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Repórter que já foi ameaçada por seguranças de Bolsonaro deixa a CNN

A repórter Carla Bridi - Reprodução/Instagram
A repórter Carla Bridi Imagem: Reprodução/Instagram

Colaboração para Splash, em São Paulo

24/08/2022 23h43

A repórter Carla Bridi anunciou, hoje, que está deixando a CNN. No Instagram, a jornalista contou a novidade e agradeceu a oportunidade que a emissora lhe deu.

Carla ainda contou que começará um novo trabalho na AP News, em Nova York (EUA), como correspondente em Brasília.

"A CNN Brasil me trouxe a oportunidade de ser uma repórter de televisão (aquele sonho de infância que vira realidade) e, como se não fosse o suficiente, de fazer parte da imprensa que cobre política nacional na capital do País. Até jornal eu cheguei a apresentar", iniciou ela.

"Hoje um ciclo se encerrou, mas levo pra sempre comigo a experiência de ter visto uma TV nascer do zero. Sou só gratidão. Começo agora uma nova etapa na AP News como correspondente em Brasília para os gringos. Evoé", escreveu ela na rede social.

Relembre o relato de Carla sobre supostas ameaças de seguranças do governo

Carla Bridi relatou, em maio do ano passado, ter sofrido ameaças por parte da segurança do governo no Palácio do Planalto.

Enquanto tentava seguir o comboio do presidente Jair Bolsonaro (PL), ela disse ter sido intimidada por um segurança sem máscara de proteção contra a covid-19. No momento, ele ainda teria colocado a mão em cima da própria arma. O relato da jornalista foi feito no Twitter.

Ao entrarmos no carro da emissora para tentar seguir o comboio presidencial, gritaria - segurança sem máscara começou a nos ameaçar, colocou a mão em cima da arma. Dois colegas de outros veículos foram ameaçados por outro segurança - esse de fato tirou a arma do cinto

-- Carla Bridi (@acarlabridi) May 2, 2021

Ela ainda contou que o segurança disse que anotaria o nome da equipe — o que ela se recusou a passar. Além disso, também houve hostilização por parte dos apoiadores do presidente.

Por fim, um dos apoiadores usou os piores palavrões pra se dirigir à imprensa. E ele estava longe de nós. Quando passou por nós, nem olhou na cara. Tava acompanhado da filha, uma criança que aparentava ter 8 anos. Que tipo de educação vai passar pra essa menina, só Deus sabe

-- Carla Bridi (@acarlabridi) May 2, 2021

"Em resumo, hostilização por parte de seguranças e apoiadores do Presidente, em pleno domingo de plantão. No fim, um outro segurança foi chamar atenção do apoiador que nos xingou. E pediu pra que não fizéssemos matérias sobre a confusão. Em troca, não iria anotar nossos nomes", finalizou Carla.

Na época, a emissora se manifestou por meio de uma nota em relação ao tratamento dispensado à repórter.

"A CNN Brasil repudia intimidações a jornalistas e ameaças à liberdade de expressão, e defende a imprensa independente, garantida pela Constituição, como um alicerce do estado democrático de direito", dizia o texto.

Procurada pelo UOL, a Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social) afirmou que foi cumprido o protocolo de segurança existente para esse tipo de evento no Palácio do Planalto, e que a versão publicada por Carla Bridi "distorce o fato ocorrido e carece de credibilidade."

"Os profissionais de imprensa e os apoiadores do Presidente têm ciência de que, na iminência da sua entrada ou saída do Palácio Alvorada, bem como após suas palavras ao público presente, todos devem aguardar a saída do comboio para se movimentarem", dizia o comunicado.

O órgão reforçou que alguns repórteres julgaram "erradamente" que o presidente sairia do Alvorada, e que por isso os agentes "corretamente executaram as normas vigentes."