'Saía para fumar e sumia': ex-esposa de Godard relata obsessão e abandono
Jean-Luc Godard morreu ontem, aos 91 anos, e foi um dos precursores do movimento cinematográfico francês chamado nouvelle vague. O cineasta é bastante querido pela crítica, mas a sua vida pessoal não era tão positiva assim.
O diretor teve três casamentos: primeiro com a atriz Anna Karina, depois com Anne Wiazemsky, e com Anne-Marie Miéville, agora sua viúva.
Anna Karina era atriz e esteve em oito produções de Godard, como "O Demônio das Onzes Horas" e "Alphaville", e era considerada sua musa. A maneira que os dois se conheceram, assim como as obras do cineasta, foi bastante peculiar. Como trabalhava como modelo, ele a viu em um anúncio de produtos para banheiro e ficou obcecado por ela.
Godard então conseguiu convencê-la a estrelar "O Pequeno Soldado", depois de a jovem negar participar de "Acossado". À época, ela alegou que não gostaria de aparecer despida em cena. O diretor rebateu que já tinha a visto nua no anúncio, afinal ela estava em uma banheira. Anna Karina disse que a imagem pelada existia apenas em sua imaginação, pois apenas seu ombro aparecia.
Aos 18 anos, em 1959, Godard e Anna Karina começaram o relacionamento. No entanto, em 1961, o casal sofreu com a perda de um filho durante o sétimo mês de gravidez. Depois de perder o bebê, a atriz tentou suicídio e foi internada em uma instituição para tratamento.
Em entrevista ao The Guardian, em 2016, a atriz lembrou de como era a relação com o ex-marido: "Ele era capaz de dizer que estava saindo para fumar e não aparecer em três semanas". Segundo Anna Karina, era comum que o Godard sumisse sem explicações. Eles se separaram em 1967.
"Naquele momento, tudo o que se podia fazer era ficar ao lado do telefone e esperar uma ligação. Quando ele desapareceu, ela pensou em tudo, que qualquer coisa poderia ter acontecido com ele. Soube, então, que talvez ele tivesse ido à Itália ver Roberto Rossellini, ou que havia saído para ver Bergman na Suécia ou, às vezes, a explicação era que ele estava em Nova York com William Faulkner", contou à Vogue.
"Ele tinha amigos em todos os lugares e saia sem aviso prévio. Ele sempre carregava o passaporte e eu sabia onde ele estava quando voltava e me mostrava os carimbos da imigração. Ele sempre me trazia presentes."
No mesmo ano, o diretor se casou com a escritora Anne Wiazemsky, que à época era menor de idade e 17 anos mais nova que Godard. O casamento durou pouco tempo, mas rendeu livros escritos por Wiazemsky sobre o cineasta. Nas obras, ela relata como o ex-marido era machista e violento. Esses registros foram a base para o filme "O Formidável", estrelado por Louis Garrel no papel do diretor.
Já a terceira esposa, a também cineasta Anne-Marie Miéville, passou tempos mais tranquilos ao lado de Godard. O casal se conheceu em 1971, quando o diretor estava se recuperando de um acidente de moto que o deixou em coma por uma semana.
Anne-Marie tem 76 anos e é conhecida por uma sólida carreira como diretora. Ela passou 51 anos casada com Godard.
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