'Grande mulher': colegas do jornalismo lamentam morte de Susana Naspolini
Famosos e colegas de trabalho, com as jornalistas Ana Paula Araújo, Fátima Bernardes, Cecília Flesch, Thiago Rocha, Pedro Neville, foram Às redes sociais, na noite de hoje, para lamentar a morte da repórter Susana Naspolini.
A jornalista morreu hoje, aos 49 anos, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, após mais de uma semana de internação. Ela lutava há dois anos contra um câncer na bacia, que já havia feito metástase, e estava em tratamento contra a doença.
A informação foi confirmada pela filha Julia, de 16 anos, no perfil de Susana Naspolini no Instagram. "Oi, amigos, Julia aqui. É com o coração doendo que venho contar pra vocês que a mamãe não está mais com a gente. Ela lutou muito, nossa guerreira! Agradeço muito pelas orações, muito mesmo, muito obrigada, mas infelizmente não deu", escreveu a jovem no perfil da mãe.
Confira as homenagens feitas por colegas de trabalho famosos nas redes sociais:
Fátima Bernardes, apresentadora
"Julia, querida, sinta-se abraçada. Sua mãe foi uma grande mulher. Estamos todos mais tristes hoje".
Márcio Gomes, jornalista
"Que exemplo, que coragem, que força. E você, Júlia, tem tudo isso. Acredite! E também tem a nós, prontos pra te apoiar sempre".
Ana Paula Araújo, jornalista
"Julinha tão querida? Sua mãe mora pra sempre no coração de tantos de nós? Fique em paz".
André Trigueiro, jornalista
"Missão cumprida! Lindamente cumprida!".
Luis Lobianco, ator
"Paz e luz".
Pedro Figueiredo, jornalista
"Júlia, um abraço muito apertado. Sua mãe sempre estará em nossos corações. Muita força!".
Beth Goulart, atriz
"Oh minha querida, meus sentimentos. Ela foi uma guerreira, um exemplo de fé, resiliência e amor. Só ensinou coisas boas com sua luz, muita força para você e toda sua família. Que Deus a ilumine cada vez mais receba nosso amor e carinho. Conte conosco".
Leilane Neubarth, jornalista
"Júlia querida, sua mãe estará sempre com você. Susana é um exemplo de força e alegria pra todos nós".
Mariana Queiroz, jornalista
"Muita força, Júlia! Sinta todo o carinho de milhares pessoas que amavam a sua mãe!".
Cecília Flesch, jornalista
"Um grande abraço carinhoso pra vc, Júlia. E sua mãe não perdeu a luta. Ela venceu, deixou recados, uma história. Ela, agora, apenas descansou depois de uma missão cumprida, tenha certeza. Fiquem com Deus. Sua mãe será uma linda estrela muito brilhante nesse céu".
Pedro Neville, jornalista
"Julia, mãe não morre. Fica pequenininha e a gente guarda dentro do coração. Sua mãe foi gigante e mesmo assim vai caber no seu perfeitamente. Pra sempre".
Thiago Rocha, jornalista
"Que notícia triste. Vá em paz guerreira Susana. Meus sentimentos Júlia e família".
Paulo Mario, jornalista
"Julia, receba meu abraço. Sua mãe deixa uma história linda pra você se orgulhar demais. Força pra você. Conte comigo! Um beijo".
Vanessa Giácomo, atriz
"Que triste noticia!".
Início no jornalismo
Susana Naspolini nasceu no dia 20 de dezembro de 1972, em Criciúma, Santa Catarina. Em 1991, aos 18 anos, enfrentou o câncer pela primeira vez. Na época, cursava jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina e havia acabado de começar um curso de teatro no Tablado, no Rio de Janeiro, para seguir o sonho de trabalhar como atriz.
No entanto, precisou interromper os estudos após descobrir um linfoma. Fez 12 sessões de quimioterapia em São Paulo e perdeu os cabelos durante o tratamento.
Aos 19 anos, Susana foi contratada pelo SBT em Florianópolis e trabalhou na emissora até se formar. Depois, foi para a RBS, afiliada da Globo no Sul do país, onde atuou por dois anos como editora-chefe e apresentadora do telejornal local.
Teve também uma breve passagem pela TV Vanguarda, afiliada da TV Globo em São José dos Campos, interior de São Paulo.
Sucesso na Globo com o RJ Móvel
Em 2001, conheceu o marido, Maurício Torres. Ele, que trabalhava no Esporte da Globo no Rio, indicou Susana para uma vaga de repórter temporária na GloboNews em 2002.
Após dois anos na função de repórter, foi para o Canal Futura. Passou ainda pela produção da Editoria Rio da TV Globo e pela equipe de reportagem dos telejornais "Bom Dia Rio" e "RJTV". Em 2008, em sistema de rodízio com outros repórteres, começou a apresentar o "RJ Móvel", parte do "RJ1", o quadro que mudaria sua carreira. A partir de 2013, ela se tornou a principal apresentadora do quadro.
Na atração, moradores da capital fluminense denunciavam à emissora problemas como obras paradas, praças abandonadas ou ruas esburacadas. Era aí que Susana entrava em ação, convocando uma autoridade, do Executivo municipal ou estadual, para prestar esclarecimentos ao vivo e dar um prazo para a resolução da questão. A data era marcada pela repórter em um grande calendário. No dia designado, Susana voltava ao local para cobrar a solução prometida.
Tudo isso era feito com muito bom humor pela jornalista, que buscava sentir as mazelas da população na pele. Para tanto, escalava muros e árvores, entrava em buracos, andava de bicicleta em pistas acidentadas e brincava em brinquedos mal conservados.
Era comum vê-la usando fantasias e adereços para ilustrar o problema. Certa vez, se fantasiou de jacaré para cobrar a reforma de uma ponte no Recreio dos Bandeirantes. Em outra ocasião, fez uma "dança da chuva" para protestar contra falta de água em Nova Iguaçu. Para comemorar a recuperação de uma praça em Bangu, simulou uma cerimônia do Oscar, usou vestido longo, andou de skate e desceu no escorregador.
Os moradores me contam os dramas e criamos juntos as situações. É minha obrigação saber o que dá ou não para fazer ao vivo. Se não conseguem andar de bicicleta, eu preciso mostrar isso. Se o morador coloca saco plástico no pé para passar pelo esgoto, vou botar também. Susana Naspolini ao UOL, em 2019
"Não estou criando nem aumentando. O repórter é um ser humano como qualquer outro, que está ali cumprindo a obrigação de mostrar um problema. Essa é a minha luta", disse, em entrevista ao UOL em 2019.
A resposta da população era de carinho: Susana costumava fazer entradas ao vivo tomando café, comendo churrasco e às vezes até ganhando presentes dos personagens de suas matérias.
O jeito descontraído levou a jornalista para as arquibancadas da Sapucaí no carnaval, cobrindo a reação popular aos desfiles. Em 2017, passou a apresentar também o "Globo Comunidade", transmitido no domingo de manhã, que exibia matérias produzidas por editorias locais do Rio de Janeiro.
Lutas contra o câncer
Depois de enfrentar o câncer pela primeira vez em 1991, Susana voltou a lutar contra a doença dezenove anos depois, em 2010, aos 37. Ela descobriu um micronódulo no seio, um câncer de mama, e após a radioterapia, fez mastectomia total no seio direito. Durante o tratamento, descobriu também um tumor na tireoide.
Em 2016, voltou a enfrentar o câncer de mama e passou cerca de seis meses longe da televisão. No final do ano, voltou a comandar o "RJ Móvel" com direito a festa com flores e bolo nas ruas de Campo Grande, zona oeste do Rio, além de homenagens de colegas e telespectadores.
Em 2020, Susana foi diagnosticada com câncer na bacia. A jornalista buscava manter os seguidores atualizados sobre o tratamento, sempre com um sorriso largo, e afirmou que era confortada pela respostas das pessoas que a acompanhavam.
"Acho que a vida ganha mais sentido quando a gente compartilha das histórias felizes às mais difíceis. Quando descobri o diagnóstico e fui para o Instagram contar, recebi tanto carinho que me deu uma injeção de ânimo. Isso faz muita diferença no meu estado de espírito. As histórias vão te estimulando a melhorar", contou, em entrevista a Universa, em abril deste ano.
Em julho de 2022, a doença se espalhou para a medula óssea, exigindo uma quimioterapia mais forte, venosa. No mês seguinte, ela publicou um vídeo em que raspava os cabelos com a ajuda da filha.
Em setembro, Susana passou oito dias internada para tratar uma infecção e imunidade baixa. Ela comemorou a alta com uma publicação ao lado dos profissionais de saúde nas redes sociais.
Em outubro, Julia, filha da jornalista, informou que a metástase se espalhou por vários outros órgãos, comprometendo o fígado e deixando a jornalista em estado gravíssimo.
Globo lamenta morte da repórter
A Rede Globo soltou um comunicado lamentando a morte da profissional, percorrendo a trajetória dela no jornalismo e os feitos na emissora. Leia abaixo um trecho:
"Meu trabalho como repórter é onde eu sou feliz. Sou uma repórter otimista, sempre acho que vai dar jeito, que as coisas vão melhorar. Acredito nas boas intenções das pessoas. Sou incansável. Acredito que o bem sempre prevalece".
A declaração de Susana Naspolini em entrevista ao Memória Globo reflete a personalidade da jornalista que, apesar da sua longa luta contra o câncer, nunca perdeu o bom-humor, a fé e o otimismo para seguir em frente.
A repórter do povo que sempre escolheu ser feliz nos deixa hoje e leva sua alegria contagiante com ela.
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