Nos últimos quatro ou cinco anos, parecia que toda plateia de show pedia algo em comum. As multidões gritavam em coro um versinho pouco educado e muito sugestivo sobre Jair Bolsonaro (PL), presidente do Brasil. Musicada, a frase dizia algo assim: "Ei, Bolsonaro, vai tomar no..."
O coro era praticamente unânime nas multidões que se aglomeravam cada vez mais na pós-quarentena. Mas parece que algo mudou: o Primavera Sound não ouviu coros mandando o presidente para aquele lugar.
Talvez seja o coração aliviado do público na pós-eleição, mas a verdade é que, após as vitórias de Lula nas urnas, parecia ter pouco a se dizer. Ao contrário de outros festivais de 2022, como Lollapalooza e Rock in Rio, o Primavera não viu bandeiras vermelhas, adesivos com "13" e nem cantoria política da multidão.
A verdade é que o público do Primavera Sound estava tranquilo. A serenidade do público, que parecia curtir muito o momento - sem estresses - era contagiosa. Questão de ser feliz.
Mesmo assim, foi um tanto curioso perceber que, enquanto a noite do sábado (e primeiro dia do Primavera Sound) caminhava para o fim, a plateia não puxou o coro. Para quem vai em shows, festivais ou os assiste pela TV, isso tinha se tornado quase ritualístico: acontecia a todo show, praticamente. Havia uma expectativa para saber se a cantoria vinha ou não.M
Não veio. No lugar, o público relembrou grandes clássicos de shows, como "Mitski, eu te amo!", e gritos ensurdecedores durante o show da cantora. Talvez isso seja prenúncio de paz nos festivais dos próximos quatro anos - mas isto, apenas os próximos anos dirão.
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