Christina Rocha: 'Abri portas para refletir sobre homofobia e machismo'
Christina Rocha assumiu o comando do "Casos de Família" em 2009 e permaneceu à frente do programa vespertino por 13 anos. A atração que aborda conflitos familiares diariamente nas tardes do SBT será interrompida no próximo dia 7 de setembro. A iniciativa partiu da emissora e pegou a apresentadora de surpresa.
Em conversa com Splash, Christina comenta que se sente "em paz" ao olhar para a trajetória do programa e comenta o que acredita ser mais positivo em sua história: abrir portas para discutir temas sérios da sociedade, como a homofobia e o machismo.
"Abri portas para as pessoas refletirem sobre homofobia e machismo na TV. Para as pessoas refletirem: 'qual é o pecado do meu filho ser homossexual ou transexual?' A Anahy (D'Amico), minha amiga psicóloga, e eu tentamos mostrar que o mais importante é o caráter, é o amor que a gente tem... Graças a Deus, sou super querida no meio LGBTQIA+ por abrir portas. Quando digo eu, estou falando de toda a equipe do programa", diz.
"É diferente de você fazer uma reportagem sobre a homofobia, isso é bacana, mas no 'Casos de Família', a gente batia de frente com os conflitos o tempo todo. Ficava cara a cara com o homem machista que acreditava ser o dono da mulher. O Casos de Família mostrava todo dia as pessoas abusadas e quem abusava. Tinha meme, a parte engraçada, mas era pesado para quem fazia. Era porrada e eu fazia terapia por isso", completa.
Nesses 13 anos a frente do programa, Christina viu muitos memes serem feitos a partir das situações engraçadas que alguns conflitos proporcionavam. Ela conta que isso não era um problema. O que não lhe agradava eram as acusações de que as histórias contadas no vespertino eram forjadas.
"O que me incomoda é dizer que o programa é armado, é menosprezá-lo. Tem gente que gosta de ver só programa leve, de ver as Kardashians, e não ter contato com os problemas do dia a dia. E respeito quem não gosta desse tipo de programa, mas me incomodava a falsidade e demagogia de pessoas que diziam que as situações não aconteciam. Mas acontece independente da classe social", pensa.
Era taxada de barraqueira, tinha gente que falava que o programa era armado. Eu tinha que estar inteira para aguentar os julgamentos... E eu nunca interpretei nenhum papel. O que mostro no 'Casos de Família' é o que eu sou no dia a dia.
E o futuro?
Em nota, o SBT afirmou que o programa pode retornar em 2023. Christina não sabe se o programa, de fato, voltará ao ar. O que ela sabe é que quer se reinventar e o caminho pode ser a criação de um podcast.
"Quero fazer outras coisas. Além da TV, quero fazer podcasts e ter o meu. Estou vendo com o pessoal que me assessora. Não quero ficar fazendo a mesma coisa o tempo inteiro. Ficar muito tempo na TV é legal, mas me sentia acomodada", pensa.
Mas é preciso fazer uma pausa momentânea. Após a suspensão do "Casos de Família", Christina conta que quer descansar, colocar as ideias no lugar e planejar ideias diferentes. Ela não quer ser vista apenas como "a Christina do Casos de Família"
"Agora, quero parar para descansar porque estou no 220 volts, principalmente nesta semana de muita adrenalina. A cabeça da gente mexe. Toda mudança assusta, mas é legal e faz você sair da casinha. É um mix de sentimentos, mas estou tranquila e leve", diz.
"No Casos de Família, eu estava sem criatividade porque era um programa de formato fechado. Não tinha muito o que criar, não tinha para onde correr. Além de ser um programa que cansa muito mentalmente por causa dos conflitos. Estava na hora de dar uma reciclada. Tudo tem hora certa para acontecer e é normal as coisas ficarem saturadas mesmo.
Reinvenção aos 65
Christina começou a carreira na década de 1980 como apresentadora de telejornal. Durante o papo com Splash, recordou o período em que apresentou o jornal policial "Aqui e Agora" entre 1991 e 1996.
"Na quinta-feira, estava vendo o documentário da Daniella Perez na HBO e eu apareço várias vezes dando a notícia no telejornal no Aqui Agora. Minha bagagem na TV é grande, mas ainda tenho muita coisa para mostrar nas telinhas. Tem coisa que não fiz e gostaria de fazer. Quero me reinventar", conta.
A apresentadora diz que não pensa muito sobre a idade, mas ela comemora chegar aos 65 com saúde física e disposição.
"Tenho uma vida física bacana, montar a cavalo não é um esporte que qualquer um faz. Faço provas de 80 km e 120 km. Em relação à capacidade física, estou inteirona. E eu me cuido, sou uma pessoa vaidosa porque quero envelhecer legal. Mas a idade não pode ser um limitador. Hoje, graças a Deus, uma mulher de 60 anos não está sentada numa cadeira fazendo tricô como a gente imaginava antes", finaliza.
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