Paulo Miklos condena racismo no RS: 'Eu me solidarizo com Seu Jorge'
O convidado desta semana no "OtaLab" foi o multitalentoso Paulo Miklos. No bate-papo com Otaviano Costa, o cantor, compositor e ator de 63 anos falou da paixão que o move em seus vários projetos simultâneos na música e nas artes dramáticas.
Ícone do rock nacional com os Titãs, banda em que esteve de 1982 a 2016, Miklos guarda boas recordações da vida na estrada. Especialmente das viagens pelo país. "A gente tocou pelo Brasil inteiro", disse o artista. "Tenho o privilégio de conhecer nosso país por dentro e por fora."
Nós estivemos em praticamente todos os lugares. É uma dádiva conhecer um país continental como o nosso.
Até mesmo por isso, Miklos não gostou nem um pouco das ofensas racistas que Seu Jorge sofreu no fim de semana em Porto Alegre. Para ele, esse comportamento não representa o povo do estado que ele conheceu. "Infelizmente estamos vivendo este momento, mas a gente sabe que o que aconteceu agora com o Seu Jorge no Rio Grande do Sul é um fato isolado", disse. Nem por isso, menos digno de repúdio:
A gente deve repreender mesmo, chamar a atenção e se solidarizar com o Seu Jorge e com toda a comunidade negra. É isso: não basta ser racista, a gente tem que ser antirracista!
'Fazer sucesso em rede social não é garantia de público'
Em quatro décadas de carreira musical, Paulo Miklos acompanhou toda a transformação da indústria musical, das mudanças de formato físico para o digital e até a forma de fazer sucesso.
Na entrevista para o "OtaLab", Miklos refletiu sobre essas reviravoltas no mundo da música a partir de uma pergunta do colunista de UOL Lucas Pasin.
"Qual seria para você o termômetro do sucesso de um cantor ou banda hoje?", perguntou o colunista. Para o ex-titã, hoje existem diversos caminhos diferentes para chegar ao sucesso.
Um deles é o TikTok. "Existem grandes sucessos em bolhas. Minha filha menor, a Rosa, de 12 anos, conhece coisas que descobriu lá", contou.
É muito bacana que as canções tenham entradas diferentes e habitem universos diferentes.
Pessoalmente, Miklos se define como um "cara do rádio". "Essa emoção imensa de ouvir sua música no rádio, e pensar que todo mundo está ouvindo aquela música ao mesmo tempo, é uma sensação maravilhosa", disse. "Mas estamos na era do streaming, cada um ouve na hora que quiser."
Tem vários caminhos para vários tipos de sucessos diferentes. E nem sempre um artista que faz sucesso numa rede social vai encher um teatro, nem ter garantia de público.
'Identifico meus fãs quando eles atravessam a rua - de medo'
Depois de se consagrar como músico nos Titãs e numa carreira solo que soma quatro discos - o mais recente deles, "Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém", foi lançado este ano - Paulo Miklos brilhou também no cinema.
Em 2002, ele estreou nas telas como o sinistro matador de aluguel Anísio no filme "O Invasor", de Beto Brant. "Você tem uma característica visual muito forte. E você explora bem esse seu aspecto físico. Já te falaram isso?", perguntou Ota.
"Já me falaram", reconheceu Miklos. E brincou:
Inclusive, identifico os meus fãs quando eles atravessam a rua - de medo. Antigamente, se eu estava andando e o sujeito trocava de calçada, eu já sabia: bom, esse aí é meu fã.
O ator, porém, nunca se preocupa em ficar "amarrado" a um só tipo de papel - e, para isso, ele conta com a passagem do tempo:
É muito interessante, porque a gente ganha novos personagens. Eu deixei de ser o 'invasor', passei a ser o pai de família e estou pronto para ser avô nas telas.
OtaLab
O "OtaLab", o programa de internet que parece TV, vai ao ar toda terça-feira, às 11h, e pode ser acompanhado pelos canais do Splash no YouTube, Twitter e Facebook. Você pode assistir a toda a programação do Canal UOL aqui.
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