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Paul McCartney morreu? Bolsonaristas usam cantor em fake news sobre sósia

Paul McCartney tem uma fake news a seu respeito que circula desde 1966: a de que ele teria morrido e sido substituído por um sósia - Scarlet Page/MBC/PA
Paul McCartney tem uma fake news a seu respeito que circula desde 1966: a de que ele teria morrido e sido substituído por um sósia Imagem: Scarlet Page/MBC/PA

Gabriel Dias

Colaboração para Splash

04/11/2022 04h00

Uma nova teoria tem circulado em grupos bolsonaristas nos últimos dias, sugerindo que o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi substituído por um sósia por pessoas que querem tomar o país. A fake news menciona o caso do astro do rock Paul McCartney que teria morrido em 1966 e substituído por um sósia chamado Billy Shears, que se passa por ele até hoje.

Há muitos e muitos anos, antes mesmo da Internet, existe essa teoria de que Paul McCartney já teria nos deixado há algum tempo.

Paul McCartney é um dos nomes mais conhecidos da história do rock e a posição dele como astro se manteve intacta desde que os Beatles se separaram em 1970. No entanto, ao lado da icônica fama do músico, existe uma corrente que acredita que o Paul que continua lotando estádios atualmente não é o verdadeiro.

Acidente trágico

Segundo uma teoria muito conhecida, Paul McCartney, na verdade, morreu no dia 9 de novembro de 1966, depois dele ter sofrido um acidente de carro. A história diz que o músico teria sido decapitado, perdido um olho e a maioria dos dentes. O boato ficou conhecido como "Paul is dead" (Paul está morto, em português).

Na época, repórteres tentaram entrar em contato com os Beatles para obter respostas. A WMCA de Nova York entrevistou Ringo Starr, Derek Taylor, Neil Aspinall, Iain Macmillan (fotográfo), o barbeiro de McCartney e integrantes do grupo Apple Trash.

"Se as pessoas vão acreditar, vão acreditar. Só posso dizer que não é verdade", disse Starr.

Os teóricos acreditam que John Lennon, George Harrison e Ringo Starr se preocuparam como a morte de McCartney poderia impactar o sucesso estrondoso dos Beatles, por isso, decidiram encobrir a morte e substituir o músico por uma pessoa muito parecida com ele, Billy Shears.

A data da tal substituição casa com o momento em que os Beatles pararam de se apresentar ao vivo, o que corroboraria ainda mais a teoria. Shears teria apenas que aparecer como McCartney em fotos e vídeos, sem ter que necessariamente cantar e tocar. Mesmo assim havia um problema: ele seria cerca de 5 centímetros mais alto do que o verdadeiro e falecido artista.

Pistas deixadas pelos Beatles

De acordo com os adeptos da teoria, Lennon, Harrison e Starr começaram a se sentir culpados e começaram a deixar pistas da morte de McCartney nas capas dos discos da banda. Segundo eles, a capa do icônico disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, lançado em 1967, é uma dica quando afirmam que a imagem recheada de figuras não é apenas uma reunião, mas sim, um funeral.

'Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band', Beatles - Divulgação - Divulgação
'Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band', Beatles
Imagem: Divulgação

Os fãs que acreditam na teoria também começaram a buscar pistas nas letras das músicas, se tocadas ao contrário, encontraram coisas como "Paul morreu, ele perdeu sua cabeça", em "Getting Better" e "Eu enterrei Paul" em "All Together Now".

A verdade

Paul McCartney realmente sofreu um acidente na época em que a teoria começou a circular. Ele caiu de moto e quebrou um dente, além de ganhar uma cicatriz na parte superior do lábio. Esse também teria sido o motivo de Paul ter usado um bigode na época de "Sgt. Peppers".

No início, os Beatles se zangaram um pouco com a situação. Mal-humorado, Paul detalhou à Rolling Stone como reagiu ao rumor.

"Disseram: 'Olha, o que você vai fazer sobre isso? É uma coisa grande estourando na América. Você está morto'. E então eu disse: 'deixe que falem'. Será provavelmente a melhor publicidade que já tivemos e eu não vou ter que fazer nada exceto continuar vivo. Então, consegui sobreviver a isso", comentou.

John Lennon ligou para a estação de rádio de Detroit onde tudo começou e desmentiu várias das tais pistas.

Paul Is Live

De forma irônica, em 1993, Paul McCartney lançou um disco ao vivo repleto de provocações a respeito da tal teoria da conspiração, começando pelo título: Paul Is Live, que significa "Paul Está Vivo" e vai diretamente contra a forma como a teoria foi batizada: "Paul Is Dead".