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Seu Jorge sofre ataques racistas durante show em clube de Porto Alegre

Seu Jorge ouviu plateia imitar show de macaco em volta ao palco, segundo relatos - Reprodução/Instagram
Seu Jorge ouviu plateia imitar show de macaco em volta ao palco, segundo relatos Imagem: Reprodução/Instagram

De Splash, em São Paulo

16/10/2022 21h53

O cantor Seu Jorge, de 52 anos, sofreu ataques racistas durante um show no Grêmio Náutico União, em Porto Alegre, na noite da última sexta-feira (14), em virtude de discurso contra a redução da maioridade penal e defesa de jovens negros de comunidades pobres. A informação foi dada pelo O Globo e confirmada por Splash.

O caso se tornou público por meio de denúncias postadas nas redes sociais por pessoas que estiveram presentes no evento. Um dos depoimentos feitos no Twitter diz que era possível ouvir gritos de "vagabundo" e "safado" contra Seu Jorge. Outras publicações relatam que tinham pessoas imitando macacos quando o artista retornou ao palco para finalizar a sua apresentação.

Antes do encerramento do show, Seu Jorge convidou um jovem negro para tocar cavaco no palco. O que teria causado o ataque racista, segundo as denúncias divugadas nas redes sociais, foi o discurso do artista contra a redução da maioridade penal e os assassinatos de outros jovens negros de comunidades pobres.

Splash entrou em contato com a equipe de Seu Jorge para entender detalhes do ocorrido e colher depoimento. Eles, no entanto, informaram que o cantor "não iria se manifestar sobre o ocorrido".

Por nota, Paulo José Kolberg Bing, presidente do Grêmio Náutico União, informou a Splash que a associação repudia "qualquer ato de discriminação". Uma investigação interna foi aberta para apurar o caso.

"O Grêmio Náutico União está apurando internamente os fatos ocorridos em evento realizado no dia 14 de outubro, durante apresentação do cantor Seu Jorge. Se for comprovada a prática de ato racista, os envolvidos serão responsabilizados. Afirmamos que o União, seguindo seu Estatuto e compromisso com associados e sociedade, repudia qualquer tipo de discriminação", diz o comunicado.

Ressaltamos que Seu Jorge foi o artista escolhido para realizar show com a presença de associados e não-associados do Clube, considerando sua representatividade na cultura nacional e pelo reconhecimento internacional, e destacamos nosso respeito ao profissional e ao seu trabalho.
Paulo José Kolberg Bing

O show de Seu Jorge foi contratado pelo Grêmio Náutico União para celebrar a reinauguração do Salão União, localizado na sede Alto Petrópolis, em Porto Alegre.

Seu Jorge se apresentou em reinauguração de salão na Grêmio Náutico União - Divulgação - Divulgação
Seu Jorge se apresentou em reinauguração de salão na Grêmio Náutico União
Imagem: Divulgação

O que diz a Polícia Civil?

A Polícia Civil disse, por meio de nota, que está investigando o caso e pediu imagens de segurança da casa onde o show foi realizado. Leia abaixo:

Por meio da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI), do Departamento Estadual de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV), está investigando o, em tese, crime de racismo cometido contra o cantor Seu Jorge, durante show realizado no último dia 14 de outubro, em Porto Alegre. Um vídeo em que parte da plateia aparece chamando o cantor de macaco já está sendo analisado pela equipe de investigações da DPCI. Ainda hoje serão solicitadas imagens das câmeras de segurança do Clube e testemunhas deverão ser ouvidas ao longo da semana. No caso em tela, a vítima direta seria o cantor Seu Jorge, todavia no crime de racismo repousaria a ofensa a toda uma coletividade indeterminada. Esse crime, previsto no artigo 20 da Lei 7716/89, independe de representação da vítima.

O que diz a lei

Segundo o artigo 140, parágrafo 3º, do Código Penal, quem comete o crime de injúria racial terá de cumprir de um a três anos de reclusão e efetuar pagamento de multa, além de responder por violência."A raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência raça ou cor com a intenção de ofender a honra da vítima", diz o texto do Código Penal.