O Rock in Rio é um festival enorme. São sete dias de shows - cabe atração demais. Para dar um sentimento de unidade em um evento tão amplo, a organização escolheu fazer alguns dias específicos para estilos - como o metal day e o pop day.
O Rock in Rio 2022 montou, além dos dois já conhecidos, o que a internet carinhosamente chamou de "dia emo." Foram três shows voltados para o estilo: Avril Lavigne, Fall Out Boy e Green Day. Eles mandaram tão bem que reforçam: o "emo day" precisa se tornar oficial.
Público emo
O público emo dominou o Rock in Rio. Entre saias xadrez, meias arrastão, e muita camiseta preta, mostraram-se como unidade pronta para enfrentar o calor extremo, deixar o delineador escorrer e aguentar firme para poderem ter um dia extremamente feliz ouvindo música triste.
A verdade é que o pessoal mostrou muita energia durante o dia, e muita vontade de consumir música nostálgica. O show de Avril, que foi num palco menor, lotou o espaço. Era tanta gente que o fluxo entre palcos na cidade do rock ficou difícil. Depois, por um atraso da cantora, todos correram para o palco Mundo para ver Fall Out Boy e esperar Green Day. Uma verdadeira multidão animada para assistir todos os shows possíveis.
Se tudo isso não é suficiente para acreditarem que o público quer, sim, muito emo no Rock in Rio, a animação do show do Green Day é.
Não é fácil perceber que, até o momento, o Green Day foi o headliner que mais animou e interagiu com o Rock in Rio 2022. Como é típico da banda, Billie Joe fez todo o público gritar, cantar, pular, e até se bater em alguns mosh pits. Foi o maior envolvimento do evento, deixando a madrugada em êxtase.
Hora de dar lugar a um novo clássico do rock
Esta edição do Rock in Rio mostrou como os artistas emo conseguem montar um repertório apenas de hits, feito típico de bandas clássicas do rock.
É difícil colocar alguém no show do Green Day, por exemplo, e a pessoa não conhecer pelo menos metade das músicas. Entre "American Idiot", "Basket Case" e "Boulevard of Broken Dreams", é difícil não saber cantar junto.
Mas não é por menos: o Green Day está na ativa há mais de 35 anos. E não apenas eles: Fall Out Boy tem 21 anos de estrada, e Avril Lavigne, 20. Ei, isso é suficiente para virar clássico!
Se durante os anos 2000 os grandes do clássico eram bandas de metal e aqueles que faziam sucesso nos anos 1980, em 2022 não seria a vez das músicas dos anos 2000 serem os clássicos?
Afinal, quem era adolescente nos anos 1980 era adulto com energia para ir em shows durante os anos 2000. Hoje, esse posto passa para os adultos emos - pois, se gostavam de Green Day, Avril e Fall Out Boy na adolescência e na explosão dos grupos, seguramente são adultos agora.
Pelo ciclo da música, é somente natural que o "emo" vire um estilo tão grande quanto "metal." Vinte anos de cá, vinte de lá, precisamos adicionar história da música.
Mesmo porque, pensando que muitos dos astros do metal são idosos, qual será o futuro line up e público do Rock in Rio? O público emo mostrou que pode ser ele.
Comeback do emo
Outro forte ponto a se considerar é o comeback que o emo e o pop-punk teve recentemente. Isso é fácil de observar de vários ângulos: comecemos por Olivia Rodrigo, que fez um sucesso estrondoso, e chamou atenção justamente por trazer guitarras e samplear a banda emo-classic Paramore.
Machine Gun Kelly, antes rapper, lançou um disco completamente emo e foi parar no topo de várias e várias paradas.
Também dá para ver o aumento do interesse em bandas brasileiras. Fresno, por exemplo, foi um dos maiores precursores da cena nos anos 2000. Então, em 2019, dispararam as vendas do disco Sua Alegria Foi Cancelada - e o sucesso só aumentou com o lançamento de Vou Ter Que Me Virar no final de 2021. Os plays da banda dispararam, foram para o rádio, e para os maiores festivais de música do Brasil em 2022.
Nos Estados Unidos e Europa, o fenômeno do comeback também floresceu. Em parte, pelo TikTok, responsável por viralizar músicas do Simple Plan ("I'm Just a Kid"), Hot Chelle Rae ("Whatever"), All Time Low ("Dear Maria, Count Me In") e tantas outras.
Mas a volta à ativa de bandas e artistas também engataram booms interessantes. Avril Lavigne, por exemplo, passou alguns anos off por problemas de saúde, e voltou com um estrondo na internet. O My Chemical Romance, provavelmente a banda mais icônica do estilo, resolveu voltar em uma série de shows esgotados, agradando tanto fãs antigos quanto um contingente de adolescentes que reforçam a fanbase.
Mas a verdade é: o emo está vivo, e continuará vivo - como clássico, comeback ou novidade, ele merece ganhar um espaço fixo no Rock in Rio, pois o público vai lotar o espaço.
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