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OPINIÃO

Perfume íntimo de Anitta me deixou curiosa, mas não mudou em nada o sexo

Anitta surpreendeu ao lançar Puzzy, a marca de perfumes íntimos - Divulgação
Anitta surpreendeu ao lançar Puzzy, a marca de perfumes íntimos Imagem: Divulgação

De Splash, em São Paulo

19/09/2022 04h00Atualizada em 19/09/2022 09h55

Em julho deste ano, Anitta anunciou que lançaria Puzzy, um perfume para ser usado nas "partes íntimas". A novidade chamou a atenção dos fãs da cantora e levantou um discurso bastante pertinente sobre a normalização de corpos e cheiros. Lembro que o primeiro pensamento a surgir na minha mente foi: "pleno 2022 e precisamos mudar o cheiro de nossas vaginas para nos tornarmos mais atraentes? Me poupe, Anitta".

Pessoalmente, acho uma grande besteira achar que cheiros corporais mudam alguma coisa na hora de sentir tesão. Para mim, quando você quer transar, até banheiro sujo de balada às 4h00 da manhã está valendo. No mundo, não existe força como o orgasmo; esse sim move montanhas.

No entanto, todo esse meu discurso caiu por terra quando a oportunidade de testar um dos Puzzy's apareceu para mim. Pois é, a minha carteirinha de feminista foi revogada e fui tomada por uma grande curiosidade de testar o produto que, acreditava eu, Anitta teria usado durante o sexo.

Fui agraciada com a fragrância Agátta. Segundo o fabricante, conta com o odor "delicioso de mix de morangos". Existem mais dois na coleção: o Preparada, com cheiro de chocolate, e o Se Envolve, de marshmallow.

Namoro há dois anos, em um relacionamento heterossexual e monogâmico, então não é sempre que surge uma novidade em nossa vida sexual. O perfume da Anitta veio como uma nova opção para ver o que poderia acontecer de diferente.

Anitta lançou Puzzy, marca própria de perfume íntimo - Divulgação - Divulgação
São três cheiros diferentes disponíveis na marca Puzzy
Imagem: Divulgação

A embalagem do Puzzy não é a das melhores e lembra produtos oferecidos em motéis para quem esqueceu de levar shampoo ou lubrificante. Mas, tudo bem, não era isso que importava. Uma vez com o frasco, borrifei na mão - assim como quando testamos perfumes em lojas - e tive a primeira grande decepção.

O cheiro de chiclete de morango é quase que insuportável e fica impregnado. Foi necessário lavar várias vezes a minha mão para que eu começasse a cheirar um pouco menos como uma sala de jardim de infância. O odor doce e enjoativo já me acendeu um alerta: nada de tesão pode surgir disso.

Achei que, como a intenção é passar na "pepeca", seria possível lambê-lo, certo? Afinal, para mim é claro que você usa um perfume desses para que ele seja sentido durante o sexo oral. Passei a língua na minha mão e foi como ter lambido álcool gel. Péssimo.

Tinha chegado a hora da verdade e avisei a minha cobaia (também conhecido como "meu namorado") que iríamos testar o Puzzy. Aqui, caro leitor, assumo que errei. Deveria ter usado o perfume e apenas ver a reação do homem, mas deixei essa passar. Expliquei para ele o que era e o cheiro proposto.

Ele não foi exatamente entusiasta da ideia, mas conversei com o rapaz em questão e o convenci de que deveríamos testar o produto.

O manual de instruções explica que, para usar o perfume, você passa na virilha e nas roupas íntimas, não é dentro da vulva. Fiquei um pouco mais tranquila de não ter que borrifar algo dentro de mim. Além disso, é preciso manter uma distância de 20cm do frasco e da pele.

Passei o Puzzy umas duas horas antes do teste final e fui.

A experiência é normal. Se você passa da maneira que o fabricante indica, o cheiro acaba ficando mais suave e agradável, mas não afeta em nada. Segundo o homem utilizado como juiz neste caso, é como se eu tivesse usado um sabonete de frutas. Não atrapalha, não é digno de perder o tesão, mas não me deixa mais atraente ou é afrodisíaco. Ele só acrescenta um odor diferente, nada demais.

Como passei com os 20cm recomendados e um bom tempo antes, o rosto do moço que me ajudou no experimento não ficou com resquícios da fragrância da Anitta. Apenas o cheiro natural que se mantém em rostos daqueles que acabaram de praticar um sexo oral.

Puzzy - Fernanda Talarico/ UOL - Fernanda Talarico/ UOL
Depois de vários testes, ainda tem bastante Puzzy no frasco
Imagem: Fernanda Talarico/ UOL

Puzzy no trabalho

Como o perfume íntimo estava comigo - e eu não pretendia usar muito mais vezes - comecei a usá-lo na minha rotina para ver a repercussão.

No primeiro dia, passei antes de entrar para trabalhar de maneira remota. Coloquei uma calça de moletom e sentei em frente ao computador. O tempo foi passando e senti o cheiro doce, achando até mesmo que poderia ser uma sobremesa, mas era apenas o odor que, às vezes, aparecia para me lembrar que eu tinha passado a fragrância.

Comentei com as colegas de trabalho que eu estava usando e, durante a cobertura do Rock in Rio, no show do Jason Derulo, até rolou uma piadinha: "chega o perfume da Anitta a evaporar".

Já no trabalho presencial, fiquei atenta para ver se alguém comentava ou sentia o cheiro. Apenas uma editora, quando perguntei, disse que identificava um odor diferente, mas nada que chamasse a atenção. Pedi a um amigo que fizesse um teste comigo e se abaixasse perto de mim para amarrar o cadarço. Ele não sentiu nada.

Assim como Anitta, tentando sensualizar em foto com o perfume íntimo - Acervo Pessoal - Acervo Pessoal
Assim como Anitta, tentando sensualizar em foto com o perfume íntimo
Imagem: Acervo Pessoal

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"Meu cachorro ia ficar louco com esse cheiro", disse uma amiga quando comentei sobre o Puzzy. Vi então uma oportunidade de mais um teste.

A cobaia da vez foi a Sookie, minha cachorra vira-lata de oito anos. Passei o perfume e me arrumei para ir trabalhar. Quando abri a porta do meu quarto, ela agiu como se eu tivesse brincado com outro cachorro e ficou desesperada para conseguir me cheirar.

Sabe quando os cães cheiram mulheres que estão menstruadas de uma maneira bastante constrangedora? Foi assim que ela reagiu. Segurei a Sookie, expliquei que era só uma ideia sem sentido da Anitta. O efeito passou rápido até mesmo para a cachorra, que pouco tempo depois parecia que não estava mais se importando com o cheiro do mix de morangos.

Anitta realmente usa?

Durante o período com o Puzzy, me perguntei a todo tempo se a diva do pop brasileiro realmente usa o produto.

Se eu tivesse que apostar dinheiro, diria que não passa o perfume em sua "larissinha" - como a mesma chama sua pepeca. Não faz parte do personagem que Anitta mostra ser, se importar com o cheiro que vão sentir durante o sexo. Para mim, ela sempre passou a imagem de mulher independente que está mais preocupada com o próprio prazer do que em agradar os outros. Já que o perfume não agrada ninguém - além dos cachorros dela - acho difícil.

Acredito que o lançamento do perfume não passe de uma maneira esquisita encontrada pela cantora para ganhar ainda mais dinheiro.

A conclusão é a de que nem eu, nem a Anitta, nem ninguém precisa gastar R$ 70,00 para colocar o cheiro de sorvete napolitano em suas partes íntimas. Ainda é possível acreditar que o orgasmo vence qualquer barreira e não precisa de ajuda para isso.

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