Topo

Vocalista do Interpol tem cunhada brasileira e 'defendeu' show com racista

A banda norte-americana Interpol é atração do Primavera Sound - Reprodução/Instagram
A banda norte-americana Interpol é atração do Primavera Sound Imagem: Reprodução/Instagram

De Splash, no Rio

01/11/2022 04h00

Depois de três anos, a banda de indie rock Interpol está de volta ao Brasil. O trio nova-iorquino se apresenta na primeira edição do Primavera Sound, em São Paulo, no próximo sábado (5). A etapa brasileira da turnê "The Other Side of Make-Believe" ainda passa pelo Rio de Janeiro e Curitiba (PR), nos dias 4 e 8 de novembro, respectivamente.

A conexão da banda, que completa 20 anos de carreira este ano, com o Brasil é antiga. E não só por eles fazerem shows em nosso país há pelo menos 15 anos.

O vocalista, guitarrista e compositor Paul Banks tem uma relação familiar com o Brasil. O irmão dele é casado com uma mulher carioca chamada Carla.

Outra curiosidade que liga a banda ao Brasil é, na verdade, uma situação engraçada. Em 2021, quando a Interpol já estava anunciada para o Primavera Sound, o perfil da Polícia Federal brasileira no Twitter marcou a banda americana em vez da organização de mesmo nome, em um tweet sobre o resultado de uma investigação.

"PF combate organização criminosa que produzia e comercializava imagens eróticas de crianças e adolescentes na internet. As investigações tiveram o apoio da @Interpol e da agência americana de segurança @DHSgov (Homeland Security Investigations)", dizia a publicação que foi deletada na sequência.

A banda Interpol é dona da conta com o username @interpol desde 2007. Já a conta oficial da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) é @INTERPOL_HQ.

Polêmica envolvendo racismo

Em 2019, a banda se envolveu em uma polêmica sobre racismo. Paul Banks teria defendido a turnê que a banda faria em conjunto com o cantor Morrissey. Ele era acusado de racismo após apoiar um partido político anti-Islã de extrema-direita para a Grã-Bretanha e dizer que "todos preferem sua própria raça".

Em uma entrevista a Hot Press, Banks teria defendido a realização dos shows: "Pensamos que seria bom para a nossa banda. É assim que estou enxergando isso. Eu não ligo muito para as outras coisas."

Após a publicação da entrevista, Banks foi as redes esclarecer a situação e dizer que não foi citado corretamente.

"A citação real que dei sobre a próxima turnê de Morrissey foi que pensamos que seria um bom show para nossos fãs, não para nossa banda. Eu abomino racismo, homofobia e qualquer forma de preconceito com base na nacionalidade, raça, etnia, religião, gênero, identificação ou status socioeconômico", disse.

Paixão pelo Brasil

Prestes a vir ao Brasil, Splash conversou com Daniel Kessler sobre a etapa brasileira da turnê do disco "The Other Side of Make-Believe", lançado em julho. O guitarrista revelou que os fãs brasileiros estão entre as melhores plateias do mundo.

"Tenho lembranças muito bonitas de todas às vezes que tocamos no Brasil. Cada vez é uma ocasião muito especial para nós. Estou realmente ansioso. Estou muito feliz por termos três shows desta vez no Brasil, não apenas um. Então é ótimo poder passar uma semana inteira em um país lindo como o Brasil e poder fazer três shows para um dos melhores públicos do mundo", afirma Daniel Kessler.

"(O Brasil) Não é um lugar aonde vamos com muita frequência. Então, voltar agora é uma ocasião muito especial... É onde estão alguns dos melhores e mais bonitos. São pessoas abertas, acolheadoras, energéticas, divertidas e memoráveis", completa.

Além do Primavera Sound, eles estão felizes por tocar no Rio e em Curtiba.

"Nós só tocamos no Rio uma vez antes há quase 15 anos em nosso terceiro álbum. Voltar finalmente é muito empolgante. E é a primeira vez que vamos tocar em Curitiba. Vai ser divertido tocar com os Arctic Monkeys. Nós os conhecemos há algum tempo, tocamos em alguns shows ou festivais com eles. Vai ser muito divertido", garante.

Show no Primavera Sound

Tanto no Primavera Sound como nos shows próprios, eles prometem mesclar sucessos do passado e músicas do projeto mais recente.

"Teremos um pouco de tudo nos shows. Alguns músicas do novo disco, algumas de 'Turn on the Bright Lights' (disco lançado em 2002). Ainda não fizemos o setlist. Nós só fazemos isso perto do show, mas nós gostamos de misturar", adianta.

No papo, Kessler diz que gosta de tocar em festivais, além de explicar as diferenças de tocar neles e fazer shows próprios. "Gosto muito dos dois. Adoro tocar em festivais. Eles são muito divertidos. Há uma mistura de pessoas, gente que conhece você e gente que não te conhece. Tem uma energia diferente e é imprevisível no bom sentido. (Nos nossos shows), estão todos lá para nos ver", pontua.

Disco produzido na pandemia

Kessler ainda fala sobre o disco mais recente, "The Other Side of Make-Believe", e o desafio de produzi-lo durante a pandemia. Antes deles se encontrarem com o produtor Flood em Londres, os três músicos iniciaram os trabalhos de forma remota.

"Não pudemos nos reunir como normalmente fazemos. Eu tive que enviar músicas que escrevia para Paul e Sam e começar a trabalhar separadamente, em diferentes países. Mas foi um bom desafio e nos ajudou durante o lockdown e a quarentena porque tivemos algo para colocar nossa energia. Acredito que o disco ficou muito bem. Estamos orgulhosos dele", diz.

"As letras são esperançosas. Nossa música é muito emocional e expressiva? As letras são mais esperançosas durante um momento difícil no mundo com a pandemia. É um disco mais emocional que sombrio", finaliza.