Rock in Rio não é só rock e acerta ao dar espaço para funk, rap e pagode

O Rock in Rio não é só um festival de rock. Apesar de o nome sugerir isso para parte dos frequentadores, o evento já se consolidou como um espaço de diversidade musical, com pop, rap, funk e até pagode.

Essa atual configuração do festival é um acerto e a prova disso foi o show da cantora Ludmilla no palco Sunset, no último dia desta edição.

Relacionadas

8 artistas que o Rock in Rio errou em não dar mais atenção

Por que Pabllo Vittar foi ignorada pelo Rock in Rio e virou coadjuvante?

Rock in Rio: Ludmilla prova que é a maior intérprete desta geração

Lud reuniu diferentes gêneros musicais em uma única apresentação e se consagrou como um dos destaques da edição. Visualmente, o Sunset pareceu comportar mais público do que o esperado pela organização do festival.

No mesmo palco, nomes como Papatinho e L7nnon (que convidaram ainda MC Hariel e MC Carol), Luísa Sonza, Jão e Gloria Groove fizeram apresentações que atraíram grande público, mesmo em horários no meio da tarde. Além do Sunset, o Supernova também teve programação plural e fluxo do público maior que o esperado.

Apesar de ser um acerto dar espaço a artistas brasileiros de diferentes gêneros, a atitude expõe um erro de produção. Falta levar esses rostos aos palcos que lhe comportem adequadamente.

Ludmilla novamente serve como exemplo: a artista no palco Sunset, espaço que não comportou o público que esperava por ela, foi uma injustiça. O que as artistas internacionais Rita Ora e Megan Thee Stallion fizeram para justificar a escalação no Palco Mundo? Por que não ter dois brasileiros e dois gringos na mesma noite?

O festival acerta ao dar espaço para pop, funk, rap e pagode, mas precisa refletir em quais palcos os nomes mais populares devem estar.

Funk e rap em destaque

Neste ano, segundo levantamento do KondZilla, o festival escalou 15 artistas de funk, o maior número de todos os tempos. Todos eles no Espaço Favela, no Supernova e Sunset.

Em entrevista a Splash, Lexa comemorou o espaço destinado ao ritmo no festival. Ela tocou no Espaço Favela um pouco antes de Ludmilla subir ao Sunset.

"O funk já ultrapassou todas aquelas barreiras, que muita gente falava que não ia conseguir. Ver, mais uma vez, a favela mostrando a potência que ela tem é sinônimo de vitória para a gente", disse ela.

"E ver um palco tão lindo, dando voz para tanta gente que nunca teve a oportunidade de se mostrar. Porque, às vezes, a gente vê tantos jovens se perdendo e que acabam sonhando com o mundo da música. Eles veem uma galera ali da comunidade cantando no Palco Favela do Rock in Rio, o maior festival do Brasil", completou.

Mas cadê a escalação do gênero no Palco Mundo? A presença dele ficou por conta de convites gringos. O funk entrou no setlist de Jason Derulo e Camila Cabello. A cubana ainda convidou Biel, L7nnon e Bianca. O resultado? A música se tornou "o maior hit" da festa.

"Sabia o tamanho que a música estava tomando, mas ser tocada várias vezes no Rock in Ro, um dos maiores festivais do mundo, é incrível. Subir ao Palco Mundo com a Camila foi uma das maiores experiências da minha vida. Ela deu um espaço gigante para gente mostrar a música que ela disse que ama", contou Bianca a Splash, após subir ao Supernova com seu show solo.

Para manter sua longevidade, o festival precisa pensar no público do futuro. Para isso, atrair os mais jovens é importante. Além do funk, rap e trap nacional podem ser um caminho, mas foram subestimados nessa edição. Destaque no primeiro sábado do festival, os shows de MC Poze do Rodo e Teto atraíram cerca de 20 mil pessoas ao palco Supernova, que comporta entre 4 e 6 mil espectadores apenas, segundo a assessoria.

É preciso repensar o lugar do espaço dentro do mapa do festival ou colocar as atrações do rap em palcos que comportem mais pessoas.

Pagode pela primeira vez

Além de Lud levar parte do projeto "Numanice" ao palco Sunset, Ferrugem, Thiaguinho e outros artistas levaram o pagode ao Espaço Favela. Foi a primeira vez que o gênero, que é tão popular no Rio de Janeiro, ganhou destaque em um palco do festival.

Em entrevista a Splash, eles comemoraram a conquista.

"Nós estamos no Rio de Janeiro, no Brasil. O samba é totalmente a cara do Brasil e aqui tá cheio de brasileiro... Em qualquer lugar do país, o samba está. Em qualquer lugar do país, o samba chega e é bem visto. Tenho certeza que vai ser no Rock in Rio, nesse festival que já ultrapassou as barreiras de gêneros. Teve Djavan no palco mundo, vai ter Ivete Sangalo amanhã. Que bom que o samba chega", disse Thiaguinho, antes do show.