Letícia Colin teve dificuldade para fazer vilã conservadora: 'É patética'
"Todas as Flores" traz um desafio para a Leticia Colin. Depois de viver mocinhas na TV, como a Maria Leopoldina de "Nos Tempos do Imperador" (2021), ela dá vida a uma vilã "patética", como descreveu a atriz em entrevista coletiva para divulgar a trama do Globoplay.
Na história, Vanessa tem leucemia e, com a ajuda da mãe, usa Maíra (Sophie Charlotte), irmã renegada ao nascer por ser cega, para ser sua doadora de medula. Vanessa pretende se casar por interesse com Rafael (Humberto Carrão), herdeiro da perfumaria Rhodes & Co. Tailleur, mas ele e Maíra se envolvem, deixando a vilã revoltada.
Estou amando fazer vilã. Primeiro, tive muita dificuldade e resistência em dizer as atrocidades que a Vanessa fala. Ela é o contrário de tudo o que acredito no mundo, de tudo o que desejo para mim e meu filho. Eu sou progressista, ela é mais conservadora. Ela é muito egoísta, eu sou a favor de uma coisa mais democrática.
"Tem alguns textos que são difíceis de você dizer para um ator que você ama e tem carinho, mas o nosso trabalho é não ser a gente. É representar na tela essas pessoas que também existem, para que a gente possa olhar criticamente e ver o que não dá certo, o que não leva a lugar nenhum e também se divertir", completou.
Vanessa faz de tudo para se dar bem na trama, mas a atriz adianta que nem sempre seus planos acontecem como ela deseja.
"O papel da vilã também é o lugar de canalizar o que as pessoas têm de mais escondido na alma, aquela coisa que você pensa e não fala a ninguém... É quase um papel terapêutico. É um personagem que eu tento trazer uma leveza, um bom humor, mas é patética porque ela não se dá bem. Isso é uma coisa boa do nosso autor. Os planos dela dão muito errado. É gostoso de vê-la errando, as coisas não dando certo, ela com raiva", afirmou.
Letícia considera ser mais difícil na hora de gravar: reproduzir as atitudes preconceituosas e capacitistas da vilã que odeia a irmã. Apesar disso, ela acredita que as atitudes da personagem podem servir de lição para o público.
"A parte mais difícil desse trabalho é ela ser tão capacitista. A Vanessa é uma personagem que fala muitos absurdos. Isso vai servir para gente tirar isso (palavras capacitistas) do nosso vocabulário. Vai ficar bem nítido que quem diz isso é uma vilã, que essa não é a maneira correta de se posicionar com uma pessoa PCD, não se deve fazer ter preconceito. A gente tem muito a aprender e eu aprendo demais com as pessoas que estão trabalhando com a gente. Tem sido enriquecedor", continuou.
Parceria com Sophie Charlotte
No papo com a imprensa, Sophie Charlotte e Letícia Colin trocaram elogios e comentaram como as duas personagens interagem na trama.
"A Letícia ser a minha irmã foi um presentão. Eu a admiro muito e acho que a gente precisa de muito afeto, confiança e parceria para se colocar em situações como essas duas personagens estão fazendo o tempo todo", disse Sophie.
"A Maíra, quando conhece a Vanessa, conhece uma irmã que não sabia que existia, e precisa projetar nessa pessoa todo esse imaginário do que deve significar ter um irmão. Ela chega nessa relação com o coração aberto e insiste bastante para manter essa relação idealizada e desejada. A história vai se revelando e a gente vai se enredando numa teia cada vez mais complicada. O destino também faz parte dessa história de um jeito muito grego, que se dá quando a Maíra se apaixona sem saber pelo noivo da irmã, o Rafael. Essa relação vai ser o combustível para a Vanessa fazer o que faz", completou ela.
Letícia também comentou a parceria em cena com Sophie, que interpreta uma florista cega.
"Eu fico muito emocionada de ver a Sophie falando e eu me lembro do primeiro dia que eu vi a Maíra dela nascer. Acho que todas nós temos grandes tarefas nessa novela. Mas especialmente a personagem da Sophie", elogiou a atriz.
"A Maíra trabalha muito com o sentimento, com a essência, não é à toa que ela trabalha com isso. Já a Vanessa é imediatista, momentânea. A Vanessa sente inveja, isso também é uma mola propulsora para as ações dela. Ela também tem um encantamento por essa irmã - porque essa irmã é algo que ela jamais vai ser", finalizou Letícia.
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