Badauí, do CPM 22, defende protesto contra governo em show: 'Fere artistas'
Em setembro de 2015, os integrantes do CPM 22 subiram ao palco do Rock in Rio pela primeira vez. Quatro anos depois, a banda de rock retornou ao festival ao lado do Raimundos. Os elogios da crítica e do público após as duas apresentações podem ter sido decisivos para a banda de rock ser convidada novamente para a edição 2022, diz o vocalista, Fernando Badauí, em entrevista a Splash.
A banda se apresenta no dia 8 de setembro e promete um show "no estilo CPM": uma música atrás da outra, muito punk rock e sucessos. Para o músico, os protestos políticos contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), a partir do palco e do público, são esperáveis, uma vez que a ideologia do atual governo "fere artistas", nas palavras dele.
"Está claro o que acontece atualmente no país, né? A extrema-direita radical do poder tem ideologias que ferem muito os artistas. Então, quem gosta de música, é natural se manifestar... Do mesmo jeito que, em uma democracia, eu tenho de ouvir os argumentos do outro lado, dos apoiadores do atual governo, acho legítimo as pessoas se expressarem como elas querem", argumenta.
Badauí ainda vê a reação de parte dos artistas como parte da história, com a lembrança do passado sombrio da censura durante a ditadura militar.
"Artistas do rock, além de artistas da MPB e da TV, tiveram um papel fundamental durante a ditadura. Então, está muito vivo na nossa memória. É um passado bem recente. Artistas que lutam por uma cultura melhor, uma cultura mais subversiva, por exemplo, tem um trauma de qualquer resquício de repressão em forma de governo", afirma.
"O artista é um cidadão brasileiro como qualquer outro, só que tem o poder do microfone. Cada um tem o direito de se expressar da maneira que acha que deve. Faz parte do do contexto da música, principalmente das bandas mais de rock, né?"
'Frescura' das bandas gringas
Badauí ainda detalha que os pedidos do CPM 22 nos bastidores do evento são básicos, nada fora do comum ou extravagante como os de algumas bandas internacionais.
"Em relação às bandas internacionais, tem muita coisa que é lenda, mas realmente tem muita frescura. E eu vejo, inclusive, em bandas nacionais... Isso não combina mais, né? A gente pede o básico: água à vontade, cerveja, pouquinho de comida, uma toalha para cada um porque a gente sua muito no palco", revela.
Recentemente, o jornalista José Norberto Flesch afirmou que a banda Guns N' Roses pediu 12 camarins, 250 toalhas, duas massagistas e rosas vermelhas e brancas.
Para o vocalista, o show vai ser especial por marcar o retorno do festival após o período de pandemia.
"Acredito que vai ser uma carga de emoção muito grande, assim como tenho visto na estrada em todos os lugares que passo nos últimos meses. Isso vai acontecer porque você vai juntar muita gente em um propósito positivo, que é o festival com bandas gringas consagradas e bons nomes nacionais", conta.
"O show de uma banda em um festival tem que ser uma confraternização e um apanhado de vários discos. Não tem como fugir disso, nem queremos", diz.
Palco Mundo do Rock in Rio
Além do CPM 22, o Palco Mundo ainda vai receber as bandas The Offspring, Maneskin e Guns N' Roses no dia 8 de setembro. Em outros dias, nomes como Justin Bieber, Coldplay e Dua Lipa também sobem ao palco. Para Badaui, a diversidade de atrações é algo positivo.
"Isso é bom porque há interação. A gente pode mostrar o nosso tipo de música a pessoas que estão acostumados a ouvir outros estilos", pensa.
Nova Ivete?
Terceira apresentação nas últimas quatro edições do festival, ele se diverte quando a banda é comparada a Ivete Sangalo, cantora que já se apresentou em 15 edições do Rock in Rio — contando com as edições realizadas fora do país.
"Quem dera. Deixa a rainha lá. Ela tem os méritos dela, por isso, que ela passeia pelos maiores festivais. Comparar a gente nesse sentido de número de participações é o melhor que pode acontecer pra gente", responde.
"Fico muito contente de estar tocando pela terceira vez em sete anos. A gente tem participado de quase todas as últimas edições. Isso demonstra como a banda é recebida pelo público do do Rock in Rio. É um festival com bandas internacionais e consagradas. Então, uma banda brasileira conseguir ter essa recepção forte do público, ajuda a gente não só dentro do próprio festival, mas também no restante do ano em outras cidades", diz.
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