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Eriberto Leão desabafa: 'Hoje ninguém ouve, todo mundo só quer falar'

Colaboração para Splash, do Rio

06/10/2022 04h00

O ator Eriberto Leão foi o convidado de Otaviano Costa no "OtaLab" desta semana. No papo, o ator falou de "O Astronauta", peça teatral que ele protagoniza, e também de seu mais recente filme, a comédia dramática "Maior que o Mundo".

O longa é dedicado à escritora, roteirista e atriz Fernanda Young, morta em 2019, aos 49 anos.

"Foi o último filme dela", lamentou Eriberto, que relembrou a amizade que os dois iniciaram no set de filmagem.

Foi uma das pessoas mais inteligentes com quem eu já conversei.

Eriberto contou que, apesar de gostar de falar muito ("vocês devem ter percebido", brincou), ele geralmente ficava mais em silêncio nos papos com Fernanda.

Eu só escutava. Eu só queria aprender. Aliás, eu prezo muito a arte de ouvir. Está faltando isso pra galera hoje em dia. Todo mundo só quer falar.

"E eu ouvia a Fernanda, que era de uma sabedoria, uma generosidade, uma força, uma inteligência absurdas", disse.

Eu estive, nesses dias de gravação, com uma das mulheres mais geniais da história deste planeta.

Fora da Globo: 'Vou continuar fazendo novelas'

Eriberto Leão está em cartaz no Rio de Janeiro com a peça "O Astronauta". Ou, como definiu Otaviano Costa no programa do UOL, o ator está "no espaço sideral, explorando novos planetas". Esta é a primeira semana do resto da vida do ator após quase duas décadas de TV Globo.

"Ontem (segunda-feira) foi meu primeiro dia, depois de 19 anos de Globo", contou Eriberto para o UOLditório. Empolgado, o ator falou de sua peça, uma viagem sideral inspirada em Stanley Kubrick e David Bowie, e de outros projetos.

Quero transformar 'O Astronauta' em podcast, estou narrando audiobooks, desenvolvendo uma série... Estou experimentando novas galáxias.

A saída da Globo, é claro, alterou sua rotina. "Isso interfere completamente no seu dia a dia. Ainda mais um dia a dia de 20 anos", contou. O fato de ter chegado aos 50 anos em 2022 também pesou. "Me parecia ser o novo caminho a seguir", disse.

Aos 50 anos, olhei pra frente e pensei que precisava assumir uma autoralidade maior na minha vida, com liberdade plena.

A agora ex-"firma", no entanto, tem um lugar especial em seu coração.

Sou muito grato à Globo. Realizei grandes obras lá e conquistei ferramentas, foram anos de muito aprendizado que agora eu quero usar de outra forma. Mas continuarei fazendo novelas! Só que agora os contratos serão diferentes.

Metamorfose ambulante

No "OtaLab", Eriberto Leão se definiu como um "cara da Contracultura", devoto da produção artística e filosófica dos anos 1950 aos 1970. Depois de avisar que se prepara para fazer um show dedicado a Raul Seixas, um de seu ídolos, Ota puxou o coro para o UOLditório cantar "Metamorfose Ambulante".

O apresentador aproveitou o gancho da letra ("Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante / Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo") e perguntou: "Qual foi a opinião que você mudou recentemente?".

Depois de elogiar a música de Raul Seixas ("essa obra é um hino espiritual"), Eriberto foi direto:

Eu mudo de opinião o tempo inteiro.

E citou o exemplo mais recente: "Eu achei que ia ficar na Globo até muito velhinho".

Mas resolvi seguir por outras galáxias. A gente está sempre em mutação.

OtaLab

O "OtaLab", o programa de internet que parece TV, vai ao ar toda terça-feira, às 11h, e pode ser acompanhado pelos canais do Splash no YouTube, Twitter e Facebook. Você pode assistir a toda a programação do Canal UOL aqui.