Do metrô ao Rock in Rio: IZRRA canta os amores de um homem gay e preto
Em agosto de 2016, o vídeo de um rapaz negro cantando "Final Feliz", de Jorge Vercillo, no metrô do Rio de Janeiro viralizou nas redes sociais. O protagonista do momento era o tímido Israel Paulo, jovem de 19 anos e morador da cidade de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Dois anos depois, ele apareceu na TV como IZRRA e se tornou finalista do The Voice Brasil.
Agora, mais solto e maduro aos 25, ele acaba de lançar seu primeiro CD, "Coisas de Amor", no qual fala de amor e homoafetividade preta, e se prepara para subir ao palco do Rock in Rio no próximo sábado, dia 8, no Espaço Favela.
"Vim de uma comunidade muito simples na Baixada Fluminense. Quando a minha equipe falou que tinha sido convidado para o Espaço Favela, eu nem acreditei, 'o pessoal deve tá brincando comigo', porque meu empresário é brincalhão. Mas fiquei super emocionado. Assim como eu, outros artistas que têm o sonho de viver da música querem essa oportunidade. Ser da Baixada e ter esse espaço, é uma honra muito grande", diz ele, que atualmente, por conta do trabalho, vive na Zona Sul do Rio.
Em bate-papo com Splash, ele comenta sobre sua trajetória artística, que começou no vagão do metrô da capital e chegou ao principal festival do país. Ele promete levar seu soul, R&B, "muito groove, vocal e dança" ao show do Rock in Rio.
"Antes do metrô e do 'The Voice', eu já estava cavando esse lugar. Eu diria que vale a pena ser fiel aos seus sonhos e objetivos. Meus sonhos estão me levando até o palco do Rock in Rio. Do momento do metro até aqui, eu amadureci muito. Me sinto muito feliz e realizado", continua.
Recebo mensagens de pessoas que compraram o ingresso do dia 8 para me ver. Vai ser minha primeira vez no Rock in Rio como público, como artista e o primeiro (show) do meu álbum. Estou estreando de várias formas no Rock in Rio.
"Coisas de Amor"
O primeiro disco de IZRRA chegou às plataformas de música na última sexta-feira. Ele adiantou o lançamento para apresentar o álbum completo no Rock in Rio. Com nove faixas, o CD traz canções autorais que abordam o amor, afetividade e a liberdade de ser quem é. "Céu Lilás", primeira faixa do álbum, joga luz em um assunto pouco discutido na sociedade, a homoafetividade preta, na visão do cantor.
"A ideia de escolher a cor lilás é porque ela significa cura e transformação. O amor cura! A gente acha clichê, mas não é, pois aprender a amar é uma forma de a gente encontrar a cura que precisamos, de reconhecer nossas dores e o amor por si... O afeto é algo que as pessoas pretas não estão acostumadas a ter. Elas começam a receber e demonstrar isso muito tarde, então, escolhi esse tema e essa cor lilás. Eu precisava me curar e me ver nesse lugar de dar carinho, algo que meus fãs me ensinaram", afirma.
No clipe, o cantor protagoniza momentos quentes com o ator Ícaro Silva. Os dois demonstram muita química em cenas delicadas e sensuais. IZRRA conta que conheceu o ator ao fazer uma participação no musical "Ícaro and Black Stars", em fevereiro deste ano, no qual Ícaro era protagonista. Ele ainda afirma haver conexão pessoal e profissional entre os dois.
"A gente ficou muito próximo e tem uma conexão grande um com o outro, tanto pessoal como artística. Trazer o Ícaro para dentro desse trabalho é uma forma de ver essa homoafetividade preta, que é um assunto que não vejo as pessoas falando muito. Eu sou um cara preto e demorei para ter esse tipo de sentimento e afeto", explica.
"Sempre recebi afeto da minha família, mas é um lugar diferente (que falo na música), é um lugar no qual o IZRRA está se conhecendo. O Ícaro me ajudou muito a passar essa mensagem. Ele também está vivendo nessa mesma fase que eu. Então, foi uma junção perfeita. Fiquei muito feliz de fazer o convite e ele ter aceitado na mesma hora, ele é maravilhoso", diz.
No clipe, o clima entre IZRRA e Ícaro é de romance e pegação. É a primeira vez que ele participa de uma gravação nesse contexto. Ao ser questionado se é tranquilo falar abertamente sobre sexualidade hoje, ele conta que vive um momento livre.
"Não tinha feito um videoclipe assim. Nos meus clipes, eu tento mostrar essa forma de amor livre, mas foi a primeira vez que me coloquei na forma como eu amo. Aí, eu trouxe o Ícaro e foi muito especial. Nunca gravei antes com alguém tendo essa troca, afeto e se pegando, então, para mim, foi muito prazeroso e importante para entender como me vejo, me senti livre... Vejo minha sexualidade muito livre hoje", completa.
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