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Da Disney à rehab e overdose: Demi Lovato chega aos 30 anos limpa e feliz

Demi Lovato em foto de divulgação do clipe "Skin of my Teeth", do novo álbum "Holy Fvck" - Angelo Kritikos/Divulgação
Demi Lovato em foto de divulgação do clipe 'Skin of my Teeth', do novo álbum 'Holy Fvck' Imagem: Angelo Kritikos/Divulgação

De Splash, em São Paulo

20/08/2022 04h00

Demi Lovato completa hoje 30 anos e inicia um novo ciclo após 21 anos de vida artística, boa parte deles bastante conturbados. Da fama precoce na Disney à sua primeira rehab foram apenas dois anos. Em 2018, aos 25, Demi sofreu uma overdose que quase tirou sua vida. Mas hoje, aos 30, mostrou que como uma fênix está limpa, feliz, e novamente recuperada.

Para inaugurar a nova idade, a cantora acaba de lançar um disco em que deixa a sonoridade pop um pouco de lado e aposta no rock. Com seu novo "Holy Fvck", ela ainda se prepara para vir ao Brasil para uma série de quatro shows. Um deles, em 4 de setembro, marca sua estreia no Palco Mundo do Rock in Rio.

O país, que sempre abraçou a ex-estrela da Disney nos momentos bons e ruins, vai ser o primeiro a assistir o novo show da cantora. Outro momento histórico para Demi Lovato também será vivido aqui. Seu show em São Paulo, no dia 30 de agosto, será o primeiro com 30 anos.

Camp Rock e a fama

Estrela mirim, Demi começou a trabalhar como atriz aos nove anos de idade na série "Barney e Seus Amigos". Mas a popularidade mundial veio em 2008, aos 16 anos, com seu papel em "Camp Rock". A primeira passagem pelo Brasil aconteceu somente um ano depois, em 2009. Hoje, ela é reconhecida como uma das maiores cantoras do pop mundial. Demi Lovato tem oito álbuns de estúdio e estrelou mais de 20 programas de televisão.

Na série da Disney, a atriz e cantora viveu a protagonista Mitchie Torres, uma aspirante a cantora que tem como amigos os irmãos Joe, Nick e Kevin Jonas. Tanto o seriado, quanto o filme originado dele, foram um sucesso, conseguindo uma audiência gigantesca na estreia e garantindo, alguns dias depois, a trilha sonora para os fãs.

O início na música

Mesmo ao lado dos Jonas Brothers, Demi se destacava com um talento vocal impressionante para uma garota de sua idade. Tanto que, depois de alguns meses, ela lançou "Don't Forget", seu primeiro álbum solo.

O projeto alcançou a segunda posição na lista dos 200 álbuns mais vendidos dos Estados Unidos na primeira semana, vendendo mais de 530 mil cópias e tendo como hits "Get Back" e "La La Land".

Em 2009, após estrelar mais uma produção da Disney, Demi deu outro passo na carreira com "Here We Go Again", outro trabalho elogiado pela crítica e que foi sucesso de público.

No mesmo ano, Lovato impressionou ao deixar a fama mirim de lado e fazer uma participação especial em "Grey's Anatomy" como uma adolescente esquizofrênica.

O primeiro show da cantora norte-americana no Brasil aconteceu em maio de 2009, abrindo a apresentação para os Jonas Brothers no Estádio do Morumbi, em São Paulo, e na Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro.

Rehab aos 18 anos

Demi revelou que sofria bullying, depressão e distúrbio alimentar muito antes do sucesso, sendo internada em uma clínica de reabilitação aos 18 anos, em novembro de 2010, para tratar "questões emocionais".

A gota d'água foi agredir um membro da sua equipe após usar Adderall (medicamento proibido no Brasil muito usado para aumentar a concentração).

Em entrevista para a "Seventeen", a popstar relatou que teve bulimia, chegou a se machucar e ainda se automedicava com drogas e álcool para diminuir seu sofrimento — incluindo cocaína várias vezes por dia.

Durante o tratamento na clínica Timberline Knolls, ela contou que teve "basicamente um colapso nervoso" e foi diagnosticada como bipolar.

Em setembro de 2011, poucos meses após sair da reabilitação, Demi voltou para o mundo da música com o terceiro disco, "Unbroken", puxado mais para o pop e o R&B do que a face roqueira mirim que ganhou como atriz da Disney.

O single principal do trabalho, "Skyscraper", falava justamente sobre como ela conseguiu se levantar e enfrentar seus desafios, virando de imediato um sucesso comercial e ganhando o prêmio de Melhor Vídeo com Mensagem da MTV Awards.

"X Factor" e mais sucesso

Recuperada e planejando mais um trabalho inéditas, a cantora entrou para o time do "X Factor" ao lado de Simon Cowell, Britney Spears e L.A. Reid.

Em 2013, o site TMZ relatou que Demi Lovato não ingeria álcool de jeito nenhum para evitar ter alguma recaída.

Enquanto isso, "Demi" estava no forno, definindo a jovem de 21 anos como uma das mais promissoras cantoras da sua geração. Ela passou novamente pelo Brasil em 2014 na maior turnê até então em terras tupiniquins, com sete shows em capitais, tendo destaque no Z Festival.

"Confident" veio em 2015 com os singles "Cool for the Summer", "Confident" e "Stone Cold", sendo nomeado para o Grammy e conquistando a lista de dez discos mais ouvidos em dez países.

Para promover o álbum, Demi passou pelo Brasil para um show transmitido ao vivo pelo Facebook e que está completo no canal do YouTube da popstar.

Cinco anos sóbria

Em 2017, comemorando cinco anos sóbria, Demi Lovato liberou um documentário falando abertamente sobre sua vida, inclusive os problemas pelos quais passou nos anos anteriores. A cantora revelou que usou cocaína pela primeira vez quando tinha 17 anos nos bastidores do seu programa no Disney Channel.

"Eu fiquei com medo, porque minha mãe disse que seu coração poderia parar. Mas eu fiz e eu amei", contou a estrela. Ela também informou que começou a perder o controle quando fazia turnê com o "Camp Rock". Em um dia, durante uma festa em um hotel, a então adolescente usou Adderall e agrediu um dançarino.

Ela lembra no documentário que o tratamento na reabilitação, aos 18 anos, não foi como planejado e que um dia ela chegou a misturar cocaína e Xanax. "Eu comecei a engasgar um pouco. Meu coração acelerou, e eu lembro de pensar: 'Meu Deus, estou tendo um ataque agora".

A última passagem da cantora pelo Brasil foi no VillaMix Goiânia em 2017. O disco "Tell Me You Love", chegou aos fãs no mesmo ano com "Sorry Not Sorry" e a faixa título como sucessos nas paradas.

2018, o ano que quase não acabou

Em 21 de junho de 2018, a artista lançou "Sober". Na música, Demi Lovato canta sobre ter voltado a consumir substâncias e pede desculpas a familiares e amigos, prometendo se recuperar.

Um mês e três dias depois do lançamento da canção, em 24 de julho de 2018, Demi foi encontrada inconsciente em seu quarto e levada para um hospital em Los Angeles.

Depois de seis anos sóbria, ela voltava a se drogar e passava a lidar com as dependências de heroína e crack.

Eu experimentei coisas que nunca tinha tomado. Metanfetamina, junto com MDMA, cocaína, maconha, álcool, oxicodona... Só isso já deveria ter me matado
Demi Lovato

Tudo isso foi relatado no documentário "Dancing with the Devil... The Art of Starting Over", que posteriormente viria a ser o sétimo álbum da carreira dela.

Em decorrência da overdose, Demi sofreu três derrames e uma parada cardíaca, além de pneumonia e falência múltipla dos órgãos. Ela precisou que seu sangue fosse filtrado e até hoje lida com sequelas no cérebro e problemas de visão, que a impedem de dirigir.

Acho que as pessoas não percebem como a situação foi ruim de verdade. Eu tenho muita sorte de estar viva
Demi Lovato

No mesmo documentário, a cantora ainda explicou que se identifica como parte da comunidade LGBTQIA+ e queria explorar esse outro lado, vivendo experiências que não se permitia quando era mais nova e tentava se encaixar em padrões de comportamento.

Mudança de pronomes

Em maio de 2021, Demi Lovato declarou preferir os pronomes "they/them" (eles/deles, em tradução literal), que podem se referir a homens, mulheres ou pessoas não-binárias — que não se identificam como nenhum dos dois. Mas em abril deste ano ela incluiu novamente os pronomes she/her (ela/dela, em tradução literal) na sua descrição do Instagram.

Apesar de ter voltado a aceitar o uso dos pronomes femininos, isso não significa que Demi deixou de ser uma pessoa não-binária, já que os pronomes neutros também permanecem nas suas redes sociais.

*colaborou Rodolfo Vicentini