'Violência que não cabe mais no Brasil', diz Seu Jorge após racismo em show
Alvo de ataques racistas durante um show realizado no Grêmio Náutico União, em Porto Alegre, no último final de semana, o cantor Seu Jorge, de 52 anos, concedeu entrevista ao "Fantástico" (TV Globo) para relatar como está emocionalmente após o episódio.
No trecho divulgado pela emissora, o artista lembrou os momentos de tensão no show e bradou que não existe mais justificativa para se praticar o racismo em 2022.
Estamos tratando de uma violência que não cabe mais no Brasil. A justificativa para o racismo não existe. Assim, como o racismo não deveria existir.
Seu Jorge
O cantor ainda declarou que a mensagem levada ao público não foi respeitada. A futilidade, a roupa que eu estava vestindo, o que é importante é a mensagem que eu estou dizendo.
A Polícia Civil está investigando o caso para tomar as devidas medidas. Por meio da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI), do Departamento Estadual de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV), os policiais tentam entender o que aconteceu no show do artista.
Até o momento, os investigadores da DPCI analisam o vídeo em que parte da plateia aparece chamando o cantor de macaco. Ainda hoje, serão solicitadas imagens de câmeras de segurança do Grêmio Náutico União.
A entrevista completa da cantora ao "Fantástico" vai ao ar no domingo (23), a partir das 20h30 (de Brasília), na TV Globo.
Entenda o caso
O cantor Seu Jorge, de 52 anos, sofreu ataques racistas durante um show no clube Grêmio Náutico União, em Porto Alegre, na noite da última sexta-feira (14). O caso se tornou público por meio de denúncias postadas nas redes sociais por pessoas que estiveram presentes no evento.
Um dos depoimentos feitos no Twitter diz que era possível ouvir gritos de "vagabundo" e "safado" contra Seu Jorge. Outras publicações relatam que tinham pessoas imitando macacos quando o artista retornou ao palco para finalizar a sua apresentação.
Ontem à noite, Seu Jorge fez show em jantar de reinauguração de um dos espaços do Grêmio Náutico União, em Porto Alegre. Segue o relato de mais um caso isolado do Mississipi brasileiro: pic.twitter.com/T8ddtMDXQn
-- Viaro (@Prof_Viaro) October 15, 2022
Antes do encerramento do show, Seu Jorge convidou um jovem negro para tocar cavaco no palco. O que teria causado o ataque racista, segundo as denúncias divugadas nas redes sociais, foi o discurso do artista contra a redução da maioridade penal e os assassinatos de outros jovens negros de comunidades pobres.
[Racismo] Seu Jorge fez show na sexta (14) em um clube de classe média branca de Porto Alegre e bastou falar contra a redução da maioridade penal e das mortes violentas de jovens negros pra ser vaiado, chamado de vagabundo, com uivos imitando macacos e o grito de "mito, mito". pic.twitter.com/I9GSyZBU4g
-- ALDO ALMEIDA 13 (@BlogAldoAlmeida) October 16, 2022
Splash entrou em contato com a equipe de Seu Jorge para entender detalhes do ocorrido e colher depoimento. Eles, no entanto, informaram que o cantor "não iria se manifestar sobre o ocorrido".
Por nota, Paulo José Kolberg Bing, presidente do Grêmio Náutico União, informou a Splash que a associação repudia "qualquer ato de discriminação". Uma investigação interna foi aberta para apurar o caso.
"O Grêmio Náutico União está apurando internamente os fatos ocorridos em evento realizado no dia 14 de outubro, durante apresentação do cantor Seu Jorge. Se for comprovada a prática de ato racista, os envolvidos serão responsabilizados. Afirmamos que o União, seguindo seu Estatuto e compromisso com associados e sociedade, repudia qualquer tipo de discriminação", diz o comunicado.
Ressaltamos que Seu Jorge foi o artista escolhido para realizar show com a presença de associados e não-associados do Clube, considerando sua representatividade na cultura nacional e pelo reconhecimento internacional, e destacamos nosso respeito ao profissional e ao seu trabalho.
Paulo José Kolberg Bing
O show de Seu Jorge foi contratado pelo Grêmio Náutico União para celebrar a reinauguração do Salão União, localizado na sede Alto Petrópolis, em Porto Alegre.
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