, não foi o que aconteceu.
Se o primeiro "365 dias" foi apenas um gostinho do que a produção poderia ser, com muito sexo, mas cenas mal gravadas e de qualidade questionável, o segundo, "365 dias: Hoje" mostrou que vale a pena dar uma nova chance para aquilo que não te surpreende na primeira vez. No entanto, "365 dias: Finais" prova que não adianta segurar: se você não gozar logo, o tesão acaba.
O novo título é como uma transa que se estende por mais tempo que deveria. Ao invés de ir direito ao ponto, mostrar a que veio e entregar o que todos esperam - sexo -, a produção coloca firulas inúteis à trama, que apenas arrastam uma história que ninguém se importa.
Com a memória ainda fresca das bonitas e bem coreografadas putarias que assistimos no filme anterior, chegamos ansiosos para receber mais. Logo no começo, porém, já ficamos decepcionados. São dez minutos de cenas sem nada. É como uma longa conversa de política antes do sexo: desinteressante, você só quer que acabe logo. O início é tão sem vontade que até mesmo a explicação de como Laura continua viva é dada como se não fosse nada demais.
"365 dias: Finais" se arrasta assim, com preliminares feitas de qualquer jeito e sexo morno. O holofote se volta ao amadurecimento da protagonista e como ela tem a difícil missão de decidir se fica com um italiano mafioso que a sequestrou, mas é muito bonito, ou se passa o resto da sua vida com outro italiano mafioso que mentiu para ela, mas também é muito bonito. Toda essa confusão de sentimentos acontece em locais paradisíacos e com uma fotografia linda, isso não dá para mentir.
No meio deste papai e mamãe sem graça, só há um momento memorável, que aparece para dar uma pequena apimentada nesse chove e não molha. Há uma cena em que os dois galãs, Michelle Morrone e Simone Susinna, estão juntos, sem camisa, dando prazer a Laura. Eles olham de maneira sexy para a câmera e começam a se beijar, com a jovem no meio de uma espécie de sanduíche sexual. Mas, tudo o que é bom dura bem pouco, e era apenas um sonho do qual acordamos logo no começo.
"365 dias: Finais" apostou em uma história sem apelo e deixou de lado o seu maior trunfo, o sexo. O filme se acomodou, não precisa mais te seduzir ou apimentar a relação. Agora, é como se já acostumamos com o nu dos atores e já estivéssemos vendo eles fazendo xixi de porta aberta. O relacionamento entre o público e a produção esfriou. Talvez tenha chegado a hora de encerrar e cada um seguir o seu caminho. Não é o que vai acontecer. Há uma única tentativa de manter a chama acesa: um final aberto. Grandes chances deste "365 dias" se tornarem mais anos e anos.
"365 dias: Finais" nos lembra que há transas que deveriam ter acabado há muito tempo, mas continuamos insistindo, postergando um orgasmo que nunca chega de verdade, para ver se melhora.
Mas, a gente sabe. Assim como na vida real, isso nunca funciona.
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