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Adidas anuncia fim da parceria com Kanye West após comentários antissemitas

A marca Adidas rompeu a parceria com o rapper Kanye West  - Reprodução
A marca Adidas rompeu a parceria com o rapper Kanye West Imagem: Reprodução

Colaboração para Splash, no Rio de Janeiro

25/10/2022 09h08

A Adidas decidiu encerrar a parceria com Kanye West, de 45 anos, conhecido também pelo nome de Ye, após os comentários ofensivos e antissemitas do rapper.

De acordo com um comunicado divulgado hoje, após um estudo aprofundado, a empresa tomou a decisão de terminar imediatamente a colaboração com Kanye.

"A Adidas não tolera antissemitismo ou qualquer outra forma de discurso de ódio. Os comentários e ações recentes de Ye foram inaceitáveis, odiosos e perigosos, e violam os valores da empresa de diversidade e inclusão, respeito mútuo e justiça", disse a empresa de produtos esportivos em comunicado.

Com a decisão, a Adidas interrompe imediatamente a produção de sua linha de produtos e os pagamentos ao rapper e suas empresas. Após a quebra de contrato, Kanye deixou de ser bilionário segundo informações da Forbes.

A empresa alemã enfrentou pressão para encerrar a colaboração com o rapper, com famosos e consumidores pedindo nas redes sociais o fim do contrato.

A marca de equipamentos esportivos foi a parceria mais importante da carreira profissional de Kanye no segmento de roupas e calçados, que foi anunciada em 2014, pouco tempo depois de anunciar o fim da colaboração com a Nike.

Diante da colaboração com a Adidas, o rapper alcançou o reconhecimento e o status de diretor criativo na indústria da moda. A coleção Yeezy com a Adidas, iniciada em 2016, resultou no lançamento de uma nova categoria na marca de Kanye e virou sucesso em todo o mundo.

Ainda em 2015, primeiro ano oficial da parceria, as vendas da Adidas tiveram aumento em 15% nos Estados Unidos. Em 2020, a estimativa é de que a linha faturou em torno de US$ 1,7 bilhão (R$ 9 bilhões), enquanto o faturamento total da empresa somou mais de US$ 18 bilhões (R$ 95,5 bilhões), segundo a Bloomberg.

A empresa disse que espera um impacto de até US$ 246 milhões (R$ 1,3 bilhão) em seu lucro líquido este ano com a mudança.

A colaboração de sucesso, prevista para durar até 2026, já sofria um desgaste quando Kanye afirmou que a Adidas estava usando indevidamente seus designs.

A marca esportiva não é a primeira a cortar laços com o rapper. A agência de talentos CCA o demitiu e o estúdio MRC anunciou ontem que decidiu arquivar um documentário sobre o cantor. Na semana passada, a grife Balenciaga e a marca varejista Gap também informaram o fim do contrato entre eles.

Polêmicas

Nos últimos meses, Kanye protagonizou e coleciona diversas polêmicas. Após usar uma camisa com a estampa "White Lives Matter" (Vidas Brancas Importam) em desfile, fazendo referência ao movimento "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam), o ato foi criticado pela editora colaboradora da Vogue, Gabriella Karefa-Johnson. Como resposta, o rapper insultou a profissional e foi acusado de misoginia.

Outro que criticou a postura irônica ao movimento antirracista foi o rapper Diddy. Ao rebater o músico, Kanye foi acusado de antissemitismo envolvendo o povo judaico. No Twitter, o ex-marido de Kim Kardashian compartilhou prints de conversas com Diddy. Em uma delas, ele afirmou que o artista era "controlado por judeus" e atacou a população judaica.

"Eu estou um pouco sonolento hoje, mas quando eu acordar, eu vou [death con 3] no povo judaico. O engraçado é que, na verdade, eu não posso ser antissemita porque as pessoas pretas também são judias. Vocês brincaram comigo e tentaram boicotar qualquer um que tenha se oposto à sua agenda", afirmou.

Quando escreveu "death con 3", a imprensa internacional declarou que a intenção de Kanye era uma referência ao termo militar "defcon". A expressão significa um sistema de escala de ameaças do Pentágono dos Estados Unidos, ou seja, seria uma espécie de ameaça contra o povo judaico.

Kanye se pronunciou e se retratou sobre a expressão escrita por ele. "Eu vou dizer que sinto muito pelas pessoas que eu machuquei com a confusão de 'death con'. Eu sinto que eu causei dor e confusão. E eu sinto muito pelas famílias das pessoas que não tinham nada a ver com o trauma que eu passei, e que eu usei a minha plataforma, em que você diz que pessoas feridas machucam outras pessoas, e eu me machuquei", argumentou ele.

Após as polêmicas, as suas contas no Twitter e Instagram foram bloqueadas e ele banido das redes sociais. Em outra polêmica, divulgada pelo TMZ, o rapper teria dito que "ama Hitler e o nazismo". Kanye também sugeriu que a escravidão era uma escolha e chamou a vacina da covid-19 de "marca da besta".

O rapper também provocou revolta ao dizer que George Floyd não morreu asfixiado. Durante participação no podcast Drink Champs anteontem, Kanye afirmou que a morte foi causada por fentanil (medicamento de uso controlado e normalmente utilizado para a anestesia), encontrado em pequena quantidade no organismo de Floyd, que morreu em 2020, vítima da violência policial dos EUA.

A família de Floyd decidiu por abrir um processo contra o rapper. Os advogados da família do homem morto pela polícia estadunidense o acusam de assédio, apropriação indébita, difamação e inflição de sofrimento emocional. Eles pedem US$ 250 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão na cotação atual) em danos causados.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferente do informado anteriormente, estima-se que a linha de Kanye West tenha faturado em torno de US$ 1,7 bilhão e o faturamento total da Adidas tenha sido de US$ 18 bilhões, e não milhões, como informado anteriormente.