Brendan Fraser é ovacionado em filme; por que ele 'sumiu' por tanto tempo?
Brendan Fraser foi ovacionado por seis minutos nesta semana e se emocionou após exibição do filme "The Whale", no qual ele interpreta um homem com mais de 250 kg. Mas o ator já passou por poucas e boas em Hollywood.
Virando estrela no ótimo "A Múmia", ele passou uma década "escondido" dos holofotes do cinemão até conseguir retomar a carreira nos últimos anos, principalmente na televisão.
Splash conta que houve com Brendan Fraser:
O boa-pinta perfeito para as comédias
O começo de tudo para Brendan foi em "O Homem da Califórnia" (1992), quando ele interpretou um homem da caverna que ficou congelado por séculos e de repente estava frequentando o colégio. O filme foi criticado até o último minuto pela crítica especializada, mas marcou o novato como uma aposta.
No mesmo ano, para mostrar o alcance de seu trabalho, o norte-americano protagonizou o drama Código de Honra, ao lado de Matt Damon e Chris O'Donnell. Na pele de um quarterback judeu que entrava em uma escola de elite, ele recebeu elogios e mostrou que poderia ser o bonitão bobão do colégio, mas também sabia fazer drama.
Considerado por muitos o ator mais promissor de 1993, no ano seguinte ele contracenou com Joe Pesci em "Com Mérito" e voltou para a comédia pastelona em "Os Cabeça-de-Vento"", com Adam Sandler e Steve Buscemi.
Tudo estava indo bem na carreira de Fraser, e só melhorou com George, o "Rei da Floresta" (1997), a live-action baseada na animação clássica que transformou o ator em uma estrela de Hollywood cujo charme conquistou o público. Em 1998, ele estrelou ao lado de Ian McKellen o ótimo "Deuses e Monstros", novamente passando pelo drama e vendo um filme seu ganhando destaque no Oscar.
O auge com A Múmia
Fraser já era uma realidade, e seu nome ficou ainda maior com os US$ 415 milhões arrecadados por "A Múmia" (1999), o primeiro blockbuster do ator, juntando drama, ação e muita comédia.
O sucesso foi tanto que a indústria resolveu deixar de lado que no mesmo ano ele teve dois fracassos: "De Volta para o Presente" e "Polícia Desmontada". A questão é que em 2000 veio "Monkeybone, no Limite da Imaginação", outra decepção nas bilheterias, o que obrigou Fraser a jogar no seguro.
"O Retorno da Múmia" (2001) conseguiu lucrar ainda mais que o filme original, e o nome do ator voltou a ver tempos mais calmos. Ainda mais depois que, no ano seguinte, ele fez o competente drama "O Americano Tranquilo", que rendeu uma indicação ao Oscar para seu parceiro de elenco Michael Caine.
Começo do desgaste
"Crash: No Limite" (2004) foi destaque no Oscar, mas a verdade é que a participação do ator não foi a mais memorável. A partir daí, ele emendou três filmes mais alternativos, fugindo dos blockbusters que o colocaram na lista A de Hollywood: "12 Horas até o Amanhecer" (2006), "O Último Golpe" (2006) e "Ligados pelo Crime" (2007).
Quase ninguém viu os filmes, por isso ele precisava entrar de novo no cinema de entretenimento, e o escolhido foi "Viagem ao Centro da Terra: O Filme" (2008), que foi bem nas bilheterias (uma surpresa!). O sucesso garantiu uma sequência — que sairia apenas em 2012 com Dwayne "The Rock" Johnson no lugar de Fraser.
Em meados dos anos 2000, Fraser estava cotado para viver o Superman em "Superman: O Retorno", mas sentiu o golpe ao não ser escolhido e ficou cansado da indústria. Ainda assim, topou fazer mais um "A Múmia: Tumba do Imperador Dragão", terceiro projeto da franquia que já se mostrava desgastada. Não que o filme tenha dado prejuízo, mas a bilheteria foi bem menor do que o esperado e o filme em si não conseguiu muitas críticas positivas.
A queda
Não era só a carreira de Fraser que andava para baixo. Sua vida pessoal também estava desgastada, começando pelo seu corpo. Acostumado a fazer muitas cenas de ação sem o uso de dublês, o ator admitiu que não cuidava do físico e só queria mostrar que sabia fazer de tudo. Ao longe dos anos, suas estripulias resultaram em muitas dores e ossos quebrados.
Ele fez cirurgias nas costas, joelhos e cordas vocais, entrando e saindo de hospitais por quase sete anos. No meio disso, se divorciou de Afton Smith, com quem teve três filhos, e tudo foi muito público, com os tabloides americanos não dando paz para Fraser.
Por causas das cirurgias, o ator afirmou que não conseguia trabalhar e que estava falido economicamente, não conseguindo pagar a pensão dos filhos. O astro ficou fora do cinema até dar uma grande entrevista, em 2018, para GQ, contando sobre sua carreira, como enfrentou a depressão e decidiu ser um pai melhor para seus filhos.
Além disso tudo, Fraser guardou por muitos anos que foi vítima de assédio sexual, revelando o que houve apenas com o movimento #Metoo. Ele disse que, em 2003, sofreu abuso de Philip Berk, ex-presidente da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA), responsável pelo Globo de Ouro.
"Sua mão esquerda se aproxima, me agarra na poupa da minha bunda e um de seus dedos toca no períneo. E começa a movê-lo", relembrou o ator em entrevista para a revista. Berk, por sua vez, negou a alegação, classificando-as como mentirosas.
Televisão e volta
Nos últimos cinco anos, Fraser está centrado mais em séries para a televisão, um ambiente que ele se sente mais confortável. Ele fez "Texas sob Fogo" (2015), "The Affair" (2016-2017), "Trust" (2018), "Condor" (2018, "Titãs" (dublando Cliff Steele), "Patrulha do Destino" (2019) e "Professionals" (2019).
Ao promover "The Affair", o ator viralizou por causa de uma entrevista em que foi sincero sobre Hollywood, sendo taxado de "perdedor" na internet, acusado de não ter mais talento e ainda falaram como ele ganhou alguns quilos a mais. A fala de Fraser foi feita dias após sua mãe morrer, e novamente foi mais um obstáculo que teve que superar na vida pessoal.
Ainda assim, o ator já demonstrou nos últimos dois anos estar melhor, e sua participação em "Patrulha do Destino" fez com que ele voltasse a ser "descolado", como admitiu em entrevista ano passado.
Fraser tem quatro filmes em pós-produção e sua carreira está começando a voltar aos eixos, ainda mais com "The Whale", que está de olho nos principais prêmios do cinema. O filme tem previsão de chegar em dezembro aos cinemas.
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