Mãe de Ludmilla após show no RiR: 'É nobre reconhecer quem veio antes'

Silvana Oliveira, mãe da cantora Ludmilla, é só orgulho ao comentar o show histórico da filha no Rock in Rio no último domingo. Lud transformou o festival em um grande baile funk, com a presença da esposa, a dançarina Brunna Gonçalves, e de nomes da música preta: Tati Quebra Barraco, precursora do funk carioca, MC Soffia, Majur e Tasha & Tracie.

Em entrevista a Splash, durante a festa de 55 anos da Warner Chappell Music na última terça-feira, ela conta que o show provocou muita emoção, pois não imaginava que a filha nascida e criada em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, fosse chegar tão longe.

Relacionadas

Sindicato recusa show de João Gomes no MA após RiR: 'Tratou mal Bolsonaro'

Ludmilla promete show de milhões no RiR e fala de nova fase 'mais madura'

Amor de repórteres da Globo teve ataques e chegou ao sonho do casamento

"Emoção muito grande ver minha filha ali. Ela já esteve no palco Sunset uma vez, porém com um tempo bem curtinho, então, não pôde mostrar o trabalho dela. Vê-la mostrando o trabalho dela agora, toda a potência que ela vem se tornando a cada dia, é muito gratificante e motivo de orgulho. Nem nos meus melhores sonhos, eu imaginava ver minha filha nessa posição", diz.

Me arrepio toda. Sei da dificuldade que tive para criá-la e, mesmo assim, consegui passar os valores para ela.
Silvana Oliveira, mãe de Ludmilla

O funk ganhou mais espaço na edição de 2022 do festival, mas ela não atribui à filha essa conquista. Ela pensa que maior destaque do funk na atualidade é fruto do trabalho de funkeiras que vieram antes de Ludmilla, que tem apenas 27 anos.

Um dia depois do show, o debate sobre quem é responsável pela chegada do funk ao festival ganhou destaque na web quando Anitta disse ter brigado "exaustivamente" com a direção do evento para que o funk fosse respeitado em 2019. A crítica ao festival também foi vista como indireta após elogiado show de Ludmilla no palco Sunset.

"Não digo que ela seja uma grande responsável (pelo espaço do funk hoje). Digo que ela aproveitou as brechas abertas pelas pessoas que vieram antes dela, como a Tati (Quebra Barraco) que estava lá em cima. Tenho 48 anos e sou fã de Tati, era tiete dela, acompanhava de perto. A Lud só tem 27 anos, seria muita prepotência dela dizer que mostrou o funk para o mundo. É nobre reconhecer quem veio antes. Sempre ensinei isso para ela", afirma.

Mas Silvana acredita que o show de Lud serviu para mostrar que é importante e necessário olhar para os talentos que surgem das periferias e favelas.

"É mostrar que cabe mais pessoas (no Rock in Rio), é mostrar que tem talento na favela. Tem talento no subúrbio, na Baixada Fluminense e em todo canto do mundo. Isso precisa ser explorado e não pode ficar oculto. Isso que ela quis mostrar", acredita.

Lud vai lançar a faixa "Tic Tac", em parceria com rapper jamaicano Sean Paul, no próximo dia 30. O primeiro lançamento da nova era pop da artista indica que ela pode investir na carreira internacional em breve. A mãe acredita que está na hora de alçar novos voos.

"Sim, está na hora dela voar. São dez anos de carreira, conseguiu chegar até aqui, agora, creio em Deus pai que ela vai ganhar o mundo, vai além", diz.

Ela já foi muito massacrada, mas não desistiu de jeito nenhum. Essa força me admira. Ela está aí para mostrar que ninguém vai pará-la. Ela mostrou que não quer o mundo só para ela, ela quer várias mulheres pretas no topo também, como mostrou no palco do Rock in Rio.
Silvana Oliveira, mãe de Ludmilla