Topo

Morto aos 72 anos: como ator de Hagrid reagiu a transfobia de Rowling?

Daniel Radcliffe e Robbie Coltrane contracenaram como Harry e Hagrid em todos os filmes "Harry Potter" - Divulgação
Daniel Radcliffe e Robbie Coltrane contracenaram como Harry e Hagrid em todos os filmes 'Harry Potter' Imagem: Divulgação

Alexandre Santos

Colaboração para Splash

15/10/2022 04h00

O ator Robbie Coltrane, que morreu na sexta-feira aos 72 anos, em um hospital na Escócia, ficou famoso pelo personagem Hagrid nos filmes da saga "Harry Potter". Com ele, a pressão de comentar as falas transfóbicas de J.K. Rowling.

Em junho de 2020, a escritora e roteirista britânica ironizou a expressão "pessoas que menstruam", utilizada para incluir homens transsexuais. À época, J.K. afirmou, dentre outras publicações no Twitter e em seu site, que a palavra "mulheres" já seria suficiente para denominar o grupo.

Meses depois, em entrevista à Radio Times, Coltrane minimizou o teor do que J.K escrevera. "Eu não acho que o que ela disse foi ofensivo realmente. Não sei por quê, mas há uma geração inteira de pessoas no Twitter esperando para serem ofendidas. Elas não teriam vencido a guerra, certo? Sou eu falando como um velho rabugento", disse Coltrane, de acordo com o jornal The Independent.

"Essa é a minha opinião, falando como um velho ranzinza. Mas você pode pensar: 'Supere! Erga a cabeça e siga em frente'. Eu não quero me envolver nisso por causa de todos aqueles emails de ódio e aquelas porcarias' que não preciso disso na minha vida", reiterou o ator na entrevista.

De acordo com o site "People", Coltrane disse que não se curvaria a um movimento que "estaria causando danos ao tentar corroer a "mulher" como classe política e biológica e oferecer cobertura ao que chamou de "predadores".

Em setembro daquele mesmo ano, J.K. foi mais um vez acusada de transfobia ao lançar o livro "Troubled Blood" (Sangue Perturbado, em tradução livre), protagonizado por um serial killer cisgênero —que se identifica com o sexo biológico com o qual nasceu— que usa roupas femininas para matar mulheres.

Uma crítica veiculada no jornal The Telegraph sobre a obra desencadearia então mais uma série de manifestações de repúdio ao mote escolhido pela escritora.

"O cerne do livro é a investigação de um caso arquivado: o desaparecimento da GP Margot Bamborough em 1974, que se acredita ter sido vítima de Dennis Creed, um serial killer travesti. Alguém se pergunta o que os críticos da postura de Rowling sobre questões trans farão de um livro cuja moral parece ser: nunca confie em um homem em um vestido", assinalou o jornalista Jake Kerridge, autor do texto intitulado "J.K. Rowling falha em atacar novamente".

Diferentemente de Coltraine, Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint e Eddie Redmayne, seus colegas que atuaram em filmes da famosa saga "Harry Potter", condenaram a postura de J.K..

De forma ainda mais incisiva, defensores e celebridades LGBTQIA+, dentre as quais a presidente e CEO da GLAAD Awards, Sarah Kate Ellis, classificaram as publicações da autora britânica de "carta desinformada e perigosa sobre pessoas transgênero" que "voa na cara de especialistas médicos e psicológicos e desvaloriza as próprias contas de pessoas trans".