Dua Lipa fez bom show, mas subestimou Rock in Rio
Na noite de ontem, a britânica Dua Lipa teve a missão de encerrar o Rock in Rio com sua apresentação no Palco Mundo. Uma tarefa difícil depois do verdadeiro show de música, simpatia e efeitos especiais que o Coldplay deu na noite anterior.
Supostamente, a cantora não deveria ficar para trás. Mesmo tendo lançado seu primeiro álbum em 2017, Dua coleciona muitos sucessos. Emplacou músicas como "New Rules", "Don't Start Now" e "Physical", além de colaborações como "Cold Heart", com Elton John, e "One Kiss", com Calvin Harris. Seu disco mais recente, "Future Nostalgia", foi um dos melhores lançamentos de 2020 e se tornou um dos queridinhos da crítica naquele ano.
A atual turnê também tem forte apelo visual: mudanças de figurino, coreografias elaboradas, dançarinos, enfeites e efeitos especiais.
Dua também distribuiu sorrisos para uma multidão enquanto "dava uma de turista" pelo Brasil ao lado da família, o que também contou pontos com o público. Com tudo isso, a expectativa era grande e a apresentação dela era uma das mais esperadas do festival.
A entrega, porém, foi morna. Mesmo diante de um público de mais de 100 mil pessoas em um dos maiores festivais do país, a cantora seguiu à risca os outros shows da turnê e não trouxe muitas novidades.
O playback em grande parte da apresentação também chamou atenção. É claro, em um show com dança e muito movimento, é natural e esperado que haja uma base e backing vocals, mas Dua se apoiou demais nisso e quase não parecia que ela cantava ao vivo.
Depois de interações calorosas entre artistas e fãs, a exemplo do Green Day, Post Malone, novamente, da banda de Chris Martin, e até de Megan Thee Stallion, que antecedeu a artista no palco, esse quesito também deixou a desejar. Apesar de ficar com os olhos marejados ao agradecer o público e arriscar algumas palavras em português, no final, tudo ficou parecendo meio frio.
Isso sem contar a decepção generalizada de quem estava em casa e esperava assistir à apresentação ao vivo. Minutos antes do início do show, foi anunciado que a própria Dua exigiu que a transmissão fosse atrasada em 30 minutos, ou seja, quem estava no sofá viu tudo, mas meia hora depois de quem estava lá.
Junte a quebra da expectativa com o fato de que era domingo, o show já estava alguns minutos atrasado e muita gente precisava acordar cedo no dia seguinte para estudar ou trabalhar. O ânimo do público de casa foi diluído, o que prejudicou a impressão do espetáculo. Por isso, nas redes sociais, os comentários foram mistos. Apesar do repertório que empolga qualquer um, não ver o show ao vivo deixou o pessoal emburrado com a cantora.
O mais importante, claro, era a reação de quem estava lá, na frente do palco, esperando Dua há horas. Mas a verdade é que nem ali se viu animação vista em outros dias de festival, mesmo em um show tão aguardado. Os tietes da primeira fila, claro, amaram, e com razão. Ouviram e viram a artista de pertinho cinco anos depois da primeira vinda dela para cá, com uma setlist ainda mais recheada de sucessos e em uma performance muito mais apurada. Mas o público não era só esse.
É inegável que Dua é talentosa, uma das grandes cantoras da nova geração. Suas músicas têm qualidade, um som pop delicioso, e de quebra, grudento. A voz é agradável, boa de ouvir e preenche com louvor qualquer música. Ela, então, tem um quê descolado, uma sensualidade sem afetação que enfeita o palco e agrada o olhar. É uma excelente artista e mereceu muito a oportunidade de fechar o evento com a famosa "chave de ouro".
Mesmo assim, o conjunto todo pareceu quadrado demais, sem emoção. Faltou energia e presença para fazer aquele show único, marcante, digno de Rock in Rio. O que parece é que Dua Lipa subestimou a chance de estar no palco do festival.
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