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O que é deepfake, que faz mocinha de Lucy Alves sofrer em 'Travessia'?

Vítima de fake news, Brisa é intepretada por Lucy Alves em "Travessia" - Fabio Rocha
Vítima de fake news, Brisa é intepretada por Lucy Alves em 'Travessia' Imagem: Fabio Rocha

De Splash, no Rio

12/10/2022 04h00

"Travessia", nova novela das 21h da Globo, narra o desafio de Brisa, personagem vivida por Lucy Alves, para provar que não é uma sequestradora de bebês.

Isso porque ela teve seu rosto usado na montagem de uma foto de maneira irresponsável por Rudá (Guilherme Cabral), filho do primeiro casamento de Guida (Alessandra Negrini) e sobrinho de Leonor (Vanessa Giácomo). Vivendo em Portugal, Rudá trocou o rosto da real criminosa pelo de Brisa em uma brincadeira com um amigo.

A novela de Glória Perez vai mostrar como uma foto alterada pode viralizar nas redes sociais, criar uma história falsa e mudar negativamente a vida de alguém. No caso de Brisa, ela vê sua vida mudar radicalmente ao ser confundida na rua com a tal criminosa. Ela é cercada por um grupo de pessoas em São Luís (MA) e precisa fugir para evitar que seja linchada.

Por meio dessa narrativa, a novela escrita por Glória Perez aborda um debate atual envolvendo um dos perigos do avanço da tecnologia: a deepfake.

Em tradução literal, o termo se refere a uma "mentira profunda". Pode soar algo novo para uma parte dos telespectadores, mas já é uma realidade.

Pode-se explicar as deepfakes como montagens produzidas a partir do uso de inteligência artificial, tanto no formato de imagens, áudios ou vídeos, que são difíceis de ser identificadas a olho nu e se espalham rapidamente.

Elas geralmente usam mídias artificiais com base em um grande volume de arquivos de um indivíduo. Assim, a inteligência artificial consegue forjar e modificar uma narrativa, criando situações falsas que buscam enganar o espectador. Na história de Glória Perez, por exemplo, rostos são trocados em fotos por meio de um aplicativo no celular.

A deepfake é uma prática que surgiu no universo da pornografia para colocar rostos de famosas em corpos de atrizes que fazem filmes pornô, mas tem sido amplificada e feito vítimas no mundo das celebridades e na política.

Recentemente, Anitta teve seu rosto inserido em um vídeo pornográfico após declarar apoio a Luis Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. Aliás, os rostos dos presidenciáveis, Lula e Jair Bolsonaro (PL), também já foram inseridos em vídeos com deepfake.

No início do período eleitoral, circulou no WhatsApp, Twitter e Youtube uma montagem que mistura a voz da apresentadora do Jornal Nacional Renata Vasconcellos com os resultados de uma falsa pesquisa de intenção de votos. O vídeo é, na verdade, uma alteração da edição do dia 15 de agosto do principal telejornal da Globo.

Inspirada em um caso real

A ficção foi inspirada em um caso real: o linchamento de Fabiane Maria de Jesus. Dona de casa, casada e mãe de duas crianças, ela foi espancada até a morte por moradores do próprio bairro, o Morrinhos, que fica na periferia de Guarujá, no litoral de São Paulo, em 2014.

A dona de casa de 33 anos foi confundida com uma suposta sequestradora de crianças, que teve o retrato falado divulgado em páginas do Facebook. No dia 3 de maio, Fabiane tinha saído de casa usando uma bicicleta para buscar uma Bíblia e ir à casa de uma parente, mas nunca chegou lá.

Segundo a Polícia Civil, o retrato falado ligado equivocadamente a Fabiane era de 2012, ou seja, de dois anos antes. Tratava-se de uma mulher acusada de tentar roubar um bebê do colo da mãe em uma rua da Zona Norte do Rio de Janeiro. Dessa maneira, não havia qualquer sequestradora de bebês sendo procurada na cidade em que vivia a dona de casa.

Ela foi vítima de uma fake news não envolvia inteligência artificial, mas, sim, uma foto retirada de contexto.