Depressão, lúpus, bipolaridade: Selena Gomez expõe 'segredos mais sombrios'
Selena Gomez está diante dos holofotes midiáticos desde os sete anos quando despontou como uma estrela mirim da TV dos Estados Unidos. A história da atriz e cantora, agora com 30 anos, mostra que fama não é sinônimo de felicidade.
No documentário "Minha Mente & Eu" ("My Mind & Me", em inglês), gravado entre 2016 e 2020, ex-estrela teen conta "os segredos mais sombrios" referentes à saúde física e mental. A produção está disponível na Apple TV+.
"Deixe-me fazer uma promessa. Eu só vou te contar meus segredos mais sombrios. Tenho que parar de viver assim... Tudo o que eu sempre desejei, eu tive tudo, mas isso me matou", diz Selena em fala logo no início do documentário dirigido por Alek Keshishian, conhecido pelo documentário "Na Cama Com Madonna".
Os primeiros minutos do documentário voltam ao ano de 2016, momento em que Selena se preparava para a turnê "Revival". O plano era descolar a imagem de estrela teen para uma artista adulta. Nesse momento, ela já lutava contra o lúpus — diagnosticado um ano antes.
A gravação mostra que a ideia era fazer um documentário sobre a turnê. As imagens de Selena nos bastidores alternavam entre felicidade e apreensão por estrear como uma artista adulta, muitos momentos com os fãs e desabafos com a equipe, provas de looks e ensaios para não decepcionar os demais.
O que seria seu melhor ano musical teve de ser interrompido porque Selena foi internada em um hospital psiquiátrico para tratar "ansiedade, ataques de pânico e depressão". No documentário, vozes enigmáticas trazem os pensamentos atordoados da cabeça da artista.
"Meus pensamentos tomam conta da minha mente muitas vezes. Dói quando penso no meu passado. Eu quero saber como respirar novamente. Eu amo a mim mesmo? Como eu aprendo a respirar minha própria respiração?", desabafa a artista após a produção mostrar o desespero da mãe de Selena.
"Ouvimos sobre seu colapso mental através do TMZ. Eles me ligaram e eu queria saber o que minha filha estava fazendo em um hospital com um colapso nervoso. Eu estava com medo de que ela fosse morrer... É um milagre ela receber alta, mas sempre há o medo de que volte a acontecer e isso machuca muito.", disse a mãe de Selena.
Selena e a bipolaridade
O documentário retorna a 2019 na sequência. Nesses três anos de elipse, a cantora também ficou internada para fazer um transplante de rim em 2017, terminou o relacionamento com Justin Bieber e enfrentou uma segunda internação quando descobriu ter transtorno bipolar.
O diagnóstico médico de bipolaridade fez Selena entender porque sofria com depressão e ansiedade por tanto tempo. Em casa, prestes a ir a uma consulta,é o momento do documentário que ela faz um desabafo.
"Eu descobri que tenho um diagnóstico de transtorno bipolar. Vou ser honesta: eu não queria ir ao hospital, mas eu não queria estar presa em mim mesma, em minha mente. Eu pensei que minha vida tinha acabado. Eu estava tipo: 'é assim que eu vou ser para sempre'", diz.
"Tenho os melhores amigos e familiares, especialmente minha mãe e meu padrasto, Brian, porque eu não deveria ter falado com eles do jeito que eu falei. Eu não deveria tê-los tratado do jeito que tratei às vezes. Eles sabem que não fui eu? Eu apenas digo que 'sinto muito' porque me lembro de certas coisas que faço e é realmente tão malvado", completa.
Nas imagens, Selena resgata memórias. Ela visita a escola onde estudou, uma casa em que viveu e uma velha amiga.
"Tive meu primeiro emprego aos 7, fiquei orgulhosa, pois pude fugir da vida e a ir à terra do (personagem) Barney brincar e cantar. Fiquei apaixonada por essas fugas e nunca mais parei. Quando fiz 11, fui para Los Angeles. Adorava meu emprego. Depois de fazer isso por muito tempo, comecei a me sentir vaidosa e solitária. Quando saí do meu último centro de tratamento, senti que conexões me deixavam feliz", afirma.
Volta por cima
O documentário mostra que o mais difícil parece ter passado. Apesar de não focar no trabalho musical da artista, ele mostra Selena recuperando os bons números da carreira, a apresentação no AMAs (American Music Awards) e detalha o nascimento da música "Lose You To Love Me" ("Perder você para me amar", em tradução literal).
Ela conta que escreveu uma das suas composições favoritas em apenas 45 minutos. A faixa nasceu após a ruptura com o cantor Justin Bieber, com quem ela namorou entre idas e vindas de 2012 a 2018. A relação deles, incluindo o término, foi assunto na mídia e ainda é alvo de especulações — ainda que Bieber já esteja casado com Hailey.
"Escrevemos a música em 45 minutos. A música mais rápida que já escrevi. É mais que apenas uma música de amor perdido. Sou eu aprendendo a escolher a mim mesma e a escolher a vida... Tudo era tão público. Eu só queria não ser assombrada por um relacionamento passado que ninguém queria largar", lamentou.
Selena diz que está bem e foca em construir um debate sobre saúde mental com seus fãs. O documentário enfatiza ações filantrópicas da artista, que arrecada fundos para tratamento psicólogo para crianças em idade escolar. A gravação mostra a viagem dela ao Quênia, na África, para visitar uma escola que ela ajudou a apoiar por meio do projeto We Charity — o qual se envolveu em um escândalo em 2020 e interrompeu alguns objetivos filantrópicos de Selena.
Ainda assim, a produção mostra que a insegurança, assim como as recaídas e o cansaço, segue marcando presença na vida da estrela global. Em 2020, por exemplo, no auge da pandemia da covid-19, ela teve de enfrentar uma nova crise provocada pelo lúpus e o uso de um medicamento intravenoso agressivo.
"Não me sentia assim desde que eu era mais nova. Agora, simplesmente dói durante a manhã quando acordo. Choro imediatamente porque dói. Tenho tido pesadelos terríveis sobre o meu passado. Meu passado e meus erros me levaram a ser depressiva. Trabalho desde criança e a única coisa que quero é ter uma família, ser mãe. Disse para Raquele (melhor amiga) que às vezes tenho vontade de largar tudo para poder ser feliz e normal como as outras pessoas", desabafa.
"Descobri que o relacionamento com o transtorno bipolar e comigo mesma sempre existirá. Farei amizade com ele. Continuarei lutando, mas estou feliz. Estou em paz. Estou brava. Estou triste. Estou segura. Estou cheia de dúvidas. Sou um trabalho em andamento. Sou o bastante. Sou Selena", finaliza ela.
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