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Assassinatos, raptos e mais: 'Linha Direta' ajudou a prender 380 criminosos

Linha Direta, exibido pela TV Globo na década de 90 e início dos anos 2000, ajudou a capturar criminosos pelo Brasil - Reprodução / TV Globo
Linha Direta, exibido pela TV Globo na década de 90 e início dos anos 2000, ajudou a capturar criminosos pelo Brasil Imagem: Reprodução / TV Globo

Gabriel Dias

Colaboração para Splash

06/09/2022 04h00

Em 1999, o programa Linha Direta estreou na TV Globo relatando, com direito à reconstituição com atores e entrevistas com testemunhas, grandes histórias relacionadas a crimes e tragédias. Cerca de 380 criminosos foram localizados por causa do programa. Os foragidos eram acusados de crimes de assassinato, estupro e sequestro. A atração voltará ao ar, ao menos foi o que informou a colunista Patrícia Kogut.

Por meio da reconstituição de crimes não solucionados, o programa incentivava os telespectadores a fornecer pistas que ajudassem as autoridades a reabrir investigações e a solucionar os casos. Em cada edição, dois casos policiais eram apresentados.

O Linha Direta mostrava a cobertura jornalística na ocasião em que os crimes foram cometidos, o processo de investigação e a reconstituição baseada em depoimentos. Com direito a sigilo total, os telespectadores faziam denúncias por meio de uma central telefônica, disponível 24 horas por dia, e pela página do programa na internet.

Apresentada por Marcelo Rezende durante a primeira fase e, posteriormente, por Domingos Meirelles, a atração cobriu desde fatos marcantes relacionados a acidentes, como os problemas com a radiação de césio-137 em Goiás, até episódios macabros sobre a presença sobrenatural relacionada ao incêndio no Edifício Joelma, em São Paulo.

De acordo com a TV Globo, a divulgação dos rostos de acusados não apenas surtiu efeito, como acumulou êxitos em investigações policiais por todo o país. Apenas com os casos relatados na atração, cerca de 380 criminosos foram localizados por autoridades policiais.

Jovaci Antério Bernardo

Jovaci Antério Bernardo - Reprodução / TV Globo - Reprodução / TV Globo
Jovaci Antério Bernardo
Imagem: Reprodução / TV Globo

Condenado por matar a ex-mulher e deixar a amiga dela paraplégica no ano de 1999, em Goiânia, Jovaci Antério Bernardo foi preso em 15 de outubro de 2019 em Itapaci, que fica a 222 quilômetros da capital. O caso ganhou notoriedade em 2003, após ser divulgado pelo programa Linha Direta. A prisão aconteceu após uma força-tarefa da Polícia Civil realizada em conjunto com o Poder Judiciário de Goiás.

Jovaci foi preso após meses de diligências da Delegacia Estadual de Homicídios (DIH) e da Delegacia da Polícia Civil de Itapaci, que iniciaram uma força-tarefa com o objetivo de localizar e capturar foragidos da Justiça de longa data e Jovaci foi um deles.

Em um dos episódios do Linha Direta, exibidos no ano de 2003, o programa contou o caso de Jovaci. No dia 11 de abril de 1999, em Goiânia, o então motorista de ônibus, que não aceitava o fim do casamento, matou a ex-mulher com três tiros e deixou sua amiga paraplégica.

Antes disso, cansada da violência doméstica a que era submetida pelo marido, com o qual vivia há sete anos, ela tinha denunciado Jovaci à Polícia. A partir daí, ele saiu de casa, mas passou a ameaçar a ex-mulher. Na noite do crime, depois de uma festa, a vítima e uma amiga foram atacadas por Jovaci quando dormiam em casa, na mesma cama.

Além dos tiros disparados contra a ex-mulher, o criminoso ainda estrangulou e esfaqueou tanto ela quanto sua amiga. A ex-esposa do assassino ainda resistiu por três dias, vindo a óbito depois. Já a amiga sobreviveu, mas acabou ficando paraplégica.

Alan Tramontina

Alan Tramontina - Divulgação / Jornal A Voz do Vale - Divulgação / Jornal A Voz do Vale
Alan Tramontina
Imagem: Divulgação / Jornal A Voz do Vale

Alan Tramontina Valente Cerqueira, de 43 anos, estava foragido da Justiça há mais de 20 anos. Alan era procurado por dois homicídios, sendo um deles cometido em 1994, em Santo André, em que matou um jovem de 25 anos a mando de um traficante em troca de cinco gramas de cocaína.

Após o crime, Alan passou a morar em São Vicente com o nome do irmão, que não tem passagem pela polícia. Em 2 de novembro de 2003, ele matou o sogro na saída de um clube, informou a polícia. O crime virou episódio do programa Linha Direta.

Após investigações, os policiais apuraram que Alan estava em Piraju há seis anos e trabalhava como feirante com a identidade do irmão. Uma operação cumpriu o mandado de prisão.

Geneílson Gomes Leal

Geneílson Gomes Leal - Reprodução / TV Globo - Reprodução / TV Globo
Geneílson Gomes Leal
Imagem: Reprodução / TV Globo

Geneílson Gomes Leal, de 47 anos, foi preso em Campinas (SP) após ser procurado por 16 anos. Ele era suspeito de ter assassinado a ex-mulher e alvejado o filho e a enteada em 2004, no município pernambucano de Pedra, a 232 quilômetros de distância da capital Recife.

Segundo a Polícia Civil, ele era foragido e estava com mandado de prisão preventiva decretada em aberto. Na abordagem, Geneílson ainda tentou se desvencilhar, utilizando um nome diferente, mas voltou atrás e confirmou a verdadeira identidade.

O caso foi solucionado após a articulação entre as Polícias Civis de São Paulo e Pernambuco, que conseguiram localizar o foragido após receber informações de que ele estaria trabalhando em uma olaria da cidade paulista.

Na época, o assassinato chocou o município do interior pernambucano, de apenas 21 mil habitantes, e ganhou fama no país, virando tema de um episódio do Linha Direta. Na noite de 11 agosto de 2004, o criminoso teria efetuado dois disparos com arma de fogo contra a professora Tereza Aparecida Rêgo após separação turbulenta. Ele também atirou contra o filho e a enteada, que sobreviveram.

Adriano Paulo Ferreira Gomes

Foragido da Polícia desde 2004, Adriano Paulo Ferreira Gomes, 29 anos, foi reconhecido por moradores da localidade de Caiçara, distrito de Mucambo, no Ceará. Sua prisão aconteceu após matéria veiculada no programa Linha Direta, em outubro de 2005.

Adriano Gomes foi acusado de rapto consensual, homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Teria assassinado a namorada, Vanessa Cardoso do Nascimento, de apenas 13 anos, no dia 29 de setembro de 2002, na cidade de Águas Lindas de Goiás (GO).

Em depoimento à Polícia, ele confessou o crime e que havia enterrado o corpo da menina no quintal da casa onde moravam. Dois dias depois do crime, Adriano Gomes foi denunciado por vizinhos e ficou detido no presídio de Águas Lindas de Goiás por dois anos até conseguir fugir, em 2004.

Paulo Roberto Falcão

Uma denúncia anônima levou à prisão de Paulo Roberto Falcão, que estava foragido depois de ser acusado do assassinato da sogra, Olanda Viana Gonçalves, de 48 anos, em julho de 2003 em Guaraqueçaba, no litoral do Paraná. A polícia acredita que a exibição do assassinato pelo programa Linha Direta ajudou na prisão de Falcão.

No mês de maio de 2006, o programa Linha Direta exibiu o caso de Falcão. Ele era casado com Andréia, filha de Olanda Viana Gonçalves. Falcão e Andréia se casaram e tiveram uma filha, porém, segundo o programa, ele passou a torturar a mulher que, cansada, resolveu fugir.

Ela foi morar na casa da mãe, mas como Falcão não admitia a separação, na noite de 8 de julho de 2003, ele apareceu na casa e esfaqueou a sogra e a mulher. Andréia sobreviveu aos ferimentos e fugiu com a filha. Paulo Roberto Falcão foi preso, mas depois de um mês fugiu da cadeia. Ele é acusado pelos crimes de homicídio, tentativa de homicídio e cárcere privado.