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OPINIÃO

Por que Marília Mendonça segue viva em 'Todos os Cantos'

Marília Mendonça morreu em acidente aéreo no mês de novembro - Reprodução/Instagram
Marília Mendonça morreu em acidente aéreo no mês de novembro Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

05/11/2022 04h00

"Falando em saudade, de novo eu acordei pensando em você". O trecho da música 'O que falta em você sou eu' reflete o sentimento de milhares de pessoas que conheceram e acompanharam a carreira de Marília Dias Mendonça ou, simplesmente, Marília Mendonça.

Há exatamente um ano, o Brasil vivia uma de suas maiores perdas do ramo artístico. Na tarde do dia 5 de novembro de 2022, partia o maior nome do sertanejo feminino. Marília viveu por apenas 26 anos, mas deixou um legado eterno. O título de rainha da sofrência ficou pequeno para a menina goiana. Ela tornou-se mesmo a rainha do Brasil.

Marília fez o caminho inverso de muitos artistas, começou a destacar-se no Norte do país. E lá mostrou para o que veio. Seu primeiro show, em Itaituba no Pará, surpreendeu o ramo musical, de contratantes a empresários: Marília já era fenômeno.

Em entrevista ao canal do jornalista André Piunti, Toninho Duettos, o Papai, como é conhecido, conta que ela ainda não tinha banda própria e o escritório que a representava, o WorkShow, pensou em cancelar a primeira apresentação, mas surgiu a ideia de aproveitar a banda do também sertanejo Cristiano Araújo para tocar com Marília. E deu muito certo.

"Ela só começava a música e o povo cantava. Até as músicas que a banda não tinha ensaiado, as pessoas cantavam. Quando é o primeiro show do artista, você não faz o CD todo, você coloca umas quatro músicas e o resto é cover. E a galera começou a pedir música do CD. Foi uma loucura. A Marília já começou grande. Tem artista que toca muito no rádio, mas não é bom em bilheteria. E tem artista que quase não toca e é muito bom de bilheteria. Ela ia bem em tudo", disse Toninho.

Feminejo e empoderamento feminino

A música sertaneja sempre teve grandes nomes femininos, como Irmãs Castro, Irmãs Galvão, Roberta Miranda e Paula Fernandes, por exemplo. E Marília chegou para coroar esse lugar que, até então, era liderado por homens. Ela deu vez e voz às mulheres na música sertaneja, quebrando barreiras e alcançando o primeiro lugar em diversas categorias: música mais tocada, disco mais ouvido, clipe mais assistido no YouTube e muito mais.

Marília é dona de um repertório com 335 obras autorais e mais de 400 gravações cadastradas no Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição).

E a prova de que Marília segue sendo a rainha da sofrência, é que mesmo depois do acidente, ela se mantém no top 3 Artistas do Spotify e soma mais de 10 milhões de ouvintes mensais na plataforma.

Gigante, Marília Mendonça não está mais presente fisicamente, mas sua obra, genialidade e talento seguem presentes na música e na vida de quem teve e terá o privilégio de conhecer a rainha do Brasil. O nome de sua última turnê é um símbolo de seu poder e representa bem o momento, ela segue em "Todos os Cantos". Viva, Marília Dias Mendonça.