Topo

Comentarista da Jovem Pan segura o choro ao vivo com vitória de Lula

Zoé Martinez quase chorou ao falar sobre a vitória de Lula - Reprodução/Jovem Pan News
Zoé Martinez quase chorou ao falar sobre a vitória de Lula Imagem: Reprodução/Jovem Pan News

De Splash, em São Paulo

31/10/2022 12h24

Zoé Martinez, comentarista da Jovem Pan News, segurou o choro na manhã de hoje ao comentar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial.

A cubana retornou hoje de um afastamento de dez dias da emissora após discordar das decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

"Eu achei que hoje seria um dia para eu comemorar a minha volta e comemorar também a vitória [de Bolsonaro]", disse Zoé, que ficou com a voz embargada e avisou que não iria chorar. "Mas infelizmente a gente não conseguiu dessa vez. Faz parte do jogo democrático".

O comentarista Felipeh Campos consolou a colega: "Mas acho que você fez lindamente a sua parte [...] Você teve que se retirar, e, mesmo assim, se manteve. Você merece uma salva de palmas. Parabéns, querida", disse.

Na sequência, foi exibido um trecho do discurso de Lula, onde ele afirmou que não existiam "dois Brasis". Zoé discordou: "Lula, infelizmente existem dois Brasis. De um lado, existe o Brasil que o seu governo deixou. Do outro lado, tem o Brasil que o Bolsonaro ajudou a reconstruir".

De um lado tem o povo que apoia a legalização das drogas, do aborto, a censura a veículos de comunicação. E do outro lado, a gente tem a outra metade do povo brasileiro, que faz parte do outro Brasil, que defende a democracia, os valores judaico-cristãos e a família. Zoé Martinez

"Estamos de luto, tem que viver esse luto, é saudável. Mas a gente precisa transformar o luto em luta. A gente perdeu uma batalha, mas outra está chegando e a gente precisa ficar firme".

Na noite de ontem, o jornalista José Maria Trindade também lamentou a vitória de Lula durante a cobertura da emissora.

A reclamação foi feita mesmo antes do anúncio do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) confirmar o fim da apuração, mas o então candidato do PT tinha acabado de conseguir passar Jair Bolsonaro (PL) na disputa pela presidência do Brasil, quando o petista tinha 50,68%, contra 49,32%.

"Infelizmente, não gostaria de estar dando esta notícia, mas é quase impossível a virada [de Bolsonaro passar Lula]", disse.

Racismo com Neguinho da Beija-Flor

Em junho, Zoé fez um comentário racista no programa "Morning Show" ao se referir a Neguinho da Beija-Flor. Ela disse que o sambista é "negro que na escuridão a gente só vê a gengiva".

Os convidados debatiam sobre racismo estrutural quando falavam sobre o termo também considerado racista usado por Nelson Piquet para se referir a Lewis Hamilton — em vídeo de entrevista ao jornalista Ricardo Oliveira, em novembro de 2021, o ex-piloto chama Hamilton de "neguinho".

Questionada se o episódio envolvendo Piquet e Hamilton seria reflexo do racismo estrutural da sociedade brasileira, Zoe questionou:

"Então o Neguinho da Beija-Flor também é, né, racista? E olha que ele é negro, negro, que na escuridão a gente só vê a gengiva. E ele tem muito orgulho de ser negro, da cor da pele dele, tanto é que o nome dele é Luiz Antônio, alguma coisa assim, e ele é conhecido como o Neguinho da Beija-Flor porque ele tem orgulho da sua raça. Qual é o problema?", disse.

"Eu assisti ao vídeo e não vi nada de mais. Ele não falou 'neguinho' para atacar, para diminuir. Claro que não, foi uma conversa informal. Quantos 'neguinhos' gostam de ser chamados de 'neguinhos', com carinho? Qual é o problema disso? Quem vê racismo nesse tipo de fala, da forma que o Piquet colocou, é porque o racismo está nele", completou.

Racismo estrutural é o termo usado para reforçar que existem sociedades estruturadas com base na discriminação que privilegia algumas raças em detrimento das outras. No Brasil, nos outros países americanos e nos europeus, essa distinção favorece os brancos e desfavorece negros e indígenas.

Com a Lei Caó 7.716, de 1989, o racismo se tornou crime inafiançável e imprescritível com pena de reclusão de até cinco anos.