Paulo Miklos: 'Identifico meus fãs quando eles atravessam a rua - com medo'
Depois de se consagrar como músico nos Titãs e numa carreira solo que soma quatro discos - o mais recente deles, "Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém", foi lançado este ano - o cantor, compositor e ator Paulo Miklos brilhou também no cinema. No "OtaLab" desta semana, ele conversou com Otaviano Costa sobre sua relação com os fãs de sua carreira no audiovisual.
Em 2002, ele estreou nas telas como o sinistro matador de aluguel Anísio no filme "O Invasor", de Beto Brant. "Você tem uma característica visual muito forte. E você explora bem esse seu aspecto físico. Já te falaram isso?", perguntou Ota. "Já me falaram", reconheceu Miklos. E brincou:
Inclusive, identifico os meus fãs quando eles atravessam a rua - de medo. Antigamente, se eu estava andando e o sujeito trocava de calçada, eu já sabia: bom, esse aí é meu fã.
O ator, porém, nunca se preocupa em ficar "amarrado" a um só tipo de papel - e, para isso, ele conta com a passagem do tempo:
É muito interessante, porque a gente ganha novos personagens. Eu deixei de ser o 'invasor', passei a ser o pai de família e estou pronto para ser avô nas telas.
'Fazer sucesso em rede social não é garantia de público'
Em quatro décadas de carreira musical, Paulo Miklos acompanhou toda a transformação da indústria musical, das mudanças de formato físico para o digital e até a forma de fazer sucesso. Na entrevista para o "OtaLab", ele refletiu sobre essas reviravoltas no mundo da música a partir de uma pergunta do colunista de UOL Lucas Pasin.
"Qual seria para você o termômetro do sucesso de um cantor ou banda hoje?", perguntou o colunista. Para o ex-titã, hoje existem diversos caminhos diferentes para chegar ao sucesso. Um deles é o TikTok. "Existem grandes sucessos em bolhas. Minha filha menor, a Rosa, de 12 anos, conhece coisas que descobriu lá", contou.
É muito bacana que as canções tenham entradas diferentes e habitem universos diferentes.
Pessoalmente, Miklos se define como um "cara do rádio". "Essa emoção imensa de ouvir sua música no rádio, e pensar que todo mundo está ouvindo aquela música ao mesmo tempo, é uma sensação maravilhosa", disse. "Mas estamos na era do streaming, cada um ouve na hora que quiser."
Tem vários caminhos para vários tipos de sucessos diferentes. E nem sempre um artista que faz sucesso numa rede social vai encher um teatro, nem ter garantia de público.
Solidariedade a Seu Jorge
No bate-papo com Otaviano Costa, Paulo Miklos falou da paixão que o move em seus vários projetos simultâneos na música e nas artes dramáticas. Ícone do rock nacional com os Titãs, banda em que esteve de 1982 a 2016, Miklos guarda boas recordações da vida na estrada. Especialmente das viagens pelo país. "A gente tocou pelo Brasil inteiro", disse o artista. "Tenho o privilégio de conhecer nosso país por dentro e por fora."
Nós estivemos em praticamente todos os lugares. É uma dádiva conhecer um país continental como o nosso.
Até mesmo por isso, Miklos não gostou nem um pouco das ofensas racistas que Seu Jorge sofreu no fim de semana em Porto Alegre. Para ele, esse comportamento não representa o povo do estado que ele conheceu. "Infelizmente estamos vivendo este momento, mas a gente sabe que o que aconteceu agora com o Seu Jorge no Rio Grande do Sul é um fato isolado", disse. Nem por isso, menos digno de repúdio:
A gente deve repreender mesmo, chamar a atenção e se solidarizar com o Seu Jorge e com toda a comunidade negra. É isso: não basta não ser racista, a gente tem que ser antirracista!
OtaLab
O "OtaLab", o programa de internet que parece TV, vai ao ar toda terça-feira, às 11h, e pode ser acompanhado pelos canais do Splash no YouTube, Twitter e Facebook. Você pode assistir a toda a programação do Canal UOL aqui.
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