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Falabella critica política de Bolsonaro para cultura: 'Demônio'

Miguel Falabella interpreta o produtor de teatro Renato Silva na série "O Coro", criada por ele para o Disney+ - Divulgação
Miguel Falabella interpreta o produtor de teatro Renato Silva na série 'O Coro', criada por ele para o Disney+ Imagem: Divulgação

De Splash, em São Paulo

28/09/2022 04h00

Escritor, diretor, roteirista, dramaturgo e ator, Miguel Falabella estreia hoje a série "O Coro: Sucesso, Aqui Vou Eu", criada por ele para o Disney+. O projeto leva para o streaming os bastidores do teatro.

Prolífico e multifacetado, o artista critica as políticas públicas de incentivo à cultura, e afirma que a falta de investimentos tornam algumas obras inacessíveis para grande parte da população, sobretudo pelo alto custo que demandam.

Crítico ao governo de Jair Bolsonaro (PL), Falabella reprova o tratamento que a gestão tem dado à cultura — sobretudo, às Leis de Incentivo, como a Lei Rouanet.

"Então, aí, vamos entrar nessa discussão absurda de Lei Rouanet, que é patética, usada por esse demônio", desabafa, ao responder sobre a política atual para a cultura.

"Infelizmente, não temos ainda uma economia que mantenha o teatro musical, porque também nós não temos um público educado para isso, que entenda que, mais importante que comprar bolsinha da influenciadora é se formar como ser humano, ir ao teatro, se tornar uma pessoa mais interessante", declara.

Aos 65 anos, Falabella apoia a candidatura de Lula (PT) à presidência, e chegou a participar da super live "Brasil da Esperança", realizada em São Paulo na última segunda-feira (26) em apoio ao candidato.

"Vai demorar, mas estamos fazendo e estamos resistindo", continua, sobre os incentivos em prol da acessibilidade.

'As montagens são caras'

Falabella, afinal, dirigiu mais de 35 peças de teatro, dentre elas 12 musicais, além de ter participado de dez diferentes programas de TV e 14 filmes. É com esse currículo que ele encabeça "O Coro", a produção para o Disney+ sobre os bastidores do teatro.

Eternamente lembrado por comédias como "Sai de Baixo" e "Toma Lá Dá Cá", Miguel é uma grande referência para o teatro brasileiro, e explica por que os ingressos para as peças, em geral, são caros.

"Uma coisa que eu digo é que é caro lá [fora do Brasil] também", afirma, em entrevista a Splash.

"Agora, a Lea Michelle em 'Funny Girl' é algo 'incomprável', e o ingresso está, de modo geral, em US$ 100, 120 [o equivalente a algo entre R$ 538 e R$ 645]. Isso é um valor alto para um jovem", explica, tecendo uma comparação com a nova montagem de "Funny Girl - Uma Garota Genial" na Broadway, protagonizada pela eterna Rachel Berry de "Glee".

"Claro que é caro, porque são montagens muito caras, manutenções muito caras", continua. "Imagina [a peça] 'Donna Summer - O Musical', quanto não custava por mês manter aquele elenco inteiro, aquele cenário enorme que girava. É muito caro. Em 'Marrom', agora, são 22 atores em cena."

"Desde que eu fiz a primeira montagem, para a qual toda a produção veio da Argentina, nós avançamos bastante. No Prêmio Bibi Ferreira deste ano, veja quantos musicais brasileiros concorriam", diz.

"É um orgulho, é maravilhoso ver isso. E eu botei um tijolinho nessa história. Por isso, é importante a gente continuar, a gente resistir, porque [a cultura] é uma cápsula do tempo que mantém acesa a chama, mantém as canções vivas."