Marco Pigossi fala sobre medo ao se assumir gay: 'Era uma coisa nacional'
Protagonista da produção da Netflix "Cidade Invisível", Marco Pigossi se assumiu gay no ano passado, dizendo que levou seu tempo porque "tinha muito pânico de qualquer coisa acontecer". Em nova entrevista ao podcast "Calcinha larga", o ator fala sobre esse processo, seu novo documentário e seu namorado, o diretor Marco Calvani.
"Me descobri gay muito cedo e veio uma fama muito grande para mim também, né? [...] Tinha o peso da coisa do armário. E tinha a coisa do galã. Então, sair do armário, para mim, não era para minha mãe e para os meus amigos. Era para milhões e milhões de pessoas", contou Pigossi.
Falando sobre o que ele chama de "privilégio do armário", em referência às pessoas não saberem que ele era gay e, assim, usufruir os privilégios de um homem heterossexual, Marco diz que tinha medo do que ia acontecer com sua carreira na TV: "Não é que "ai, vou sair do armário mas ali no meu escritório de advocacia ninguém sabe", entende? Era uma coisa que era nacional".
"Eu nunca vou conseguir sentir o que a Erika (Hilton, deputada trans) sentiu. Cada um tem o seu processo nesse lugar (...) Sempre usufruí desse 'privilégio do armário'", comenta o ator.
Devido a esse privilégio que ele sentia, o ator afirma que "tinha essa culpa, essa dívida com a comunidade [LGBTQ+]", de onde nasceu seu novo documentário, "Corpolítica". Tratando das candidaturas LGBTQ+ nas eleições municipais do Rio de Janeiro, em 2020, a produção tem direção de Pedro Henrique França e participação da deputada federal Erika Hilton.
Sobre seu namorado, o diretor italiano Marco Calvani, Marco Pigossi brincou sobre o primeiro encontro dos dois, especialmente sobre os dois terem o mesmo nome. Além disso, afirmou que sente que o fato de ambos serem homens brancos e "que podem ter uma casinha" facilitou a aceitação do público.
"Quando eu o conheci, ele falou: 'Eu me chamo Marco'. E eu falei: 'Putz... Isso não vai dar certo, não dá' (risos). Foi uma surpresa (a recepção dos internautas ter sido boa), mas... É o padrão, né? São dois homens brancos, bonitos, que podem ter uma casinha... Isso a gente até aceita, né? (...) Meu processo foi muito diferente", afirmou.
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