Cássia Kis faz discurso homofóbico em live: 'Homem com homem não dá filho'
Apoiadora do presidente da República e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), a atriz Cássia Kis, de 64 anos, fez um discurso homofóbico sobre as relações homoafetivas sob alegação de defesa por estarem "destruindo a família".
Durante uma live realizada com a jornalista Leda Nagle, a atriz, que dá vida a Cidália na novela "Travessia" (TV Globo), contou sobre sua crença no catolicismo e afirmou que o mundo está levando ameaças para as famílias brasileiras.
Você sofre amando Deus. Qual é o meu propósito como católica? Amar a Deus sobre todas as coisas. Hoje, eu tenho um filho dentro da minha casa dentre os meus quatro, o Joaquim. Ele trabalha no centro Dom Bosco, que é uma escola com objetivo de construir homens de verdade... É o caminho certo, não tenho dúvida nenhuma. Diante de tantas ameaças sobre a família. A vontade que o mundo está de destruir a família.
Cássia Kis
Na sequência da live, a artista disse que as "famílias tradicionais" estão ameaçadas pela existência da "ideologia de gênero". Sem apresentar provas, ela relatou que escolas possuem um "beijódromo" para as crianças se relacionarem.
Não existe mais o homem e a mulher, mas a mulher com mulher e homem com homem, essa ideologia de gênero que já está nas escolas. Eu recebo as imagens inacreditáveis de crianças de 6, 7 anos se beijando. Duas meninas dentro de uma escola se beijando, onde há um espaço chamado beijódromo.
Cássia Kis
"O que está por trás disso? Destruir a família. Destruir a vida humana? Porque onde eu saiba homem com homem não dá filho, mulher com mulher também não dá filho. Como a gente vai fazer?", questionou.
Ao que tudo indica, a atriz está se referindo a uma fake news que mostra duas meninas supostamente se beijando na Paraíba. A informação foi checada pela Agência Lupa e não é verdadeira.
Segundo a checagem, a imagem registra uma gincana pedagógica que consistia em mostrar a afetividade nas convivências sociais.
Após participarem de uma roda de conversa sobre a importância de não machucar os colegas com beliscões, puxões de cabelo e mordidas, os alunos retiravam um pirulito de um cartaz e entregavam a outro estudante com alguma demonstração de afeto.
No encerramento do tema "fé e Deus", Cássia Kis questionou como será a formação da família brasileira num futuro próximo, citando que apenas a mulher tem a capacidade biológica de reprodução.
"Se você tem um casal gay é uma coisa quando eles querem adotar uma criança, mas e quando não tiver mais [o desejo]? Afinal de contas, isso ainda é gerado dentro do útero de uma mulher. Aí, você precisa de um óvulo e espermatozoide, sim.", pontuou.
Ainda na transmissão ao vivo, ela também destacou que a "pandemia foi maravilhosa" por ter a ajudado a se descobrir uma pessoa conservadora.
"Eu estou com a vida cheia de Deus muito recente. Essa pandemia foi maravilhosa pra mim, ela me trouxe a verdade. Primeiro, eu conheci o Brasil Paralelo e fiquei assustada porque eram de direita e não que eu fosse de esquerda, porque eu já tinha me divorciado da esquerda lá atrás, em 2014. Ouvi falar do Olavo de Carvalho e saí fora do negócio", contou.
Depois, uma coisa vai levando a outra, eu comecei a ouvir um padre de Cuiabá e nem sei te dizer o que aconteceu comigo, mas eu estava dentro de casa com dois filhos só trabalhando muito, cozinhando e arrumando minha casa gigante. 2 horas da manhã eu tava limpando cozinha e lavando louça, mas sempre ouvindo alguma coisa e quase sempre o padre... Então, uma coisa sendo amarrada na outra. Eu voltei pro Brasil Paralelo e quando eu vi estava descobrindo a direita, eu tava descobrindo que era conversadora e a verdade. É tudo junto.
Cássia Kis
"Bolsonaro tinha que levar uma surra"
A defesa à reeleição de Jair Bolsonaro acontece dois anos após a artista dizer que o Presidente da República deveria "levar uma surra de cinto da mãe" por conta de suas atitudes durante a pandemia.
Em entrevista à revista Veja, em 2020, Kis declarou que estava muito triste durante o período de isolamento social causado pelo coronavírus. Segundo ela, o comportamento do Presidente da República era de um "homem infantil que não amadureceu".
Choro todos os dias e às vezes tenho a sensação de que estou testemunhando o fim do mundo, porque não dá para viver em paz sabendo que tem gente sem ter o que comer, sem acesso à saúde... Os absurdos que ele diz são coisas de criança, de homem mimado. O Bolsonaro tinha que levar uma surra de cinto da mãe dele.
Cássia Kis
Sem papas na língua, ela pontuou que Bolsonaro tinha uma atitude negacionista contra a saúde pública por ir contra as orientações do ministro da saúde da época, Henrique Mandetta.
Quando eu via o Mandetta falando, até pensava: 'O Brasil vai sair bem dessa história'. Tinha um comando ali, ele sabia o que fazia. Lidava com a ciência. Aí vem o Bolsonaro, filhinho da mamãe, birrento, querendo mostrar que ele é que manda. É inacreditável.
Cássia Kis
"Fui petista"
O racha de Cássia Kis com o ex-presidente Lula e seus aliados na política nacional foi externado, oficialmente, em 2015 — um ano após a reeleição de Dilma Rousseff como presidente da república.
Durante a premiação Troféu Mulher Observadora, da revista digital Observatório Feminino, a artista relatou que chegou a ficar deprimida em virtude da política.
"Nós estamos vivendo um pesadelo. O triste é que não é um pesadelo. É uma realidade que começou há dez anos. O país foi destruído. Há cinco anos o Brasil está descendo ladeira. Só desce, não sobe mais. Eu leio dois jornais por dia e me sinto muito corajosa por isso. Meu marido me manda parar e eu digo que não consigo. Parece que não vai parar de aparecer 'm'. Com um 'M' bem grande. Vai dando desespero ver tanto absurdo", desabafou ela, no relato trazido pelo site EGO.
A artista não escondeu que sofreu com uma grande desilusão com a política e afirmou que o PT (Partido dos Trabalhadores) era doente.
Eu fui petista. Eu fui a jantares com Lula, e o vi se apresentar pra meia dúzia de gatos pingados. O PT não era isso. É agora um partido doente, bandido. Nós temos que reagir. Nós não vamos virar uma Venezuela.
Cássia Kis
Ela, no entanto, não declarou quem seria o novo político ou partido que passaria a ter o seu apoio. No ano seguinte, ela foi às ruas de Copacabana, no Rio de Janeiro, ao lado de Marcio Garcia, Susana Vieira e Marcelo Serrado durante protesto contra a presidente Dilma Rousseff.
Último trabalho na TV
A atriz Cássia Kis está de volta às telas com a novela "Travessia", que assumiu o lugar de "Pantanal", na TV Globo.
Em seu último trabalho na televisão, a atriz interpreta a vilã Cidália. No papel, ela é uma executiva ardilosa que trabalha há anos na empresa de Guerra (Humberto Martins) e tentará chegar ao poder por meio de intrigas
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