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Maurício Meirelles: 'Nem Lula, nem Bolsonaro, podem me chamar de covarde'

Maurício Meirelles está em cartaz em São Paulo com "Meus Achismos" - Gabriela Cais Burdmann/UOL
Maurício Meirelles está em cartaz em São Paulo com "Meus Achismos" Imagem: Gabriela Cais Burdmann/UOL

De Splash, no Rio

21/10/2022 04h00

A pouco mais de uma semana para o segundo turno das eleições deste ano, diversos famosos têm apoiado publicamente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou Jair Bolsonaro (PL). O humorista Maurício Meirelles, no entanto, prefere seguir a contramão e não revelar em quem vai votar.

Em bate-papo com Splash sobre a peça "Meus Achismos", que está em cartaz em São Paulo, Maurício diz que o país chegou a um cenário político polarizado e que ele não gosta.

"O meu posicionamento ele é muito simples: eu sou um cara que estou do lado da comédia. Eu sempre vou bater naquilo que acho errado. Sempre vou fazer piada com aquilo que eu acho errado", diz.

"Não acho interessante nem Bolsonaro, nem Lula para o país. Podem me chamar de covarde, mas é muito mais corajoso bater nos dois do que escolher um lado para abraçar. Eu prefiro bater nos dois", completa.

Apesar disso, Maurício reitera que vai votar em um dos dois candidatos à presidência no próximo dia 30, mas não pretende revelar o nome dele por não querer estar associado a nenhum dos dois.

"Eu não vou anular meu voto, deixo claro isso, eu vou votar em um dos dois, mas não quero falar em quem eu voto porque eu não quero que isso seja endosso para alguém que eu não gosto e acredito. As pessoas estão confundindo muito o votar com o endossar. Tem uma diferença", pensa.

"Eu vou votar, vou fazer minha parte, mas como eu não acredito em nenhum dos dois, como eu não gosto de nenhum dos dois, eu não posso usar isso como se fosse uma propaganda política para alguém. Eu não quero fazer propaganda política e tenho o meu direito de chegar na urna e escolher quem eu quero. Até porque o voto é secreto. E é o meu direito de votar".

Para Maurício, quem pressiona para declarar voto é autoritário e vai contra a democracia.

"Cada pessoa tem um contexto, uma vivência, experiência e história. Tem gente que ao se posicionar, pode atrapalhar outra pessoa. Tem gente que está doente e não quer ter um milhão de seguidores jogando pedra nela, tem gente que está vivendo um drama familiar ou curando um câncer... Você não sabe da vida das pessoas", argumenta.

"Às vezes, as pessoas nem estão declarando voto para a sociedade, mas sim para turma dela. Não quero fazer parte disso. Não gosto", completa.

Análise das eleições

Ao analisar o resultado do primeiro turno, Maurício pensa que o "estrago já está feito porque a gente já está dividido" independente de quem vencer o segundo turno.

"A gente já viu no Facebook quem odeia a gente. A gente já viu no Twitter quem não respeita a gente. A gente já viu no WhatsApp quem não dialoga com a gente. A gente tem que voltar um pouquinho para trás e lembrar da essência das pessoas. A gente já está dividido, o estrago já está feito", pensa.

"Como é que uma nação vai conseguir prosperar, você sempre vai ter um lado impedindo o outro lado de andar. Ganhou o Bolsonaro, a esquerda vai atrapalhar. Ganhou o Lula, a direita vai atrapalhar. Existe uma oposição saudável e não é a que a gente está sendo. Eu acredito em oposição, mas já não está mais na linha de oposição. A gente já não está mais sendo adversário, a gente está sendo rival", finaliza.