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Dado Dolabella sobre detenção por portar maconha: 'Como se fosse criminoso'

Dado Dolabella promoveu live para falar sobre a cannabis medicinal terapêutica, o uso da maconha para fins medicinais - Reprodução/ Instagram @dadodolabella
Dado Dolabella promoveu live para falar sobre a cannabis medicinal terapêutica, o uso da maconha para fins medicinais Imagem: Reprodução/ Instagram @dadodolabella

De Splash, em São Paulo

16/09/2022 13h53Atualizada em 16/09/2022 13h53

O ator Dado Dolabella, de 42 anos, comentou ontem pela primeira vez publicamente sobre o dia em que foi detido pela polícia por portar maconha em Alto Paraíso de Goiás (GO) há alguns meses.

A fala ocorreu durante uma live no Instagram que ele promoveu com o tema "Cannabis medicinal, desafios e possibilidades para os pacientes". Participaram do encontro virtual os advogados Ítalo Coelho e Maurício Lobo, além da psiquiatra Juliana Sudario.

Após meia hora de conversa, Coelho comenta que o porte de maconha não prevê pena de prisão, contudo a pessoa pode responder por processos, ser ajuizada e ter que contratar advogado se "tiver sorte". "Se você der azar, e dar azar no Brasil significa, dentro das estatísticas, se for uma pessoa negra, pobre e morar na periferia, você vai ser confundido com traficante [e será preso]", afirmou.

Foi após essa fala que Dado relembrou uma abordagem policial e a detenção que teve em 21 de março: "Isso aconteceu comigo, dentro do meu 'privilégio branco', eu tava saindo de Brasília indo para Alto Paraíso [de Goiás]. Acharam uma quantidade de flor [medicinal] ridícula comigo, que eu inclusive tava levando para já começar os cursos que eu tô fazendo de extração de óleo".

"Tenho uma prescrição médica, eu tenho toda a licença para a importação do óleo. E quando eles [os policiais da abordagem] viram, começaram a gritar: 'É maconha, é droga!', como se eu fosse um criminoso, como se eu tivesse ali fazendo um crime, cometendo um crime", recordou o ator e namorado de Wanessa Camargo.

"É uma situação muito chata, porque a grande mídia aproveita desse vilão para fazer aquele sensacionalismo […], pegou e já colocou: 'Dado foi preso portando drogas'. [Isso] atrapalha inclusive a minha vida profissional, me colocando como um marginal, como alguém a margem da lei, criminoso", desabafou.

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Dado Dolabella fez live ontem com dois advogados para falar sobre benefícios do uso medicinal da maconha
Imagem: Reprodução/ Instagram @dadodolabella

Apoio de descriminalização

Dado Dolabella aproveitou a conversa para falar com os advogados sobre a legalização da maconha no Brasil. Atualmente, a erva é criminalizada, o que impede até mesmo que o governo deixe de arrecadar impostos sobre o produto, vendido ilegalmente em todo o país.

"A gente sabe que no mundo inteiro, principalmente nos países mais desenvolvidos, […] se você ver esses países que já descriminalizaram [a maconha] o avanço em todos os setores, […] é nítido que é para melhorar, é uma evolução", comentou o ator.

Ele então fala sobre remédios legalizados, como ansiolíticos, relatando que quando ele fazia uso desses remédios sentia uma certa dependência, além de outros efeitos. Na sequência ele questiona os motivos do Brasil ainda não ter descriminalizado a droga.

"Já passou da hora, com tantas evidências científicas, com tantas provas, por que que aqui no Brasil, esse país que a gente tem tropical aonde todo mundo pode cultivar a sua medicina em casa, por que ainda é tão grande esse tabu em relação a legalização?", questiona.

O advogado Mauricio Lobo então explica que o Brasil precisa olhar para países que já têm a regulamentação: "O Brasil, pela potência que representa em relação ao mundo, está sendo um dos últimos países a regulamentar […] e precisa olhar para o modelo de regulamentação norte-americano, canadense, dos hermanos argeninos, uruguaio […] e fazer o melhor modelo".

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Ator tem promovido o debate a favor da descriminalização da maconha no Brasil
Imagem: Reprodução/ Instagram @dadodolabella

Contato com canabidiol

Dado contou na transmissão ao vivo quando teve contato com o canabidiol, sem ser o uso recreativo da maconha: "Conheci o canabidiol através de um médico que me receitou fazendo a troca [de remédios tarja preta] e pra mim foi como se eu tivesse saído inferno e ido para o céu. Acabou todos os efeitos colaterais, problemas no estômago, sonolência no dia seguinte".

Ele finaliza a live falando que o cenário de proibição e criminalização da maconha precisa mudar, com um "olhar para a saúde" ao invés de "remediar as doenças": "Cuidar da saúde para não ter que remediar o problema. [É preciso] que acabe de uma vez e para sempre esse preconceito em relação a essa medicina, que já provou no mundo inteiro [em] diversos tipos de patologia, a sua eficiência e o seu sucesso no tratamento."

"É ciência. Quem nega isso está sendo ignorante, sendo contra a ciência. Vamos quebrar esse tabu de uma vez por todas", concluiu.