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Renato Góes diz ter sofrido xenofobia na carreira: 'Falam do sotaque'

Renato Góes interpreta Tertulinho em "Mar do Sertão" - Globo/Ronald Santos Cruz
Renato Góes interpreta Tertulinho em "Mar do Sertão" Imagem: Globo/Ronald Santos Cruz

De Splash, em São Paulo

21/08/2022 10h49Atualizada em 21/08/2022 11h20

Após o sucesso como José Leôncio na primeira fase de "Pantanal" (TV Globo), Renato Góes volta às novelas como o vilão Tertulinho de "Mar do Sertão" (TV Globo).

Ele diz que o último trabalho ainda está na boca do público, ainda que ele já tenha passado por uma transformação para interpretar o garanhão da novela das 18h: perdeu cerca de 8 quilos e mudou o cabelo.

"Para esse [trabalho] eu emagreci bastante, para mudar o corpo que estava de peão. Não tenho nenhum tipo de cuidado e vaidade com a beleza que não seja voltado para o personagem", conta em entrevista ao jornal Extra.

Pernambucano, o ator celebrou o fato de o elenco da trama ter cerca de 20 atores nordestinos.

"Ninguém mais quer ver essa cegueira seletiva, essa acomodação de deixar tudo como está. Já era hora de a teledramaturgia fazer isso. A gente está vendo reflexos de uma batalha de anos, mas ainda existe um caminho muito longo a ser percorrido para mais mudança", disse.

"O fato de ser nordestino sempre foi um problema em relação a piadas, brincadeiras... Falam do sotaque, da forma de vestir, brincam com a forma que você chama o nome das coisas. Conviver com isso sempre foi um problema. Até hoje ainda vejo uma forma pejorativa de nos tratarem", relatou.

Góes diz que seu início no audiovisual coincidiu com uma crescente do cinema nordestino. Isso o fez ouvir alguns comentários desagradáveis.

"Perguntavam de onde eu era, e, quando eu dizia que era pernambucano, tinha uma coisa de 'Ah, vão dominar tudo', 'Mais um', 'Vocês estão querendo tomar tudo'", contou.

Naquela época, ele sentia que conseguia participar de produções que tinham a temática do nordeste.

"Era muito rotulado e só éramos escalados para fazer um trabalho de nordestino. O pior disso é que personagens nordestinos eram muito ocupados por pessoas do sudeste. A gente ficava numa de ficar implorando para fazer um papel que cabia a nós. E os que cabiam a nós éramos interpretados por outros".