'Problema' na Globo, Cássia Kis volta a ir em manifestação antidemocrática

Apoiadora do presidente Jair Bolsonaro, a atriz Cassia Kis, de 64 anos, marcou presença no ato antidemocrático de apoiadores do candidato derrotado nas urnas, na tarde de hoje, na praça Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. A atriz de "Travessia" está na mira da direção da TV Globo por falas homofóbicas em live e ações desrespeitosas nos bastidores da novela.

Segundo vídeos que circulam nas redes sociais, a artista foi ao evento realizado no Rio de Janeiro com uma camisa escrita "aborto, não" e carregava uma imagem de Nossa Senhora Aparecida.

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As filmagens mostram que Cássia Kis se reuné ao lado da população e puxa correntes de orações que defendem a intervenção do Exército no sistema político do Brasil em virtude da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas.

Esta não é a primeira vez que Cássia Kis opta em ir a manifestação antidemocrática. No último dia 2 de novembro, Cássia Kis viralizou com diversos vídeos do movimento também realizado no Rio de Janeiro.

Nas imagens, a atriz apareceu sendo aplaudida e ajoelha para rezar com manifestantes que estão bloqueando passagens e contestando o resultado legítimo das eleições presidenciais.

Durante a semana, o colunista Lucas Pasin, de Splash, procurou à TV Globo para comentar a presença da atriz de "Travessia" na manifestação antidemocrática.

"Não comentamos questões de compliance. A Globo tem um Código de Ética, que deve ser seguido por todos os colaboradores e igualmente por todas as áreas da empresa - e em nenhuma delas é tolerada qualquer forma de discriminação. Da mesma forma, tem uma Ouvidoria pronta para receber quaisquer relatos de violação, que são apurados criteriosamente", disse.

Problemas internos de Cássia Kis

Segundo a coluna de Lucas Pasin, de Splash, Cássia Kis se tornou alvo de denúncias na Globo. Um grupo de funcionários da emissora se reuniu para denunciar no Departamento de Compliance o comportamento da atriz não só durante as gravações de "Travessia" (TV Globo), mas também da série "Desalma" (Globoplay).

Os funcionários denunciaram que Cássia grita e destrata colegas, inclusive com comentários preconceituosos. Foram mais de 10 funcionários que realizaram as denúncias.

Ainda segundo apuração do colunista, a Globo vem realizando uma série de reuniões com diretores para definir o futuro de Cássia Kis. Num primeiro momento, além de analisar as denúncias, a emissora aguardava para observar se a atriz apresentaria outros comportamentos que poderiam comprometer o andamento da trama.

De acordo com o colunista Guilherme Ravache, também de Splash, a direção da empresa tem avaliado o caso com atenção, mas dois fatores complicam uma decisão. A primeira é que por uma inacreditável coincidência a autora da novela, Gloria Perez, também é bolsonarista (embora muito menos radical). Então, não dá para a Globo simplesmente mandar que Glória reduza o papel de Cássia até chegar a um ponto em que dê para prescindir da atriz.

A segunda questão é que se cortar Cássia agora, no calor dos acontecimentos, poderia criar uma mártir. Na avaliação de funcionários da Globo, a decisão sobre a permanência ou não da atriz na empresa vai depender das denúncias que chegarem ao compliance da Globo e da gravidade delas.

Ainda vale lembrar que, conforme noticiou Lucas Plash, em Splash, Cássia Kis passou a ser evitada por colegas nos bastidores de "Travessia" antes mesmo das eleições. A atriz convocava, insistentemente - pessoalmente e por meio do grupo de WhatsApp do elenco - que colegas rezassem para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não ganhasse nas urnas.

A atitude dela, segundo relatos, era sempre a mesma: se aproximava de alguém e iniciava o assunto sobre religião e política até que o outro concorde com ela. O discurso, repetido muitas vezes, é o mesmo feito no lançamento de "Travessia", quando, em entrevista para a imprensa, defendeu Jair Bolsonaro (PL) e citou profecia: "Brasil vai derramar sangue".

AGORA: No ar em 'Travessia', a atriz Cássia Kis está nos protestos antidemocráticos que pedem intervenção militar.pic.twitter.com/HxE0vWsqYA

-- Nazaré Amarga (@NazareAmarga) November 2, 2022

Homofobia em live

Além do comportamento nos bastidores, Cássia Kis viralizou por um discurso homofóbico em uma live com a jornalista Leda Nagle. Ela disse, entre outras coisas, sobre as relações envolvendo gays e lésbicas que estão "destruindo a família".

A Globo foi procurada por esta coluna para comentar não só os episódios relatados sobre a atriz nos bastidores de "Travessia", mas também sobre a declaração na live.

Em resposta, a emissora repudio as declarações da artista:

A Globo tem um firme compromisso com a diversidade e a inclusão, e repudia qualquer forma de discriminação.

Cássia Kis também foi procurada, mas não retornou o contato.

Cássia Kis rezando ajoelhada em manifestação golpista
*fundo do poço* pic.twitter.com/QRfS1r9aPe

-- Déia Freitas (@NaoInviabilize) November 2, 2022

Globo tem normas de conduta

A Globo enviou uma série de normas para todos os funcionários da emissora e orientou sobre conduta para as eleições.

Entre as normas, além de não participar de campanhas políticas na TV, rádio, e de não poder subir no palanque de candidatos, a Globo proíbe também que funcionários compareçam ao trabalho com roupas que possam ser vinculadas a campanhas eleitorais (camisa, bottons e adesivos) e não permite que carros com adesivos de candidatos sejam estacionados dentro da empresa.

"Não existe proibição de manifestações políticas pessoais dos talentos artísticos, desde que não vinculadas à Globo, inclusive em eventos presenciais e nas redes sociais. Elas não podem envolver ativos da Globo, como instalações da empresa, cenários e figurinos de personagens, etc", informou um comunicado da Globo enviado a jornalistas sobre as regras envolvendo as eleições.