A pesquisa perturbadora e obscura feita por ator para viver Jeffrey Dahmer
"Dahmer: Um Canibal Americano" está se tornando um grande sucesso de público na Netflix, mas interpretar o serial killer Jeffrey Dahmer deixou algumas consequências emocionais no ator Evan Peters.
Aos 35 anos, Peters é um dos "queridinhos" do criador da série, Ryan Murphy, e já interpretou outros vilões sinistros em nove temporadas da antologia "American Horror Story". Nenhum deles, no entanto, parecer ter traumatizado o ator quanto o assassino em série e canibal capturado em 1991.
Em "Dahmer: Um Canibal Americano", ele interpreta o homem que matou 17 rapazes nos Estados Unidos entre 1978 e 1991. Os crimes eram considerados hediondos e causam repulsa pelos níveis de crueldade envolvidos.
Durante os assassinatos, Jeffrey costumava dopar suas vítimas e abusava de seus corpos cometendo estupro e necrofilia. Depois que suas vítimas morriam, ele dissolvia os corpos em ácido ou cortava para comer a carne.
Pesquisa perturbadora
Peters conta que, quando recebeu a ligação de Murphy sobre o papel, começou a fazer a sua pesquisa imediatamente. No entanto, assistir a entrevistas concedidas pelo assassino causou no artista medo e repulsa.
"Em encontrei no YouTube alguns áudios do que parecia ser algum psicólogo entrevistando Dahmer, ou até mesmo um detetive, e [Jeffrey] conta pelo que passou. Ele fala de uma forma muito sincera, muito normal", relata, detalhando que a tranquilidade é algo que lhe causou incômodo.
Eu estava com muito medo de tudo o que ele fez, e de mergulhar nisso e comprometer-me a fazer o meu melhor no que seria com certeza uma das coisas mais difíceis da minha vida, porque eu queria que ficasse bastante autêntico. Mas, para isso, eu precisava acessar a lugares muito obscuros e ficar lá por um grande período.
Evan Peters, sobre processo de imersão em Jeffrey Dahmer para série da Netflix
Evan, que também é conhecido por interpretar Mercúrio na saga "X-Men" e por participar da série "WandaVision" (2020), contou precisar se policiar para não mergulhar demais nas pesquisas sobre Jeffrey Dahmer.
"Ao me perder nisso, era um desafio tentar olhar para essa pessoa que aparentemente era tão normal, mas que por baixo escondia um mundo inteiro de segredos", contou para a Netflix. "Eu li tanta coisa, vi tanta coisa que, em um certo ponto, alguém tinha que dizer: 'Ok, isso é o suficiente'", completou em entrevista para a revista Variety.
'Não é um documentário'
Apesar do sucesso de visualizações na Netflix, "Dahmer: Um Canibal Americano" tem recebido críticas nas redes sociais por uma abordagem supostamente romantizada do assassino. Um familiar de uma das vítimas se pronunciou contra a atração, alertando para o sofrimento que causa aos sobreviventes.
No entanto, Peter reforça que Ryan Murphy tinha um pedido especial para ele durante as filmagens: "Tínhamos uma regra de Ryan, que nunca contaríamos a história do ponto de vista de Dahmer."
Para conseguir se manter distanciado do personagem, Peters tinha sempre um pensamento em alerta:
"É sobre manter a ideia fixa do porquê de estarmos contando essa história, e usar isso como um guia. Mas há tanto material sobre Dahmer que é importante soar autêntico", prossegue, alertando para que a série não pretende ser um documentário.
"Podemos brincar com níveis de naturalismo e grandes momentos televisivos voltados para o entretenimento", ele diferencia. "É quase uma escolha cena a cena, uma questão de decidir 'ok, isso aqui ele fez na vida' ou 'não, isso ele não fez, mas tudo bem, pois funciona para a história que queremos contar'."
Ator defende série de críticas
Em meio aos debates sobre a abordagem da história, Peters mantém sua posição como defensor da versão fictícia. "Como parte da audiência, você não simpatiza com ele, não se compromete com ele, você assiste do lado de fora."
É a história de Jeffrey Dahmer, mas não é apenas a história dele. São as repercussões. É como a sociedade e nosso sistema falharam ao tentar impedi-lo múltiplas vezes, graças ao racismo, à homofobia... É uma história trágica, e todos os lados são contados.
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