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Em meio a série de demissões, Jovem Pan News é sonho de uma vida de Tutinha

Tutinha, presidente do Grupo Jovem Pan, em 2019 - Governo do Estado de São Paulo
Tutinha, presidente do Grupo Jovem Pan, em 2019 Imagem: Governo do Estado de São Paulo

De Splash, em São Paulo

02/11/2022 13h39Atualizada em 09/01/2023 19h37

A Jovem Pan News está passando por um notável passaralho (demissão em massa de vários funcionários). Desde segunda-feira, pelo menos sete jornalistas e comentaristas políticos foram demitidos.

Conforme apuração de Ricardo Feltrin, colunista de Splash, a iniciativa das demissões parte de Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, presidente do Grupo Jovem Pan.

Os desligamentos começaram após a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial, no domingo.

Segundo Fefito, colunista de Splash, a Jovem Pan prepara uma guinada editorial e deve moderar o tom crítico aos nomes que comandarão o futuro governo, que deve tomar posse em 1° de janeiro.

Quem é Tutinha?

Natural de São Paulo e nascido em 17 de março de 1956, Tutinha é neto de Paulo Machado de Carvalho e filho de Antônio Augusto Amaral de Carvalho.

O primeiro, além de advogado, foi o fundador da RecordTV, da Rádio Sociedade Record, atual Rádio Record e da Jovem Pam AM e FM. Em 1989, tanto o canal quanto a rádio foram vendidas para o bispo Edir Macedo.

Paulo Machado de Carvalho ainda foi chefe da delegação brasileira nas Copas de 1958 e 1962.

Já Antônio Augusto Amaral de Carvalho, o Tuta, foi diretor da Jovem Pan por quase 40 anos, até passar o cargo para o filho, que assumiu em 2013.

Tutinha começou na rádio Jovem Pan FM em 1976, aos 20 anos, como diretor. Permaneceu no cargo até assumir a presidência.

Seguindo os passos da família, Tutinha sempre teve a meta de levar a rádio para a TV. Em 2006, em uma entrevista para a Playboy, comentou a conquista de emplacar o programa "Pânico", original da rádio, na RedeTV!.

"Aos poucos, estou colocando o pezinho na televisão", disse.

Na entrevista, ele também revelou que aos 14 anos já bebia, fumava, jogava sinuca e transava com as bailarinas da Record TV, na época ainda sob a direção de Tuta. Aos 15, dirigia um programa infantil.

Tutinha era visto como o responsável por lançar artistas internacionais no Brasil — graças a enorme audiência das rádios. Ele também recebia críticas por supostamente cobrar jabás para que os artistas tocassem na rádio — o que ele não negou quando falou com a Playboy.

Recebo 30 artistas novos por dia na rádio. Seleciono dez, vou à gravadora e, para aquela que me dá alguma vantagem, eu dou preferência. Tutinha à Playboy em 2006

O empresário disse à publicação que ganhou 1 milhão de dólares para "lançar" Shakira no Brasil. Ele também se descreveu como um "puta louco que adora falar merda".

Jovem Pan News

O sonho de lançar uma emissora foi realizado em outubro do ano passado. Tutinha comentou a novidade em julho, no LinkedIn.

"Trazer de volta à TV a família Carvalho que um dia foi dona da TV Record é um desejo de muitos anos", escreveu o presidente da JP.

"Tô muito feliz, trabalho como se fosse um adolescente, muita energia, muita gratidão, muita fé em Deus. Meus sonhos só estão começando e eles não têm limite. Quando chegam no topo, novos desafios aparecem e vou com toda força para cima".

Divórcio conturbado

O último casamento de Tutinha, com a joalheira Flávia Eluf, acabou de forma conturbada. A união durou de 2005 a 2015.

Segundo reportagem da revista Veja, de 2016, o presidente da JP acusou — em post no Facebook — a ex de ter roubado 43 quadros e esculturas, além de um relógio da marca Rolex. A publicação diz que o patrimônio era estimado em R$ 5 milhões.

Procurado pela revista, o advogado de Flávia negou a acusação: "Foi uma retaliação do Tutinha por não ter conseguido expulsá-la de casa com as duas filhas", disse.