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Márcia Imperator deixa o pornô: a diferença entre erotismo e pornografia

Marcia Imperator deixou de produzir filmes pornográficos - Instagram/Reprodução
Marcia Imperator deixou de produzir filmes pornográficos Imagem: Instagram/Reprodução

Tiago Minervino

Colaboração para Splash, em Maceió

27/08/2022 15h36

Um dos grandes nomes da indústria do entretenimento adulto brasileiro, Márcia Imperator deixou de produzir conteúdos sexualmente explícitos em filmes adultos para se dedicar à comercialização de um produto mais erótico em plataformas como o OnlyFans.

Em entrevista à Quem, a ex-atriz pornô contou que hoje em dia quem paga bem são as plataformas de venda de vídeos e fotos, por meio das quais é possível comercializar conteúdos personalizados, da forma como os assinantes desejam e, claro, pagam mais caro por isso.

Em outras palavras, as produtoras de filmes pornográficos já não são mais a galinha dos ovos de ouro dos que desejam adentrar neste ramo do entretenimento, mas, sim, o OnlyFans — a ex-BBB Clara Aguilar, que trabalha com o mercado do sexo, falou sobre essa mudança na indústria de filmes +18 em entrevista.

Conforme Imperator detalhou, sua renda atual é proveniente da venda desses produtos. Ainda, ela frisou que não tem problemas em atender os desejos dos fãs e em postar conteúdos bastantes provocativos, porque "é isso que os assinantes gostam".

Mas qual é a diferença entre pornô e erótico?

Para início de conversa, é preciso destacar que é tênue a linha para distinguir entre o que é erótico e o que é pornográfico. Porém, foram estipulados critérios que ajudam a diferenciar os dois termos, embora ambos se configurem como representações culturais do prazer: o erotismo goza do privilégio de obter maior receptividade da sociedade, enquanto o pornográfico é visto como pernicioso e indecente, mesmo que às escondidas seja avidamente consumido por milhões de pessoas diariamente.

Etimologicamente, pornô e erótico são termos que derivam do grego: o primeiro, "pórne", tem em sua raiz um viés machista, ao se referir à figura da "prostituta", da "profissional do sexo", aos "costumes da prostituição"; o segundo, "erotikós", simboliza aquilo "que tem amor, paixão ou desejo", cujo foco está na exploração da sensualidade, sem a obrigatoriedade de ser explícito, como a pornografia tende a ser.

Contudo, embora possuam conceitos distintos, o pornô e o erótico encontram similaridades entre si ao levar em consideração a finalidade dos atos: provocar em outrem o desejo sexual, seja pelo imediatismo e a explicitude, sem ambiguidades, — "pórne"; ou pelo estímulo à sensualidade — "erotikós".

Na contemporaneidade, embora falar sobre sexo ainda seja tabu, é verdade que o tema não esbarra mais em premissas moralistas de vieses religiosos que viam no sexo apenas o intuito da procriação. A partir desse contexto, com a compreensão de que o sexo se constitui um ato de intimidade prazerosa entre pessoas, que pode se dá de forma individual, em dupla ou coletiva, surgiram conceitos diferentes para explicar as formas diversas de provocar a libido.

Maculada pelo capitalismo, cujo principal característica é o consumo exacerbado, sobretudo na era digital, que preconiza o imediatismo, a indústria pornográfica encontrou uma ótima forma de se proliferar e atingir os diversos públicos, por meio de conteúdos que, sem moralismos e julgamentos, têm o intuito de explorar a devassidão sexual, a obscenidade e a indecência ao fazer uso da linguagem corporal em sua completa explicitude. Características inerentes a esses filmes voltados para o público +18, bastantes rentáveis para as produtoras.

O erotismo, por conseguinte, que dentro da mitologia representa Eros, o deus grego do amor e da paixão, tem na sensualidade o principal meio para provocar naquele que consome esse tipo de conteúdo o desejo, a excitação, além de aguçar a imaginação de cada um individualmente.

Diferentemente do pornô, o erotismo não tem unicamente a premissa do consumo, do comércio, do capitalismo. Se a pornografia é explícita e imediatista, o erotismo é predominantemente sensual, provocativo, imaginativo, a inspiração para artistas e escritores renomados ao longo dos séculos. Em suma, o erótico é considerado a poesia do sexo.

Nos últimos anos, houve uma explosão de livros e películas que exploram a imaginação pornográfica dos leitores e espectadores, impulsionados sobretudo pela trilogia "Cinquenta Tons de Cinza", escrita por E. L. James, adaptada para as telonas com os atores Jamie Dornan e Dakota Johnson nos papéis principais.

Obviamente, James não é a pioneira no assunto, mas foi ela a responsável por reacender a chama que estava baixa. Hoje em dia, temos na franquia de sucesso "365 Dias" um exemplo de sucesso para o que é considerado erótico na cultura pop.