Marília Mendonça: histórias do dia em que o país chorou a morte da cantora
"Arlete, o avião com a sua cantora caiu." Foi assim que a diarista Arlete Assunção, de 41 anos, ficou sabendo pela patroa do acidente aéreo que matou Marília Mendonça, aos 26 anos, e mais outras quatro pessoas, há exato um ano, em uma região de cachoeiras em Piedade de Caratinga, Minas Gerais.
"O meu mundo desmoronou. Eu dizia: 'Não é possível. Não'. Eu não acreditava. Meu telefone não parou mais, porque todo mundo que me conhece sabe da minha história", contou a fã. O relato dela se junta a de outros milhões de admiradores da eterna "Rainha da Sofrência", que ainda lamentam a partida de um dos maiores nomes da música brasileira.
A reportagem de Splash reconta o dia em que o Brasil chorou a morte da artista a partir de histórias de fãs, aos quais a cantora naquela manhã havia começado o dia agradecendo por meio de ligações feitas por ela mesma.
"Escolhi alguns aleatoriamente e me diverti. Você quer receber uma ligação? Quero fazer mais três ligações, para agradecer a quem assistiu ao clipe de 'Fã-Clube'", disse a cantora em vídeos publicados nas redes sociais.
Horas antes
Cerca de duas horas antes do avião decolar de Goiânia (GO) com destino a Caratinga, onde a artista teria uma apresentação à noite, Marília postou um vídeo em que aparecia se encaminhando para o bimotor.
Ela estava com uma roupa com quadriculados em branco e preto e carregava um instrumento e uma mala. "Fim de semana de shows em Minas Gerais", dizia a legenda. Bem-humorada, a artista também brincou com a própria dieta ao mostrar pratos típicos da cozinha mineira.
O acidente
As primeiras imagens da queda de um avião bimotor partido ao meio, em uma cachoeira na Serra de Caratinga (MG), começaram a circular por volta das 15h30, nas redes sociais. Os vídeos e transmissões ao vivo feitos por curiosos que estavam no local logo começaram a viralizar na internet.
Até então, não havia a confirmação de que Marília estava a bordo da aeronave. Foi a semelhança do bimotor que ela tinha compartilhado mais cedo, no Instagram, que despertou a dúvida nos fãs e, com isso, a busca por informações oficiais.
Marília estava no avião
No fim da tarde, a assessoria de imprensa da cantora confirmou que ela estava entre os passageiros do avião e informou que todos haviam sido resgatados com vida, estavam bem e encaminhados para um hospital.
A princípio, claro, a notícia tranquilizou os fãs que aguardavam angustiados por uma boa notícia. "Eu falei: Gloria a Deus por isso'. Eu estava cheia de trabalho nesse dia, eu sou doméstica. E o meu telefone não parava de receber mensagens", lembra Arlete, fã da artista, que esperava profundamente que a informação fosse verdadeira.
A morte
Por volta das 17h45, porém, a morte de Marília Mendonça foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. "O CBMMG confirma que a aeronave transportava a cantora Marília Mendonça e que ela está entre as vítimas fatais", dizia o comunicado do órgão.
Ao mesmo tempo, após informar que estava tudo bem, a assessoria também divulgou uma nota oficial confirmando as mortes. Vale lembrar que, três dias depois, a empresa afirmou que havia recebido de "fontes confiáveis" as informações de que a artista estava bem.
"Eu tinha ido pagar uma conta até e estava sossegada, porque até então ela estava bem. Quando eu cheguei na minha casa e vi que era verdade, meu mundo desmoronou. Meu telefone não parou mais, porque todo mundo que me conhece sabe da minha história.
Arlete, fã da cantora
Dhara Carvalho, 26 anos, ensaiava a música "De Quem é a Culpa?" quando soube da fatalidade. "Uma amiga mandou uma mensagem, e falou: 'A Marília morreu', mas ela não falou qual Marília. Quando eu fui perguntar, ela falou que tinha sido a Marília Mendonça. Quando ela falou foi um choque para mim. Eu comecei a me tremer", lembra a fã e cantora, que se divide entre o trabalho na roça e a música.
Saudade
A morte de Marília Mendonça, naquela sexta-feira, 5 de novembro, parou o Brasil. As redes sociais foram inundadas por publicações de fãs, amigos e famosos lamentando a partida de uma das maiores artistas que a música nacional já produziu.
Aquelas pessoas, no entanto, não estavam órfãs apenas da cantora que quebrou recordes, vendeu milhões de discos e virou trilha sonora de um país inteiro, mas também da mulher que cantava a autoestima feminina. Morria ali ainda uma mãe, uma filha, uma irmã.
"É difícil de falar. Até hoje eu não consigo acreditar. Foi como perder alguém da família. Eu não conseguia nem dormir à noite. Eu fiquei a noite toda pensando nela, na família dela, no filho. Foi um dos piores dias da minha vida, assim como dos outros fãs da Marília Mendonça", conta a fã Daiane Silva, 29, estudante de Radiologia.
Um ano depois, apesar de toda a dor que ficou no caminho, Marília e a música dela permanecem fazendo parte da vida de quem foi (e ainda é) atravessado por sua obra e existência. As composições seguem entre as mais ouvidas, a voz dela ainda ecoa nas rádios e o vazio deixado pela partida da cantora ainda não foi preenchido —talvez nunca seja.
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