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Chamado de traficante por bolsonaristas, ator do Alemão fez série da Globo

Diego Raymond posou com Lula em foto tirada no domingo - Reprodução/Instagram
Diego Raymond posou com Lula em foto tirada no domingo Imagem: Reprodução/Instagram

De Splash, em São Paulo

13/10/2022 15h17Atualizada em 13/10/2022 15h32

O ator Diego Raymond, de 37 anos, está sendo atacado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) após tirar uma foto com Luiz Inácio Lula da Silva na visita do candidato petista ao Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro (RJ), na tarde de ontem.

Bolsonaristas compartilharam o registro nas redes sociais dizendo que Diego "é um dos maiores bandidos do Rio de Janeiro", é um "matador de policiais" e afirmando que o rapaz "portava um fuzil há poucos meses".

Diego é um ex-traficante do Complexo do Alemão, que se entregou à polícia em novembro de 2010, há cerca de 12 anos. Ele tinha 25 anos e foi convencido pela mãe a se render na véspera da ocupação da comunidade. Na época, era conhecido como "Mister M" e foi preso por associação ao tráfico de drogas. Depois de nove meses de reclusão, foi solto, absolvido das acusações e ingressou na carreira artística.

Desde então, Diego já atuou em duas séries originais do serviço de streaming Globoplay: na terceira temporada de "A Divisão", prevista para estrear em 2023, e em "O jogo que mudou a história", sem previsão de lançamento.

Além de ator, Diego também é modelo, atleta de crossfit, jogador de futebol americano e faixa roxa de jiu-jitsu.

Diante dos ataques, o artista se manifestou nas redes sociais e justificou seu apoio a Lula.

"O 'cidadão' na foto é Diego, ator de série de sucesso (estreia da nova temporada de 'A Divisão' prevista para meados de 2023), modelo, atleta de futebol americano e de crossfit, absolvido de todas as acusações e que teve uma origem difícil, como a maior parte dos brasileiros, mas segue a luta diária do preto e pobre. Meu voto é Lula contra essa gente desprezível, contra quem criminaliza a pobreza, pra que a gente possa andar de cabeça erguida na rua sabendo que o pobre e o preto são tratados como iguais e que as histórias das crianças das favelas do RJ vão ser diferentes", escreveu.

Após as publicações, o ator recebeu apoio de seguidores nas redes sociais.

"Desnecessários certos julgamentos. Segue sua vida, seus trabalhos e que Deus te abençoe. Vão falar de qualquer forma, pouco se sabe e muito se diz", comentou um seguidor na postagem.

"É nesse papel que eles querem nos ver, mas você deu a volta por cima", elogiou outro.

Diego quer ser exemplo de superação

O convite para as séries veio por meio de José Junior, produtor e fundador do grupo AfroReggae.

"Quando eu me entreguei para a polícia, o José Júnior foi até a delegacia e me perguntou se eu estava disposto a recomeçar a minha vida e, que se eu tivesse, já teria um emprego com carteira assinada ao sair da cadeia. Quando eu fui libertado, fui trabalhar no AfroReggae, onde fiz diversos cursos. Virei cinegrafista e, por isso, já conhecia os bastidores do audiovisual", contou.

Em julho deste ano, Diego disse que pretende inspirar outras pessoas com sua história de vida.

Sair do crime não é algo fácil, mas existe um caminho e eu quero mostrar isso para os outros. Eu costumo postar sobre as minhas vitórias nas redes sociais, mas eu não faço isso para tirar onda. Eu posto justamente para mostrar para aqueles que ainda estão lá que há uma luz no fim do túnel. Quero ser uma prova de que bandido bom não é bandido morto. As pessoas precisam de oportunidades. Diego Raymond