'O Coro': Miguel Falabella persegue sonhos em primeira série fora da Globo
Após ter encerrado o contrato fixo com a Globo em 2020, Miguel Falabella estreia esta semana sua primeira série em outra casa. Em "O Coro: Sucesso, aqui vou eu", o ator, escritor e diretor mistura algumas de suas grandes paixões em uma só trama: musicais, teatro e a busca por realizações no mundo do entretenimento.
A história acompanha dez jovens adultos que veem um anúncio de teste de elenco para uma grande companhia de teatro, comandada pelo produtor Renato Silva (Falabella) e sua esposa, Marita (Sara Sarres).
Esses jovens de diferentes origens sonham com uma oportunidade e vivem um misto de sentimentos nos bastidores do teatro: do deslumbramento ao medo de reprovação.
"Essa ideia eu tive há algum tempo, não só pela minha experiência profissional", relata Falabella, em entrevista a Splash. "São 12 musicais que eu dirigi. Então, passei por esse processo de ter que avaliar, que é tão difícil para nós que estamos avaliando quanto para quem está no palco e que, em 3 minutos, precisa dizer a que veio."
A conexão de Falabella com o mundo da dramaturgia é o que o instigou a criar a série e, além de extensa, é essencial para a popularização do teatro e de grandes montagens no Brasil.
Embora seja eternamente lembrado como Caco Antibes em "Sai de Baixo" ou Mário Jorge em "Toma Lá Dá Cá", Miguel é um dos responsáveis pela importação e tradução de peças premiadas da Broadway para os palcos nacionais.
"Não se esqueça que a primeira grande montagem que eu, Cláudia Raia e Tuca Andrada fizemos de 'O Beijo da Mulher Aranha' foi de quando, geralmente, as grandes produções vinham todas da Argentina, e nós não tínhamos o 'know-how'. Hoje, nós damos show e formamos uma galera impressionante", reforça.
Ao todo, Falabella já dirigiu mais de 35 peças de teatro, participou de mais de dez diferentes programas de televisão e 14 filmes.
Inspirações da realidade
Em "O Coro", os dez protagonistas são avaliados a partir de uma seleção musical, e Falabella conta que, para ele, a escolha do repertório passa por uma questão de identidade.
Se em grandes musicais dos palcos internacionais existem as referências das canções próprias de cada história (pense, por exemplo, nos hinos de peças como "Chicago", "Wicked" ou "Hamilton"), que ficam eternizadas na memória pública, Falabella escolheu uma vertente mais localizada para a trilha de sua ficção. Para ele, a série tem a função de resgatar a memória de clássicos nacionais para novas gerações.
"Eu fui a uma festa com amigos em Nova York, a filha [de um deles] tinha 17 anos e fez, na escola, um pot-pourri, uma apresentação em que os jovens cantavam Cole Porter, Gershwin...", recorda.
"E eu pensei no quanto é importante que as novas gerações tenham esse lastro do que foi feito antes deles, em termos de civilização, de cancioneiro, até para seguir e criar. Fiquei com isso na cabeça."
Por isso, em "O Coro", Falabella vai de clássicos da Jovem Guarda a sucessos dos Titãs.
"Como nós não temos um cancioneiro específico de teatro musical, falei: eles vão cantar clássicos da MPB e músicas icônicas de várias gerações. Então, eu separei por episódio.
Tem MPB, sertanejo, rock, anos 80, Jovem Guarda, Tropicália, Raul Seixas. Foi muito bonito ver essa garotada redescobrindo essas harmonias que são nossas e que nos formaram enquanto povo, enquanto nação.
Miguel Falabella sobre as escolhas musicais da série 'O Coro'
Versão brasileira?
Com a premissa de um grupo de jovens envolvidos com uma produção musical, fãs de séries na internet rapidamente associaram "O Coro" a uma espécie de versão brasileira de "Glee", sucesso teen que ficou no ar de 2009 a 2015.
Embora não se interesse muito pela comparação, Falabella não se mostra incomodado — e aponta que há certos pontos em comum entre as duas séries no que elas representam.
"Um pouco, talvez", cogita, sobre a suposta semelhança.
"Acho bacana. Até porque eu adoro 'Glee', eu assistia. Acho que todas essas séries são pretextos para resgatar e se resguardar essas pérolas do cancioneiro — no caso deles, o norte-americano; no nosso, o brasileiro. Mas também é diferente, porque 'Glee' é em uma escola e ['O Coro'] se passa em um teatro, durante um processo de audição."
Além disso, para ele, a busca pelos objetivos é universal.
"Os sonhos são comuns. Sonhos de estrelato, de realização. Eu e você somos pessoas diferentes, e provavelmente trilharíamos caminhos diferentes em uma mesma carreira. Talvez ambos chegássemos lá, talvez não."
Mas o teatro musical me ensinou que você não precisa, necessariamente, ser uma estrela para ser feliz. O teatro musical é um lugar feliz, e foi isso que eu tentei passar na série.
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