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NFT: Homem é investigado por queimar obra de Frida Kahlo de R$ 54 milhões

Destruição de obra original de Frida Kahlo seria parte de divulgação das vendas do quadro em NFT - Reprodução/Youtube
Destruição de obra original de Frida Kahlo seria parte de divulgação das vendas do quadro em NFT Imagem: Reprodução/Youtube

De Splash, em São Paulo

28/09/2022 11h03Atualizada em 29/09/2022 07h51

Um milionário norte-americano virou alvo de uma investigação após gravar um vídeo aparentemente queimando uma obra rara da artista Frida Kahlo, avaliada em US$ 10 milhões (cerca de R$ 54 milhões).

Martin Mobarak, fundador da empresa Frida.NFT, que vende versões digitais da obra da pintora, teria destruído a versão original de "Fantasmones Siniestros" como uma forma de promover as 10.000 peças em NFT disponíveis em seu site, "única conexão autêntica" do público com o quadro.

O evento em que o quadro teria sido destruído aconteceu em julho deste ano, em Miami. Um vídeo postado no Youtube da empresa, que cobriu toda a festa, começa com um texto afirmando que a pintora "foi eternizada em NFT" e que a destruição de sua obra foi um ato de "revolução" que ajudará "a resolver alguns dos maiores problemas mundiais em homenagem a ela".

"Eu espero que todo mundo possa entender, que todo mundo consiga ver o lado positivo", discursou Mobarak no vídeo publicitário, em que aparece retirando o que seria o desenho original de uma moldura, antes de colocar fogo nele dentro de uma taça de martini cheia de liquído inflamável, enquanto era aplaudido por uma pequena plateia.

O empresário afirmou que o lucro da venda das cópias em NFT será direcionado para o Palácio de Belas Artes, o Museu Frida Kahlo e várias organizações não governamentais dedicadas aos cuidados médicos infantis. "Nós transformaremos a vida de milhares de crianças", afirmou.

Mas, apesar das supostas boas intenções por trás do ato, o Instituto Nacional de Belas Artes do México abriu uma investigação para apurar a queima do quadro da pintora, declarando que, caso o norte-americano realmente tenha destruído a obra original, ele pode ser punido criminalmente.

"Fantasmones Siniestros" é considerada um "tesouro nacional" no México.

"No México, a destruição deliberada de monumentos artísticos constitui um crime segundo as leis federais que protegem monumentos e zonas arqueológicos, artísticos ou históricos", disse o instituto em nota ao NY Post.

"Todas as informações necessárias estão sendo averiguadas para podermos precisar se a obra destruída era o trabalho original ou uma réplica", concluiu o comunicado, que ainda deixou claro que o Palácio de Belas Artes, que serviu como espaço para o funeral de Frida, ainda não recebeu nenhuma doação de Mobarak ou de sua empresa.

Procurados pelo jornal estrangeiro, os assessores de Mobarak não enviaram nenhum posicionamento sobre o caso.

Em seu site, a iniciativa Frida.NFT afirma que o quadro da pintora "migrou permanentemente para o Metaverso", insinuando ainda que outros desenhos podem ter o mesmo destino.

"Considerando que este evento cria esperança para crianças e os mais necessitados, nós iremos realizar mais eventos históricos", destaca o vídeo do evento feito pela empresa em julho.