Duda Beat: 'Já sofri preconceito, mas o Nordeste é fod* e Lula vai ganhar'

Duda Beat completa 35 anos hoje, prepara show no Rio de Janeiro para comemorar o novo ciclo e está esperançosa em relação ao Brasil. É o que a pernambucana indicada ao Grammy Latino do ano passado conta em entrevista a Splash.

Apoiadora do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ela acredita na vitória do petista no segundo turno das eleições deste ano, mas lamenta os ataques xenofóbicos que o Nordeste enfrenta após o resultado do primeiro.

"Eu fiquei muito triste. É um absurdo que ainda exista qualquer tipo de preconceito. Esse me atinge diretamente porque eu já sofri preconceito várias vezes por ser nordestina, mas a verdade é que o Nordeste é fod*, entendeu? É muito lindo olhar que Lula ganhou no Nordeste inteiro. É saber que a galera da minha terra pensa igual a mim. Lula vai ganhar", diz a cantora.

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"A gente tem que falar sobre como o povo nordestino é maravilhoso. A gente é um povo de muita raça, de luta e que acredita muito num futuro melhor. Tem que acabar a xenofobia e qualquer outro preconceito. É realmente muito triste que ainda haja pessoas que falam mal de nordestino como foi no caso agora. Vi esses ataques como um desespero da oposição", completa.

Duda, que é uma das artistas que gravou o jingle da campanha de Lula, enxerga o resultado do primeiro turno como favorável ao petista.

"Chegou o momento do amor realmente vencer o ódio assim. Na minha faculdade de Ciência Política, eu aprendi que a gente precisa ler os programas de governo dos candidatos e o dele me agrada, sabe? Agrada a maioria pelo que a gente viu no primeiro turno. Nesse momento, estou bem esperançosa e a gente vai conseguir eleger o Lula. Ano que vem, a gente vai começar a escrever uma história nova para o nosso país. Eu acredito muito na renovação. Olha quantidade de LGBTs que estão como deputados, muitas mulheres foram eleitas", acredita.

"O que me deixou triste [no primeiro turno] não foi o medo do Lula não ser eleito, mas ver que tantas pessoas ainda acreditaram nesse discurso da oposição. Nem gosto de falar o nome dessa criatura. É muito triste ver que ainda existe uma grande parte da população conservadora que acredita em um governo que já não deu certo", argumenta.

Chegada aos 35: em paz com a carreira e sensual

Após estrear no Rock in Rio em setembro, Duda Beat chega aos 35 como um dos principais nomes da nova MPB e com dois álbuns de estúdio lançados. Além de comemorar a boa fase da carreira, ela celebra poder encontrar os fãs no show que faz hoje no Circo Voador, região central do Rio, às 22h.

"Passei dois anos da pandemia sem poder comemorar o meu aniversário com os fãs. Eu vou ter essa oportunidade hoje, de estar junto com quem eu amo, com quem me ama, fazendo o que eu mais gosto na vida: cantar, subir no palco e trocar energia com o público. Meus pais vieram de Recife e estão aqui também. Estou fazendo 35 e juntinho com a galera que me curte", diz.

Na entrevista a Splash, ela adianta que esse show da turnê do disco "Te Amo lá Fora" terá surpresas, banda completa, bailarinos e mais tempo de duração. Afinal, como a festa é dela, não tem hora para acabar.

" Vou cantar algumas músicas que já saíram do repertório por mil motivos. Normalmente, os shows têm um horário muito delimitado. Como a festa é minha, eu vou poder cantar quanto tempo eu quiser... 'Egoísta' e 'Meu Coração' são músicas que vão estar no repertório e que eu não canto normalmente, mas a galera pede muito", adianta.

Além de estar feliz com a consolidação da carreira, ela revela que chega aos 35 em paz consigo própria e confortável de explorar a sensualidade nos discos e shows.

"Eu sou uma mulher de 35 anos, adoro ser sensual e estar com roupas diferentes. Acho que tudo pode. Não me encaixo nos padrões. A gente é livre para ser o que a gente é. A maturidade me traz essa segurança em relação a isso. Me sinto bem com a minha pele, com a minha imagem, com a minha própria música e tantas outras coisas", diz.

"Cheguei aqui de boa sem passar por cima de ninguém, sabe? Só fazendo a minha parada. Alguns dos meus ídolos me admiram e sabem quem eu sou. Isso é fod*, entendeu? A minha reflexão aos 35 é que estou muito bem e feliz", afirma.

'Quem vai fazer música para minha geração?'

Duda acredita que a consolidação da carreira é fruto de um trabalho sem fórmulas ou tendências impostas pelo mercado fonográfico e da mistura diversos gêneros musicais, originando um estilo quase próprio e "fora da curva", o pop sofrência. Ela conta que essa mescla de sons é natural, pois é o que escuta no dia a dia

"Eu tento não me influenciar pela pressão de mercado. Eu estava até falando sobre isso esses dias: o quão importante é o artista precisar do ócio criativo, do parar e pensar. É sobre olhar para si mesmo e parar de ficar olhando demais para o lado. É não seguir fórmula, é não se render ao que as pessoas estão fazendo, ao que o TikTok está mostrando como tendência. Pelo contrário, cada vez que você é original e coloca seu som no mundo, mas você brilha", pensa.

"Eu adoro TikTok, acho massa, mas eu também penso como a Adele: se todo mundo faz música para TikTok, quem vai fazer música para minha geração? Sou uma mulher que completa 35 anos, acho massa, o TikTok descobriu muitos talentos maravilhosos e exemplos incríveis, mas vou sempre me tentar fiel às coisas que eu acredito. Isso é o que vai fazer dar certo e ter uma carreira longa. Eu olhar para trás e não me arrepender de nada que coloquei no mundo", reflete.

Duda defende seu tempo de criação sem pressa. Após lançar "Te Amo Lá Fora" em 2021, ela quis tempo para levá-lo à estrada e apresentar aos fãs. Mas ela já adianta que no próximo ano deve lançar um novo disco, o terceiro de sua carreira.

"Sinto que estou curtindo muito o momento presente... Mas, com certeza, vamos ter novidades. Esse ano tem alguns feats para sair. Ano que vem tem disco novo e singles desse disco. Tem muita coisa legal para acontecer, mas, nesse momento, estou curtindo o presente e terminando essa turnê que eu amo tanto de uma maneira bem bonita", finaliza.