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'Deus me humilhando agora', diz Kanye West após perda de contratos

Kanye West - Kanye West
Kanye West Imagem: Kanye West

Colaboração para Splash, no Rio de Janeiro

01/11/2022 08h41

Uma semana após Kanye West, de 45 anos, perder a parceria mais importante dos seus negócios, Adidas anunciou o fim da colaboração de oito anos, o rapper se manifestou sobre os seus comentários ofensivos e antissemitas, que levaram o fim do contrato com a marca esportiva e com outras empresas.

Em um vídeo compartilhado pela WmgLab Records no YouTube no sábado passado (29), o cantor se direciona para um grupo de pessoas, aparentemente paparazzi e alguns fãs, do lado de fora de um prédio.

"Acho que a Adidas sentiu que, porque todo mundo estava se juntando sobre mim, eles tinham o direito de apenas pegar meus designs", declarou o rapper. "Sinto que isso é Deus me humilhando agora", acrescentou.

Ainda no discurso, Kanye continuou falando da humilhação que, segundo ele, foi levantada após afirmar várias vezes ser o "homem negro mais rico".

"Porque há duas coisas que estão acontecendo. Muitas vezes, quando eu dizia 'sou o homem negro mais rico', seria uma defesa que eu usaria para uma conversa sobre saúde mental. ?O que está acontecendo agora é que estou sendo humilhado", afirmou.

Ele também comentou sobre a sua afirmação de que a morte de George Floyd foi causada por fentanil (medicamento de uso controlado e normalmente utilizado para a anestesia). Segundo o rapper, a substância foi encontrada em pequena quantidade no organismo de Floyd, que morreu em 2020, vítima da violência policial dos EUA.

"Quando a ideia do Black Lives Matter surgiu, nos uniu como povo", disse ele. "Então, eu disse isso e questionei a morte de George Floyd, machucou meu povo. Isso machucou o povo negro. Então, quero me desculpar por machucá-los, porque agora Deus me mostrou pelo que a Adidas está fazendo e pelo que a mídia está fazendo, sei como é ter um joelho no meu pescoço agora. Então eu agradeço a você, Deus por me humilhar e me deixar saber como realmente me senti. Por que como um homem negro mais rico poderia ser humilhado além de não ser um bilionário na frente de todos por causa de um comentário?", completou o músico.

Além disso, o rapper falou da reação causada após ele usar um chapéu escrito MAGA (sigla em inglês de Make America Great Again; em tradução livre - Faça a América grande de novo). Kanye disse que foi diagnosticado com um distúrbio mental de forma errada, mas se recusa a tomar medicação.

"Em um momento como esse, se eu estivesse tomando medicação agora, uma pílula poderia ter sido trocada eu teria sido um Michael Jackson ou Prince novamente", disse Kanye.

No discurso, ele também se comparou a Emmett Till, adolescente brutalmente linchado em 1955 aos 14 anos, e disse já ter se sentido algumas vezes como Malcom X e Martin Luther King Jr.

Questionado se ele estava preocupado por ter arruinado o seu legado e carreira, ele foi direto: "Só não estou preocupado. Ponto final. Deus está vivo", declarou.

No fim de semana passado, manifestantes antissemitas fizeram protestos contra Kanye em Los Angeles, na Califórnia, e Jacksonville, na Flórida, nos EUA. Mesmo com os atos, o cantor não se desculpou, apenas afirma que não tem associação com discurso de ódio.

"Não tenho associação com nenhum grupo de ódio. Se algum ódio acontecer a qualquer judeu, não está associado [ele gesticula para si mesmo] porque estou exigindo que todos andem no amor", disse o rapper.

Polêmicas

Nos últimos meses, Kanye protagonizou e coleciona diversas polêmicas. Após usar uma camisa com a estampa "White Lives Matter" (Vidas Brancas Importam) em desfile, fazendo referência ao movimento "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam), o ato foi criticado pela editora colaboradora da Vogue, Gabriella Karefa-Johnson. Como resposta, o rapper insultou a profissional e foi acusado de misoginia.

Outro que criticou a postura irônica ao movimento antirracista foi o rapper Diddy. Ao rebater o músico, Kanye foi acusado de antissemitismo envolvendo o povo judaico. No Twitter, o ex-marido de Kim Kardashian compartilhou prints de conversas com Diddy. Em uma delas, ele afirmou que o artista era "controlado por judeus" e atacou a população judaica.

"Eu estou um pouco sonolento hoje, mas quando eu acordar, eu vou [death con 3] no povo judaico. O engraçado é que, na verdade, eu não posso ser antissemita porque as pessoas pretas também são judias. Vocês brincaram comigo e tentaram boicotar qualquer um que tenha se oposto à sua agenda", afirmou.

Quando escreveu "death con 3", a imprensa internacional declarou que a intenção de Kanye era uma referência ao termo militar "defcon". A expressão significa um sistema de escala de ameaças do Pentágono dos Estados Unidos, ou seja, seria uma espécie de ameaça contra o povo judaico.

Kanye se pronunciou e se retratou sobre a expressão escrita por ele. "Eu vou dizer que sinto muito pelas pessoas que eu machuquei com a confusão de 'death con'. Eu sinto que eu causei dor e confusão. E eu sinto muito pelas famílias das pessoas que não tinham nada a ver com o trauma que eu passei, e que eu usei a minha plataforma, em que você diz que pessoas feridas machucam outras pessoas, e eu me machuquei", argumentou ele.

Após as polêmicas, as suas contas no Twitter e Instagram foram bloqueadas e ele banido das redes sociais. Em outra polêmica, divulgada pelo TMZ, o rapper teria dito que "ama Hitler e o nazismo". Kanye também sugeriu que a escravidão era uma escolha e chamou a vacina da covid-19 de "marca da besta".

O rapper também provocou revolta ao dizer que George Floyd não morreu asfixiado. Durante participação no podcast Drink Champs anteontem, Kanye afirmou que a morte foi causada por fentanil (medicamento de uso controlado e normalmente utilizado para a anestesia), encontrado em pequena quantidade no organismo de Floyd, que morreu em 2020, vítima da violência policial dos EUA.

A família de Floyd decidiu por abrir um processo contra o rapper. Os advogados da família do homem morto pela polícia estadunidense o acusam de assédio, apropriação indébita, difamação e inflição de sofrimento emocional. Eles pedem US$ 250 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão na cotação atual) em danos causados.