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Influenciador que levou filhos menores ao motel em BH se manifesta: 'Errei'

Adriano Gonçalves Castro, 34, tinha mais de 400 mil seguidores em perfil no Instagram, que saiu do ar após prisão - Reprodução/Instagram
Adriano Gonçalves Castro, 34, tinha mais de 400 mil seguidores em perfil no Instagram, que saiu do ar após prisão Imagem: Reprodução/Instagram

De Splash, em São Paulo

29/09/2022 20h24

O influenciador digital Adriano Gonçalves, de 34 anos, que foi preso na última semana suspeito de agredir uma garota de programa em um motel de Belo Horizonte (MG), se manifestou, na tarde de hoje, negando a acusação. Ele também se desculpou por ter levado os filhos menores de idade para o motel.

Em postagem no Instagram, ele, que também trabalha como cabeleireiro, admitiu que "confundiu" paternidade com amizade na tomada de decisão de levar os filhos de 15 e 16 anos ao motel com duas garotas de programa.

Ali, no calor da emoção, acabei compactuando com a vontade deles, acabei confundindo paternidade com amizade. Sem medir consequências, por impulso, um ato que hoje em sã consciência eu repudio. Sei que eu errei, jamais faria isso novamente.
Adriano Gonçalves

Após uma enxurrada de críticas pelos cuidados com os filhos, o influenciador digital afirmou que tem cuidado dos jovens com "muita dedicação e amor".

"Eu coloquei eles na profissão, eles trabalham comigo, moram comigo. Eu sempre tento proporcionar o melhor para eles, mas realmente eu cometi essa falha, eu cometi esse erro. Em um momento de felicidade, alegria, acabei caindo nessa situação lamentável que quase acabou com minha vida, com minha carreira, com minha história", disse.

Adriano Gonçalves, inclusive, negou que uma das garotas de programa tenha sofrido agressão. De acordo com o boletim de ocorrência obtido por Splash, uma das profissionais afirmou que foi agredida no rosto pelo influenciador durante o ato sexual.

Eu passei anos da minha vida me dedicando a cuidar da beleza, da autoestima e de empoderar as mulheres (...) Eu jamais seria capaz de exercer algum tipo de violência contra a mulher. Eu não vim no mundo para isso, eu vim no mundo para empoderar, encorajar e exaltar a beleza delas.
Adriano Gonçalves

No vídeo, o influenciador apenas não se defendeu da acusação de ter retirado a camisinha durante o ato sexual sem o consentimento da mulher.

"Eu diria que renasci e vou tirar forças de onde não tenho para reconstruir a minha história. Eu tenho certeza da minha inocência", finalizou.

Entenda o caso

Adriano Gonçalves Castro, 34, foi detido na madrugada de ontem, após ser denunciado por uma das mulheres, de 21 anos, que afirmou ter sido agredida por ele durante o encontro e forçada a fazer sexo sem preservativo com o cliente. Ao chegar ao local, os policiais descobriram sobre a presença dos menores, que teriam entrado escondidos no carro do pai.

O cabeleireiro tinha status de influenciador nas redes socais, com mais de 400 mil seguidores no Instagram, onde compartilhava seu trabalho especializado em luzes e coloração. A conta de "Adriano Hairstylist" já não está mais no ar na manhã de hoje.

A vítima que denunciou Adriano afirmou que ela e as duas colegas foram abordadas pelo homem em uma boate da capital mineira. Lá, elas teriam acertado detalhes sobre o programa, com um pagamento de R$ 1 mil para cada uma. Segundo ela, já durante a relação o suspeito começou a ser mais agressivo, puxando seus cabelos e dando um tapa em seu rosto.

Ela ainda afirmou que ele tentou ter relação sexual sem preservativo, mas após negativas da parceira, que afirmou não se relacionar com clientes sem o uso de camisinha, Adriano aceitou colocá-la.

A violência teria continuado quando, apesar dos pedidos da mulher, o cabeleireiro retirou a proteção ainda durante o ato. Ao perceber que ele não estava mais com o preservativo, a mulher decidiu cobrar o dobro do valor acertado para o programa, momento em que o suspeito se irritou, de acordo com o depoimento, levando-a a chamar a polícia.

A vítima disse ter registrado imagens da discussão após o programa e sua versão foi confirmada pelas outras mulheres contratadas pelo suspeito, de 19 e 29 anos.

Ao chegar ao local e notar a presença dos filhos de Adriano no motel, policiais militares questionaram funcionários sobre a entrada dos adolescentes junto aos adultos, mas eles alegaram que não viram os jovens dentro do veículo e que acreditavam que os dois estavam escondidos.

Outro lado

Em depoimento, Adriano afirmou que ele e os filhos foram ao Mineirão na noite de quarta-feira (21) e que, após assistirem a Cruzeiro e Vasco, pela Série B do Campeonato Brasileiro, foram até uma casa noturna da região.

O homem declarou que toda sua relação com a garota de programa foi consensual e que se irritou apenas depois de ela cobrar o dobro do valor acertado inicialmente que, na versão dele, foi de R$ 500.

As informações foram repassadas a Splash pela Polícia Militar de Minas Gerais, que não deu mais detalhes sobre a resposta do suspeito à presença dos filhos adolescentes em um motel e o envolvimento dos dois com as mulheres.

Além da situação flagrada essa semana, os garotos já estariam sem frequentar escola há dois anos, o que também pode levar o pai a ser indiciado pelo crime de abandono intelectual. A mulher que se relacionou com Adriano foi encaminhada para o Hospital Odilon Behrens, para receber cuidados protocolares após relações sem preservativo.

O caso é investigado pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente e o suspeito foi encaminhado ao sistema prisional. Splash tenta localizar os advogados de Adriano, que teve suas páginas em redes sociais retiradas do ar após a prisão sem a publicação de alguma nota de defesa. O espaço permanece aberto para manifestação.

Em nota de posicionamento, o salão Mood Beauty, do qual o cabeleireiro era sócio, afirmou que "todos foram igualmente surpreendidos com a notícia" e disse que o influencer "permanecerá afastado da empresa integralmente" enquanto o caso não é elucidado.

Em nota à reportagem, a Polícia Civil de Minas Gerais afirmou que ratificou a prisão em flagrante do cabeleireiro, feita pela PM, "pela prática dos crimes de abandono intelectual, fornecer bebida alcoólica e drogas ilícitas a menor de 18 anos e conjunção carnal mediante fraude (stealthing) - que consiste na retirada do preservativo durante a relação sexual, sem o consentimento da outra pessoa".

"Os adolescentes foram ouvidos e entregues a um familiar. O caso segue em investigação e sob sigilo na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente. Informações poderão ser repassadas à imprensa ao final da investigação", concluiu o comunicado.