Gospelnejo de Bolsonaro: a dupla de gêmeos por trás de 'Capitão do Povo'
Jingles provocativos para engajar os eleitores tomaram conta da eleição presidencial deste ano, marcado pela polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Um exemplo é a música "Capitão do Povo", composta pela dupla Mateus e Cristiano, que se tornou oficial da campanha do atual presidente.
Os irmãos gêmeos Lucas e Mateus Vieira Gomes são de Taquarituba, em São Paulo, e têm 40 anos de idade. 26 deles são destinados a uma carreira musical marcada por altos e baixos.
Os dois cresceram apaixonados por sertanejo dos anos 90 e incentivados a cantar pela família. Após gravar os primeiros trabalhos, eles cantaram em leilões rurais do interior de São Paulo.
Mas o primeiro destaque veio no ano de 2006 quando os gêmeos participaram do quadro "Pistolão", do "Domingão do Faustão" (TV Globo). Jornais da época chegaram a chamá-los de "gêmeos do Faustão".
Eles participaram do concurso dominical como João Lucas e Mateus, mas foram processados e perderam esse nome porque ele já estava registrado no mercado. Tiveram de fazer uma enquete no próprio programa global para escolher um novo nome: Mateus e Cristiano.
Dois anos depois, em 2008, a canção "Se é para falar de amor" entrou na trilha sonora da novela "A Favorita", da Globo. Outro hit da dupla foi "Me Pegou no Flagra", com a participação de Fernando & Sorocaba, mas as letras românticas não permaneceram no auge por muito tempo.
As composições da dupla fugiam do que o sertanejo imprimiu nas duas primeiras décadas do século XXI: músicas de curtição ou de traição.
Em um momento de baixa na carreira sertaneja, arriscaram-se em uma música religiosa. E deu certo. A faixa "Maria passa na frente" se tornou sucesso nas vozes de Padre Marcelo Rossi e Gusttavo Lima em 2020.
Contagiados pelo hit religioso, dois anos depois, eles foram chamados para escrever um jingle para a campanha de Bolsonaro. O single "Capitão do Povo", com ares de sertanejo e música gospel, foi lançado em maio durante uma live do próprio Bolsonaro.
Durante a live, ao lado dos músicos e de Bolsonaro, estavam o empresário Luciano Hang e o ex-ministro Walter Braga Netto, vice na chapa do candidato do PL. O refrão da música traz Bolsonaro como a salvação do povo brasileiro, além de citar o slogan da campanha dele: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".
Antes de gravar o jingle de Bolsonaro, a dupla captou R$ 1,9 milhão por meio de duas captações da Lei Rouanet, incentivo à cultura criticado por Bolsonaro e apoiadores. Em 2017, ainda no governo de Michel Temer, foi autorizado o incentivo de R$ 1,7 milhão para a gravação de um DVD, segundo o site Metrópoles.
Em 2020, os irmãos buscaram o incentivo gravar um novo DVD ao vivo. Desta vez, o valor inicial aprovado pela Secretaria da Cultura, na gestão de Bolsonaro, foi de R$ 199 mil. No início deste ano, houve um aumento de R$ 25,2 mil no valor.
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