Em 2017, a Amazon desembolsou cerca de US$ 250 milhões pelos direitos de produzir uma nova adaptação de "O Senhor dos Anéis". Na época, com "Game of Thrones" caminhando para o fim, começava a busca pela sua substituta. Depois de cinco anos, muitas especulações e desconfianças, o mundo criado por J.R.R. Tolkien invade as telas do Prime Video no investimento mais ambicioso da plataforma até agora.
Esta ambição é antes de tudo financeira, mas também se estende à história adaptada e aos investimentos feitos para a produção. Somente para as filmagens da primeira temporada, de oito episódios, a produção gastou cerca de US$ 468 milhões, segundo documentos enviados pelo governo da Nova Zelândia à revista Time.
Com a pré-produção da segunda temporada já em andamento e filmagens marcadas para outubro, os investimentos do Prime Video vão ultrapassar o estimado US$ 1 bilhão em suas já confirmadas cinco temporadas.
O resultado começa a ser visto a partir das 22h da próxima quinta-feira, dia 1º de setembro. A série comandada pela dupla Patrick McKay e J.D. Payne adapta para as telas a Segunda Era, e se passa milhares de anos antes dos eventos de "O Hobbit" e "O Senhor dos Anéis".
Trata-se de um momento de relativa paz e de grandes poderes, em que reinos ascenderam e caíram. Neste sentido, a série acompanha um grupo de personagens, novos e familiares, que precisam se unir para confrontar o ressurgimento do mal em sua forma mais temida. Por isso, a trama vai abordar a forja dos Anéis de Poder, o surgimento de Sauron e a aliança entre homens e elfos.
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Nas escrituras de Tolkien, a Segunda Era se estende por 3441 anos, e a série pega emprestados elementos de várias passagens para criar sua própria linha narrativa estruturada e mais enxuta.
Mesmo sem ter direitos a "O Silmarillion", "Os Contos Inacabados" e "A História da Terra-média", a série trabalha em parceria com o espólio de Tolkien para apresentar esta porção do mundo de fantasia da melhor maneira possível.
O resultado, visualmente deslumbrante, faz jus aos altos gastos da companhia de Jeff Bezos, atualmente sob o comando do CEO Andy Jassy. As filmagens na Nova Zelândia priorizaram sets construídos ao uso da computação gráfica, e o cuidado técnico com figurino, maquiagem, cenários e efeitos visuais salta aos olhos.
Nos dois primeiros episódios, dirigidos por J.A. Bayona ("Sete Minutos Depois da Meia-Noite", "Jurassic World: Reino Ameaçado"), a série apresenta os vários núcleos e viaja de cidade em cidade para contar, com calma, quem são aqueles em quem o público deverá prestar atenção.
Dos elfos aos humanos, anões e pés-peludos, que são espécies de hobbits, cada núcleo tem seus próprios dramas, conflitos e buscas, que em breve entrarão em rota de convergência.
Embora façam um bom trabalho introdutório, os episódios não gastam muito mais do que uma tela com um parágrafo e algumas linhas de diálogo para explicar a sua premissa e deixar claro que existem conflitos prévios que importam para o entendimento da trama a partir daquele ponto.
No início, sua maior dificuldade parece ser conciliar dois ângulos igualmente importantes: tornar a adaptação satisfatória o suficiente para os fãs mais versados no universo de Tolkien e acolhedora o bastante para que o espectador casual consiga apreciar a trama sem ficar um pouco perdido.
Isso torna-se algo particularmente complicado quando consideramos a pressão sobre "O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder". Até o momento, trata-se da série mais cara da história da televisão.
Em comparação, "Game of Thrones" custou à HBO cerca de US$ 100 milhões por temporada, com o gasto por episódio começando em cerca de US$ 6 milhões na primeira temporada, subindo para US$ 15 milhões na temporada final. Segundo a Variety, "A Casa do Dragão", consumiu menos de US$ 20 milhões por cada um dos 10 episódios da primeira temporada, o que deixa o orçamento em menos da metade daquele da primeira temporada de "Os Anéis de Poder".
Justamente pelos gastos exacerbados, que chegam em um momento em que as principais concorrentes da plataforma de streaming (leia-se HBO Max e Netflix) caminham na direção contrária de contenção de despesas, todos os olhos voltam-se para o desempenho da série diante do público, e sua capacidade de captar a atenção de experts do Emmy e de novos potenciais fãs é mais importante do que nunca.
Neste sentido, a título de comparação, a série percorre um caminho mais íngreme que os dragões cuspidores de fogo da HBO.
Ainda assim, o espetáculo visual apresentado por "O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder" é dos mais deslumbrantes já vistos nas telas da TV, e não deve em nada à grandiosidade dos filmes de Peter Jackson.
Mesmo com o início naturalmente confuso, o que acaba sendo algo natural para uma história com um escopo tão grandioso e ramificado, os personagens são bem desenhados o bastante para que a distinção entre eles seja clara.
E mesmo diante de grandes desafios, como o vivido por Morfydd Clark, intérprete de uma Galadriel mais jovem e aventureira, os atores conseguem mostrar que ainda vão nos surpreender - e muito.
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